quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Palhaços Trovadores

Belém, 10 de novembro de 2009

Passei noite agradabilíssima no ensaio aberto da peça O Mão de Vaca, convite carinhoso do Marton Maués, espetáculo que será encenado pelos Palhaços Trovadores em fevereiro de 2010. A peça é adaptação de O Avarento de Moliere, texto antigo com tema sempre atual, a usura e o apego ao dinheiro mostrados de uma forma cômica. O local do ensaio não poderia ser melhor: o anfiteatro da Praça da República em noite tranqüila e serena, ponto da cidade que é tido como impossível por muitos, medo de violência que muda os caminhos.

Palhaços presentes, cada qual com seu banquinho, sacolas e adereços no chão, tem início uma conversa restrita com os integrantes da trupe, todos reunidos nas escadarias do palco a céu aberto, hora de palhaço falar sério e arrumar a casa.

Terminado o papo começa um processo de transformação, cada qual em metamorfose para incorporar seu personagem. E quanto mais se vestem de palhaços, mais curiosos chegam ao local, todo o tipo de gente formando público heterogêneo, público ideal para o teatro. Ao nosso lado se instala uma família, pai e mãe namorando, os filhos ao redor rindo das peraltices do atores. Do outro lado um grupo de estudantes, meninos ainda, todos calados e respeitosos. Há ainda um morador de rua que ri bastante de tudo, atento. E por todos os cantos muitos curiosos, passantes que arranjam um tempo para ver a arte que se faz.

No meio do ensaio, diretor e atores se deparam com dúvida sobre como encenar determinado diálogo. Dúvida surgida, solução fácil na manga – os palhaços se dirigem ao público e perguntam: “O que vocês acham? Como vocês acham que devemos fazer?”. Surpresos, pegos da supetão, poucos ousam uma resposta. Mas basta uma opinião para que todos comecem a dar seu palpites, teatro em praça pública, teatro para o povo (nesta hora pensei: quantos aqui já devem ter ido ao teatro? Poucos, certamente. E hoje estão aqui, público que também é diretor, ator, palhaço).

No final, gostei muito do que vi! Os Trovadores mostrando atitude, teatro feito sem a hipocrisia de ser somente elite, teatro que sempre é bom e de todos. E fico feliz por perceber que, apesar de sempre inovar, os palhaços continuam fazendo o que sempre fizeram – bom teatro e bom riso!

Notas práticas - No sábado, 07 de novembro, os Palhaços Trovadores comemoraram 11 anos de atividade com uma bonita festa. Neste 2009 eles ganharam uma sede própria que precisa ser reformada. E em 2010 serão tema da Escola de Samba Bole-Bole, o enredo Palhaços Trovadores: A Poesia do Riso na Passarela do Samba. Haverá uma ala reservada para os amigos, a Ala do Patarrão (em homenagem ao espetáculo "A Morte do Patarrão"), e desde já todos estão convidados.

E os ensaios continuam abertos, todas as terças e quintas, sempre perto das 20 horas no anfiteatro da Praça da República. Os Palhaços, como sempre, de braços abertos!

3 comentários:

Luana Castro disse...

Eles são demais. Super engraçados e esforçados. Bons atores e ótimos palhaços...alguns mais expressivos do que outros, é verdade! Mas todos humildes em querer saber a opinião dos presentes na plateia!

O diretor, como qualquer outro que gosta e sabe o que está fazendo, atento ao menor "erro" e mandando voltar a cena, sempre quando queria experimentar algo novo.

Foi uma ótima experiência. Gostei de verdade! Obrigada! rs.

Tanto disse...

Na verdade, acho que não se trata de mais expressividade de uns ou outros. Acontece que cada um dos que está assistindo se identifica mais com um palhaço, passando a preferi-lo. Por exemplo, os que eu mais gostei certamente não são os que outros mais gostaram. Acho que todos são, sim, muito expressivos, só rolando muito esse papo de empatia!

No mais, foi bom ter ido em fase bem inicial da preparação toda, ensaios ainda embrionários, textos sendo decorados, alguns erros, mas ver o espetáculo nascer.

Anônimo disse...

É como o Diretor Marton nos falou, quando os caras estiverem com o texto 'redodinho', na ponta da língua, vai ficar 100% pq eles são naturalmente divertidos e talentosos e as ' sacadas' do texto serão melhor interpretadas.

Foi a primeira vez que eu ví um ensaio de um grupo teatral e achei otimo. Tem que amar a arte, vamos combinar. Eu além de não ter talento penso que não teria essa capacidade de ensaiar tanto a mesma coisa. Mas ver, é comigo mesmo rs

Alguns ficam irrenconhecíveis descaracterizados, e nem é tanto pela roupa, nariz,etc.. nem estavam pintados. Uns entram tão no clima que a fisionomia muda radicalmente kkkkk ( sonhou com a que te encarava? ) kkkk

Algumas fotos ficaram bem legais, depois vou tratar e te passar.

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