terça-feira, 26 de outubro de 2010

Na minha rua

A minha rua é daquelas antigas, onde passa o fruteiro gritando as frutas da estação e o peixeiro oferecendo sempre os mesmos peixes - pescada e gó. A minha rua também tem seu louco, uma senhora coitada que todo dia se posta sob a mangueira e briga solitária com muros e portões (eu a chamo de Dona Quixote - ela vê moinhos e enxerga gigantes). E hoje chegou quem faltava, o bêbado. Ele veio como quem não quer nada, cantando músicas carregadas de dor e amargura, fez um verdadeiro espetáculo de afinação, passou e foi embora.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Nasceu Júlio

Hoje nasceu Júlio, meu sobrinho, filho do meu irmão Rodrigo e da Érika. Nasceu no Hospital Saúde da Mulher e está muito bem. Maria pôde subir e ver o priminho. Já o Carlos foi barrado na portaria por conta da idade (o que é muito correto, creio). Ambos esperam, ansiosos, que o primo chegue logo em casa para poder vê-lo melhor e começar a série de mil brincadeiras que pretendem (e o pequeno Júlio nem imagina). E assim que tiver foto faço nova postagem.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um poema após Auschwitz

Escrever um poema após Auschwitz é um ato bárbaro, e isso corrói até mesmo o conhecimento de porque se tornou impossível escrever poemas” 
Theodor W. Adorno.

O Orfanato

Guilherme del Toro ganhou respeito internacional como produtor cinematográfico após a produção de O Labirinto do Fauno. Ontem tive mais uma prova dessa capacidade produtiva ao assistir O Orfanato (El Orfanato, Espanha , 2007, suspense). O Filme é o típico a me agradar: uma história crível que em momento algum deixa de ser interessante, com personagens que poderiam ser tão reais quando eu ou você. Mesmo quando parte para o susto descarado, a parte de suspense que mais creio ser de terror, o filme não te engana com fantasmas super produzidos ou milhares de efeitos especiais. Muito pelo contrário, o medo que se sente é daquilo que não se vê, daquilo que sabemos estar lá mas nunca temos certeza. A mãe está louca? O filho realmente via espíritos? Aquilo tudo está realmente acontecendo ou é apenas invenção da cabeça desesperada da mãe?
O filme conta a história de Laura (Belén Rueda), que assume o orfanato do título, onde passou parte da sua infância. Ela planeja, ao lado do marido e do filho adotado, construir um abrigo para crianças com necessidades especiais. Acontece que o filho de Laura, Simón (Roger Príncep), arruma amigos imaginários e jura que são verdadeiros. Certo dia, cansada das invenções de Simón, Laura não lhe dá ouvidos e o menino desaparece. Laura entra em desespero - principalmente porque Simón, soropositivo, precisa tomar remédios diariamente para controlar o HIV. Passam-se meses e nada de notícias - resta à mãe investigar o sumiço sozinha, o que a leva a descobrir coisas escabrosas sobre o orfanato.
Assistam, pelo bem de seu entretenimento.

Dormir, dormir - Anton Tchékov

Tradução de Nuno Guerra e Filipe Guerra

Noite. A criadita Varka, garota de treze anos, baloiça o berço da criança e ronrona baixinho:
Oh ró-ró, ró-ró,
Ouve esta cantiga ...
Defronte do ícone arde uma lamparina verde; atravessando o quarto de uma ponta à outra está esticada uma corda com fraldas e enormes calças pretas a secar. A lamparina projecta para o tecto uma mancha grande, as fraldas e as calças lançam sombras compridas sobre o fogão, o berço, Varka
... Quando a lamparina começa a piscar, a mancha e as sombras avivam-se e mexem como que movidas por um sopro de vento. O ar está abafado. Cheira a sopa de repolho e a artigos de sapataria.
A criança chora. Há muito enrouqueceu de choro, mas ainda berra, sabe Deus quando acalmará. Varka está morta de sono. Colam-se-Ihe os olhos, pesa-lhe a cabeça, dói-lhe o pesco. Está incapaz de mexer as pálpebras e os lábios, tem a sensação de que se lhe enrijou e secou a cara, que toda a cabeça lhe diminuiu até ao tamanho de uma cabecinha de alfinete.
– Oh ró-ró – ronrona ela – vou fazer-te a papinha ...
Algures, no fogão, canta o grilo. Do quarto vizinho, avessando a porta, chega o ressonar do patrão e do seu ajudante Afanássi ... O ranger lastimoso do berço, o próprio ronronar de Varka – tudo se funde numa música nocturna embaladora, tão doce de ouvir quando a pessoa está na cama. Mas agora que dormir é proibido, esta música modorrenta só oprime e irrita; se Varka adormecer, Deus a guarde, os patrões batem-lhe.
A lamparina pisca. A mancha verde e as sombras põem-se em movimento, metem-se pelos olhos semicerrados e imóveis de Varka, formam sonhos nebulosos no seu cérebro meio adormecido. Nuvens escuras correm-lhe na cabeça perseguindo outras nuvens escuras e gritando como a criança. Sopra um vento, desaparecem as nuvens, Varka vê uma estrada larga coberta de lama viscosa, arrastam-se as carroças pela estrada, arrastam-se as pessoas com trouxas às costas, voam para trás e para a frente umas sombras; de ambos os lados, através do nevoeiro frio e mau, vêem-se uns bosques. De repente, pessoas e trouxas caem para a lama viscosa. «Para que foi isso?» – pergunta Varka. «Dormir, dormir!» – respondem-lhe. E adormecem todos como pedras, dormem docemente, enquanto as gralhas e as pegas pousadas nos fios do telégrafo tentam acordá-los gritando como a criança.
– Oh ró-ró, ouve esta cantiga ... – ronrona Varka e já se vê numa izbá escura, abafadiça.
No chão estrebucha o seu falecido pai Efim Stepánov. Varka não o vê, só o ouve a rebolar-se de dores pelo chão e a gemer. «Rebentou-lhe a hérnia», como ele costumava dizer. A dor é tão forte que é incapaz de articular palavra, só engole o ar e bate os dentes:
– Bu-bu-bu-bu ...
A mãe, Pelagueia, correra para a herdade avisar os amos de que o seu Efim se finava. Saíra havia muito, já devia ter voltado. Varka está deitada no catre do fogão, sem sono, a escutar o «bubu-bu» do pai. Já se ouve alguém a acercar-se da izbá. Os amos mandaram um médico jovem da cidade, de visita em casa deles, para ver o pai. O doutor entra na izbá; não se vê nada no escuro, mas ouve-se ele a tossir e a fazer estalar o trinco da porta.
– Acendam uma luz – diz ele.
– Bu-bu-bu ... – responde Efim.
Pelagueia corre para o fogão e põe-se a procurar o caco onde há-de haver uns fósforos. Passa-se um minuto em silêncio. O doutor remexe nos bolsos, acende um fósforo dos seus. – É para já, paizinho, é para já! – diz Pelagueia, precipita-se para fora da izbá e volta logo com um coto de vela.
As bochechas de Efim estão cor-de-rosa, os olhos brilham e o olhar tem uma acutilância especial, como se Efim penetrasse com os olhos toda a izbá e o doutor.
– Então, que ideia é a tua? – diz o doutor, inclinando-se para ele. – Irra! Há muito que tens isso?
– Isso quê? Só sei que chegou a minha hora, meu senhor. Vou morrer ...
– Deixa-te desses disparates ... Curas-te!
– Vossoria o diz, meu senhor, agradeço-lhe muito, mas eu é que sei ... Quando ela chega, não há nada a fazer.
O doutor luta durante um quarto de hora em torno de Efim; depois levanta-se e diz:
– Não posso fazer nada ... Precisas é de ir para o hospital, fazem-te lá a operação. E vais já ... Sem falta! Já é tarde, está tudo a dormir no hospital, mas eu passo-te um bilhetinho. Estás a ouvirme?
– Mas como há-de ele ir, paizinho? – diz Pelagueia. – Não temos cavalo.
– Deixa, eu vou pedir aos teus amos, dão-vos um cavalo.
O doutor sai, a vela apaga-se, outra vez se levanta o «bu-bu-bu» ... Meia hora depois alguém chega à izbá. Os amos mandavam uma carrocinha para levar Efim ao hospital. Efim veste-se e vai ...
Agora é uma manhã linda, cheia de sol. Pelagueia não está em casa: foi ao hospital ver do Efim. Chora algures uma criança, e Varka ouve alguém a cantar na sua própria voz:
– Oh ró-ró, ouve esta cantiga ....
Volta Pelagueia; persigna-se e sussurra:
– De noite meteram-lhe para dentro a quebradura, de manhã entregou a alma ao Senhor … Que descanse em paz … Diz que já era tarde para o salvar... Era preciso ir antes...
Varka vai para a mata e é lá que chora, mas de repente alguém lhe dá uma pancada tão forte na nuca que ela bate com a testa contra uma bétula. Ergue os olhos e vê à sua frente o patrão sapateiro.
– O que fazes tu, tinhosa? – diz. – A criança a chorar e tu dormes?
Puxa-lhe a orelha, dói, ela sacode a cabeça, embala o berço e ronrona a cantiga. A mancha verde e as sombras das calças e das fraldas oscilam, piscam para ela, não tardam a dominar-lhe outra vez o cérebro. Outra vez a estrada de lama viscosa. A gente de trouxa às costas e as sombras deitam-se outra vez a dormir profundamente. E Varka, olhando para elas, sente um desejo insuperável de dormir; deitava-se de bom grado, mas a mãe Pelagueia vai a seu lado e manda-a andar, depressinha. Vão as duas à cidade arranjar trabalho.
– Uma esmolinha, por amor de Cristo! – pede a mãe aos passantes. – Tenham misericórdia, meus ricos senhores! – Dá cá a criança – responde-lhe uma voz conhecida.
– Dá cá a criança! – repete a mesma voz, mas já zangada e brusca. – Tu dormes, grande traste?
Varka levanta-se de um pulo, olha à volta e percebe o que se passa: não há estrada, não há Pelagueia, nem passantes, no meio do quarto está a patroa que veio amamentar a criança. Enquanto a patroa, gorda e espadaúda, dá de mamar e tenta acalmar a criança, Varka fica-se de pé, à espera que ela acabe. Para lá da janela o ar já se torna azul, as sombras e a mancha verde no tecto já empalidecem. Aproxima-se a manhã.
– Pega! – diz a patroa abotoando a camisa no peito.
– Não pára de chorar. Deve ser mau olhado.
Varka pega na criança, põe-na no berço, recomeça a embalá-la. A mancha verde e as sombras vão desaparecendo aos poucos, já nada se mete na cabeça de Varka para lhe enevoar o cérebro. Mas continua a ter sono, um sono horrível! Varka encosta a cabeça à borda do berço e baloiça-o com o corpo todo, a ver se espanta o sono, mas os olhos colam-se, a cabeça pesa.
– Varka, acende o fogão! – ouve-se do outro lado da porta a voz do patrão.
Quer dizer, tem de se levantar, começar na lida. Varka deixa o berço e corre a buscar lenha ao alpendre. Está contente. De pé, a correr e a andar, não tem tanto sono como sentada. Traz a lenha, acende o lume, sente o rosto hirto a descontrair-se, os pensamentos mais claros.
– Varka, põe o samovar a aquecer! – grita a patroa. Varka corta os cavacos e, mal tem tempo de os acender e meter no tubo do samovar, já ouve nova ordem:
– Varka, limpa as galochas do patrão!
Senta-se no chão, limpa as galochas e pensa: que bom meter a cabeça dentro da galocha larga e funda e dormitar um pouco. Então a galocha cresce, infla-se, enche o quarto todo, Varka deixa cair a escova, mas logo sacode a cabeça, esbugalha os olhos e tenta olhar de maneira a que os objectos não cresçam nem se movam diante dos seus olhos.
– Varka, lava as escadas de fora, é uma vergonha para os fregueses!
Varka lava as escadas, arruma os quartos, depois acende o outro fogão e corre à venda. O trabalho é muito, não há um momento livre. Mas nada mais difícil do que estar encostada à mesa da cozinha, de pé, a descascar as batatas. As batatas saltitam-lhe à frente dos olhos, a cabeça pende-lhe para a mesa, a faca cai-lhe das mãos, a patroa, gorda e de mangas arregaçadas, fala tão alto ao seu lado que lhe atroa nos ouvidos. Também é uma tortura servir à mesa, lavar a roupa, costurar. Há instantes em que, aconteça o que acontecer depois, não se importa de cair redonda no chão e dormir.
O dia passa. Ao ver como escurecem as janelas, Varka aperta as têmporas empedernidas e sorri, sem saber por que sorri. A bruma nocturna acaricia os seus olhos colados e promete-lhe um sono profundo, não tarda. Mas à noite há visitas em casa.
– Varka, põe o samovar a aquecer! – grita a patroa. O samovar dos patrões é pequeno e, antes de os convidados se fartarem de beber chá, é preciso aquecê-lo cinco vezes. Depois do chá, Varka de pé durante uma hora, no mesmo lugar, olha para os convidados e aguarda as ordens.
– Varka, vai comprar três garrafas de cerveja, depressinha!
Vai, e tenta correr o mais que pode para espantar o sono. – Varka, vai buscar vodka! Varka, onde está o saca-rolhas? Varka, amanha um arenque! Por fim, os convidados saem; apagam-se as luzes, os patrões vão para a cama.
– Varka, embala o menino! – soa a última ordem.
No fogão canta o grilo; a mancha verde no tecto e as sombras das calças e das fraldas voltam a meter-se pelos olhos semicerrados de Varka, a piscar para ela, a enevoar-lhe a cabeça.
– Oh ró-ró – ronrona ela – ouve esta cantiga ...
A criança berra, desfaz-se em berros. Varka vê a estrada lamacenta, os caminhantes com as trouxas, Pelagueia, o pai Efim. Compreende tudo, reconhece toda a gente, apenas, através da modorra, nunca mais consegue identificar aquela força que lhe prende as mãos e as pernas, a oprime, a não deixa viver. Olha à volta, procura que força será aquela para poder livrar-se dela, mas não a encontra. Por fim, extenuada, mobiliza até aos seus últimos alentos, força a vista, olha para cima, para a mancha verde a piscar e, atentando nos berros, descobre o inimigo que a não deixa viver.
O inimigo é a criança.
Varka ri. Está espantada: como não compreendeu antes uma coisa tão simples? A mancha verde, as sombras e o grilo parecem rir também, e espantar-se. É dominada por uma ideia equívoca. Levanta-se do banco e, com um grande sorriso na cara, sem pestanejar, passeia pelo quarto. Sente um prazer, umas cócegas boas só de pensar que, agora mesmo, se vai livrar da criança que a prende pelas mãos e pelas pernas ... Acabar com a criança e depois dormir, dormir, dormir ...
Sempre a rir, piscando o olho para a mancha verde e ameaçando-a com o dedo, Varka aproxima-se sorrateiramente do berço e inclina-se sobre a criança. Depois de a estrangular, deita-se muito depressa no chão, ri da felicidade de poder ir dormir e, um minuto depois, dorme como morta
...
Extraído de “Contos”, edição da Biblioteca de Editores Independentes, Lisboa, 2008

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Agressão

Serra foi agredido e isso parece engraçado para alguns. Para mim, agressão é agressão, não importa se feita com palavras, pedras ou rolos de fita crepe. Obviamente a graça surge de acordo com conveniências e interesses de quem ri - mas é errado.
A agressão contra Serra é feia por ter sido agressão - e não por ter sido contra ele. Seria feia da mesma forma, a mesma agressão, se perpetrada contra Dilma, seja com palavras, pedras ou rolos de fita crepe. 
Por exemplo - não gosto de receber e-mails em que a candidata Dilma é agredida sendo chamada de terrorista, assassina, bandida e assaltante (e acreditem, recebi muitos e-mails assim)! Já havia me manifestado no twitter e volto a me manifestar aqui: Dilma fez o que fez, se é que fez, por conta de um momento histórico e político totalmente diferente do que vivemos hoje. É muito injusto fazer comparações agora, nesses dias pacíficos que vivemos.
Seria bom, antes de chamar Dilma de terrorista, imaginar quão importante foram suas atitudes, e de muitos outros, para essa calma que vocês desfrutam agora. 
O que vocês chamam de banditismo eu chamo de coragem, coragem de pessoas que enfrentaram uma ditadura, que correram riscos, que foram torturadas, que foram espancadas, que foram estupradas e que foram 'sumidas', justamente para conseguir a democracia que hoje se celebra com essa eleição.
Então parem de agredir Dilma com palavras pois isso não é engraçado - assim como não deveria ser engraçada a agressão contra Serra, feita com um rolo de fita crepe. 
Agressão é agressão, seja como for, seja contra quem for.

Burca

Na volta de Paragominas fui acompanhado por uma freira, senhora simpática mas meio fanática. E no final de tudo me surgiu a pergunta: aquela indumentária que elas usam não é uma espécie de burca, mesmo que mais simples e liberal (e não estou dizendo que é a mesma coisa, ok)? Olhem bem... Só falta aquela telinha para cobrir o rosto... Sei não.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mas já?

Geisy Arruda já esta fora da Fazenda!!?? Que pena... Torço tanto por esta menina mas parece que não dá. Uns sites noticiaram que ela é empresária. Em outros li que ela é escritora... Bons tempos em que eram DJs e modelos (Geisy para ABL, já!).

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Um ano de Domisteco

Há um ano surgia o Domisteco, Fernandel, com a função inicial de publicar esses dois textos, Para fazer filhos dormir I e Para fazer filhos dormir II. Depois disso, juro que não sabia o que fazer. Não tinha planos, não sabia como divulgar o blog e nem sabia se novos textos apareceriam. Mas eles surgiram, assim como os leitores. Surgiram também bons amigos, novos e antigos. Um deles é o Yúdice, pessoa maravilhosa, excelente advogado e professor, que me inspirou bastante com o seu Arbítrio (e ainda me inspira). Encontrei os meninos do Flanar, especialmente o Carlos Barreto e o Francisco Rocha (além do Yúdice, de novo), com seu blog ativo e sempre atual. Encontrei o Wagner Okasaki e seu poético Belenâmbulo, amigo com o qual já dividi boas aventuras (e outras ainda serão divididas). Encontrei a Franssinete Florenzano e seu Uruatapera, jornalista comprometida com todas as causas boas e certa, pessoa honesta e correta que não foge de luta e nem tem medo de cara feia. E não poderia deixar de mencionar o Lafa Lafa Bafana Bafana Lafayete Nunes e seu Xipaia, amigo que é dono do melhor humor e com quem se pode contar sempre.
Logo depois surgiu o Twitter e meu alterego, o @tantotupiassu, ou Pé-de-pano, o cavalo branco do Pica pau que tenta sempre ser alegre e raivoso, esperançoso e descrente, tudo isso em uma TL perto de você. Com o Twitter vieram muitos novos leitores, e em muito devo a ele essas 34 mil visitas em um ano. E vamos aos números: foram 331 postagens e 1315 comentários (uma média de 3,97 comentários por texto), 85 seguidores e vários links fantásticos. O mês com mais postagens foi novembro de 2009, ainda na empolgação do surgimento, com 44 textos. O mês com menos postagens foi fevereiro de 2010, mês de problemas e mudanças no trabalho, marca miúda de 8 textos apenas.
Os textos variaram: fomos da descrença nos políticos em postagens que pretendiam ser engraçadas (aqui e aqui), à críticas às eleições em postagens mais sérias (aqui e aqui). Fomos da denúncia de situações de violência na cidade (Assalto do Vinícius e meu assalto - esse, infelizmente, campeão de comentários no blog com 39 participações) a temas polêmicos (como na questão da Divisão do Pará e na Autodeterminação dos povos). Houve amor e houve raiva. Houve relato de viagem, pelo Pará e pelo Brasil (como a Fotonovela do Jambú, Textos pequenos da janela do ônibus e De Mosqueiro 3), e houve amor e ódio por Belém. Houve Natal e houve morte, e houve Círio e houve perda. Em resumo: houve tanta coisa que só uma releitura deste ano seria capaz de dizer... Nem falei das Palavras do dia, das Mulheres de Belém, dos Resmungos, das Etimologices... E desculpem pela quantidade de links, mas o pai se orgulha do filho.
E como isso não é uma despedida, e o blog continua aqui, oferecido aos interessados, não vou fazer mas listas ou relatos. O que restar falará por si.
Para terminar, muito obrigado a todos. Não sei o que esperava, mas pelo que sinto posso dizer que era mais ou menos isso. E devo a todos que entraram aqui, aos que visitam religiosamente e aos que entram uma vez na vida, outra na morte -e aos que só vieram uma vez, mas vieram. A todos devo meu agradecimento e é por vocês que corro atrás e busco fazer sempre melhor.
Agora, até 14 de outubro de 2011 no aniversário de dois anos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nascer do Sol

O que dizer do nascer do sol em Belém, dia 13 de outubro de 2010? Eram seis da manhã e eu acordei com essa vista.

@Belemtransito

O fato ocorreu ontem, dia 12 de outubro, por volta de 13 horas. Estava no aeroporto de Brasília, esperando meu voo para Belém, quando o senhor ao meu lado (@ivoboareto) pega o celular e exclama para sua mulher: "Olha, querida... O @belemtransito acaba de noticiar um incêndio na esquina da Timbo com 25... Pertinho da casa da sua mãe". A mulher, diante da notícia, pega o telefone, liga para Belém e descobre que a casa incendiada era justamente a de sua mãe. Só em Belém tive coragem de me aproximar e perguntar se estava tudo bem, se as coisas tinham se resolvido. Felizmente os danos foram somente materiais - além do susto tremendo, obvio. 
Mas o que me chamou a atenção foi o @belemtransito cada vez mais funcionando como puro serviço público: em Brasília, em trânsito para voltar a Belém, pessoas souberam de fatos importantes que ocorriam na cidade, fatos ligados a elas, coisa triste que acabou menos ruim do que poderia ter sido.
Parabéns ao Paolelli e sua equipe pelo excelente trabalho.

sábado, 9 de outubro de 2010

Breve consideração sobre o Círio

Nesta quinta-feira, 07 de outubro, descobri que teria de viajar no domingo de manhã, dia 10, justamente o segundo domingo do mês. Para muitos brasileiros isso não significaria muita coisa. Mas para um paraense essa data tem um sentido todo especial. É no segundo domingo do mês de outubro, neste mesmo dia 10 em que estarei viajando, que acontece o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, o que para muito é a maior festa destas bandas. Só passei um Círio fora de Belém, nestes meus 32 anos, e juro que senti uma enorme falta. Agora, pela segunda vez, ficarei longe da festa. Mesmo não sendo católico posso dizer, sem sombra de dúvida: sentirei falta e será estranho, se não pela fé, ao menos pela festa, pelas comidas, a família reunida e a saudade dos que já foram. E como estarei longe, e nem sei se conseguirei conexão, trato logo de desejar um feliz Círio para todos, e até a volta.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Círio Fluvial do TCE

Vocês conhecem o Círio Fluvial do Tribunal de Contas do Estado? Não!? Nem eu conhecia... Foi a Karina Pombo quem me revelou - e quem captou as imagens no laguinho do TCE, ali na Quintino. Ela passava por lá quando se deparou com a cena inusitada, os barquinhos de miriti boiando, tranquilos, e tratou de registrar e me enviar. Ela complementa: "não sei como não furtam os barquinhos que ficam lá, sem ninguém vigiar. Só Nossa Senhora explica.Realmente, Karina. Só Nossa Senhora explica.



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Jordy

Acho que essa foto é a que melhor simboliza a concreta vitória de Arnaldo Jordy. A faixa estava afixada na frente da casa de um eleitor. De noite a faixa foi cortada por um vândalo e eis o recado deixado pela dona da casa.

Ampliem para ler:
"Você cortou minha faixa, mas não quebrou meu voto.
É Jordy 2323, Federal Ficha Limpa"

Certo ou errado?

Resultado da enquete

Resolvi colocar uma enquete no blog e eis o resultado: 67 pessoas (ou 73% dos eleitores) votariam em mim para Deputado; 21 pessoas (ou 23% dos eleitores) não votariam em mim para Deputado; e 3 pessoas (ou 3% dos eleitores) ficaram indecisos. Sabem o que isso significa? Nada. Nem eu sei o que representava essa enquete - eu só a coloquei para testar o sistema de votos do blog. Agora, vamos ver se coloco coisas mais interessantes.

sábado, 2 de outubro de 2010

E o palhaço se elegeu

Ele tentou várias carreiras e nunca foi bem sucedido em nenhuma delas. Ele tem pouco estudo e muito do que aprendeu foi com a vida. Um dia ele virou comediante e, no papel de palhaço, se tornou nacionalmente conhecido. Um dia ele resolveu entrar para a política. É dono de frases desconcertantes como Quero arranjar um trabalho bem pago pra poder ajudar meus amigos e parentes. Também quero ter assessores e ganhar um monte de coisas de graça”, A verdade é que não temos nenhuma plataforma partidária, mas fingimos ter uma” ou "Pior não fica". Mesmo com tais frases, se elegeu para um importante cargo político em seu país.
Tiririca, certo?
Errado!
Estou falando de Jón Gnarr, personagem inventado pelo cidadão islandês Jón Gunnar Kristinsson, que venceu as eleições de maio de 2010 para Prefeito da capital Reykjavík, o segundo cargo mais importante da hierarquia política do país, perdendo apenas para o de primeiro-ministro, com 20.666 votos, 34,7% do eleitorado.
Prefeito de Reykjavík, capital da Islândia, o palhaço Jón Gnarr
"Pior não fica"
Para poder se candidatar Gnarr fundou seu próprio partido, o Melhor Partido, que "tem a grande vantagem de poder fazer muito mais promessas do que seus concorrentes políticos pelo fato de não ter, assumidamente, a menor intenção de cumprir qualquer uma delas. Muitos eleitores afirmam ter sido exatamente esta a razão pela qual votaram em Gnarr: nenhuma plataforma de governo lhes soara tão honesta."
As promessas do palhaço incluíam "toalhas grátis em todas as piscinas públicas, ônibus gratuito “para estudantes e pobres coitados”, tratamento dentário grátis “para crianças e pobres coitados”, um Parlamento sem drogas até 2020 e – verdadeira pedra de toque do programa – um urso polar para o minizoo. Segundo Gnarr, a medida atrairia multidões de turistas e aumentaria a receita do combalido erário municipal. (...) No seu discurso de vitória, Gnarr tranquilizou a população: “Ninguém deve ficar assustado com o Melhor Partido”, assegurou, “porque ele é o melhor partido. Se não fosse, seria chamado de Pior Partido, ou Partido Ruim. Nós nunca trabalharíamos para um partido assim.” Aduziu, a título de argumento definitivo: “E pior não fica. "
E para quem acha que a coisa toda só poderia ter um destino, a bancarrota, mude seus conceito - a administração municipal vai muito bem. "O dia a dia do prefeito é acompanhado por 35 mil pessoas que o seguem no Facebook, o que corresponde, num país de 320 mil pessoas, a mais de 10% da população islandesa, ou quase 30% dos habitantes de Reykjavík. Diariamente, a turma é convocada a participar de microplebiscitos virtuais sobre questões da cidade: “Ônibus devem ou não ser gratuitos para menores de 18 anos?” “Quebra-molas devem ser abolidos?” “Os postes do centro são bonitos ou feios?”Nas sete piscinas públicas da capital, toalhas de graça e gratuidade para crianças com menos de 5 anos aumentaram, só nos primeiros onze dias, em 60% a frequência da meninada.
(...)
Um mês depois de assumir – e mesmo não tendo resolvido a questão do urso polar, cuja ausência no minizoo é conspícua –, 71% da população se diz satisfeita com Jón Gnarr. Alguns se assustam com tamanha popularidade. “O Melhor Partido foi formado em torno de um tipo de líder supostamente bufão e apolítico”, analisa o professor de literatura da Universidade da Islândia, Ármann Jakobsson. “Isso não é novidade. A Forza Italia de Silvio Berlusconi é outro exemplo de um partido que se dizia contrário aos políticos tradicionais.” "
Com tamanha popularidade, não falta quem o defenda de críticas e comentários jocosos: “Todos os políticos são uns idiotas. Pelo menos Gnarr é um idiota engraçado”, disse uma fã, dia desses.
Se quiser ler o texto na íntegra, aqui vai o link para da Revista Piauí.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Fazenda

Lembro ter escutado, no início do ano, alguém relatar como seria a seqüência de fatos que marcariam o ano de 2010: BBB, Copa, Eleições, Círio, Natal, Ano Novo e fim. Somente em uma breve pausa para os comentários perceberíamos, assustados, que o ano havia acabado.
Acontece que o astuto comentarista, do qual não lembro a identidade, de forma vergonhosa esqueceu de prever o surgimento de ruidoso acontecimento, fato marcante que suplantará, ao menos em duração, o finalzinho das Eleições e a brevidade do Círio. Pois sim, leitor, não faz parte da previsão a estreia do programa A Fazenda, sucesso da Rede Record que é, para muitos, mais interessantes do que o BBB da Globo. Afinal, se já é bacana ver desconhecidos fazendo barraco e demonstrando toda sorte de incapacidade, imagine quando temos diante de nossas vistas a besteira feita por famosos, pseudo-famosos e verdadeiros desconhecidos-quase-famoso.
Imaginem poder ver uma briga por comida entre Sérgio Mallandro e Monique Evans, ou um quebra pau entre Geyse Arruda, Tico Santa Cruz e Viola (e dos quinze participantes, pasmem, só conheço esses). Os demais são nomes que nada me dizem - e provavelmente se calam à maioria: Eduardo Pelizzari, Janaina Jacobina, Luiza Gottschalk, Daniel Bueno, Sergio Abreu, Carlos Carrasco, Andressa Soares, Ana Carolina Dias, Nany People e Lisi Benitez (como dizia meu avô Álvaro: conheço muito mas não sei quem é!).
Se quiser saber mais sobre o programa e seus participantes, pode clicar aqui ou aqui (por sua conta e risco). Se quiser algo mais dinâmico, sugiro aqui (puro bafafá no Twitter). Mas se seu interesse for ver o Sérgio Mallando fazendo glu-glu, a Geyse Arruda assumir que não sabe diferenciar uma vaca de um boi, ou a Luiza Gottschalk fazer amizade com um burro (na minha terra isso é proibido!), se jogue e seja feliz.


Candidato novo, discurso velho

Provável futuro Senador da República por São Paulo,
o Estado mais rico da Federação
"Nos últimos dias eu senti na pele o ódio da elite paulistana e de uma parte da imprensa, que inventa mentiras" a frese é de Netinho de Paula, candidato ao Senado pelo PC do B, Partido Comunista do Brasil.
Netinho, que pelo visto agora é comunista, narrava episódio ocorrido na última terça-feira, quando a Polícia Civil esteve em sua casa, em Alphaville, e fotografou a área externa do imóvel. Netinho é alvo de inquérito aberto a pedido do Ministério Público Eleitoral de Barueri, que investiga se o cantor omitiu bens em sua declaração á Justiça Eleitoral. Ele vive em uma casa avaliada em R$ 2 milhões, que não está em sua declaração. "Todo mundo aqui sabe de onde vem o meu dinheiro. Eles foram na minha casa, bateram na porta e disseram: 'É a polícia'. Meu filho perguntou se eles tinham mandado. E eles não tinham", disse Netinho.
"O negrão está incomodando" (...) "Mas vai incomodar muito mais. Eu não vou responder com ódio. Vou ser um bom senador para eles [a elite e a imprensa]", ressaltou.
Com informações da Folha.