sexta-feira, 12 de julho de 2013

Enquanto isso, no interior do Pará...

A chegada assusta.

Cerca de 20 homens fortemente armados com metralhadoras, fuzis, pistolas e revólveres, entre PMs e agentes da Susipe, todos tensos, descem de um Gol prata e um Fiat Stylo vermelho descaracterizados que acompanham o camburão. Do lado de fora, mais um Gol preto, igualmente descaracterizado, com mais quatro PMs.

As ruas ao redor do forum são completamente isoladas com cones, cordas e barreiras de metal e madeira: ninguém entra e ninguém passa, e acho mesmo que ninguém quer chegar perto do perigoso circo. Em cada um dos muros laterais do se posiciona um PM armado com fuzil, pronto para qualquer coisa e em constante atenção. Nas poucas e miseráveis casas que ficam em frente, muitos curiosos se debruçam nas janelas para ver o espetáculo.

No pátio de entrada do forum, amigos e familiares dos presos esperam por horas na esperança de ver e falar, mesmo que de longe, com aqueles que há muito estão afastados do convívio diário por conta do crime. Além deles, lá estão também as testemunhas e advogados dos réus presos, em um canto mais distante conversando em voz baixa.

O clima é tenso e não poderia ser diferente: dentro do camburão está parte do bando que entrou armado em Garrafão do Norte, cidade pequena no fim da linha de uma estrada, e a fez refém. Buscavam assaltar um posto bancário e conseguiram parar a cidade com tanta bala que dispararam. O bando que é capaz de tal ousadia pode muito bem providenciar tentativa de resgate igualmente violenta e absurda.

O assalto ao Posto Bancário foi em fevereiro de 2010, por volta de 08 h 30 min. Os assaltantes não pediram para entrar, simplesmente explodiram a porta giratória da entrada com tiros de escopeta e pistola. Já dentro, distribuíram farta munição em todas as direções. Entre gritos e palavrãos, o teto e as paredes foram crivados de balas, além de móveis e pessoas, marcas que ainda permanecem no local de forma incômoda, e na memória das cicatrizes.

No final, pegaram as armas dos vigilantes, mais 150 mil reais, e ameaçaram todos de morte caso tentassem alguma coisa. Sairam atirando a esmo no meio da rua, na Praça da Prefeitura cheia de gente, para intimidar qualquer possibilidade de perseguição ou reação. Foi um corre corre geral, cada qual querendo se esconder o mais distante possível, e assim conseguiram fugir com os reféns expostos na caçamba da caminhonete.

Fizeram o coordenador do posto, mais dois segurança de reféns, e rodaram com eles por cerca de 20 minutos. No final, aterrorizados, os coitados foram largados em uma das marginais da estrada de Capitão Poço. Finalizaram com um "agradecimento" ao bancário: "o senhor é um cara bacana. A gente ia ontem na sua casa pegar sua mulher e sua filha, mas preferiu vir aqui fazer o serviço."

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Só de lembrar ele treme, diz que fica nervoso e que não entende como ser bancário no interior do Estado se tornou tão perigoso.

Após 37 anos em serviço entre Capitão Poço, Xinguara, Redenção e Garrafão, ele conclui: "Só recentemente percebi que há algo estranho no meu ouvido. Ele zumbe em algumas ocasiões. Foi culpa desses caras: me apressando para tirar o dinheiro do cofre deram um tiro bem do lado do meu ouvido, só para intimidar. Eu achei que tinha sido atingido a queima roupa..."

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- O que devo falar?
- Eles vão te perguntar sobre o assalto. Se souber, responde. Se não souber, não tenha vergonha e diga claramente 'não sei'. Se tiver dúvidas, diga isso ao juiz antes de qualquer resposta.

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Segundo o funcionário, quando é lançado alerta vermelho de assalto, a PM ajuda muito. Algumas vezes, quando podem, providenciam escolta entre Capitão Poço e Garrafão. Ou então, colocam uma viatura na frente do posto. Não dá para fazer sempre assim, a PM que acaba resolvendo quase todo o tipo de bronca nesses interiores, e mesmo que se providencie escolta entre as cidades, e mesmo que se plante uma viatura em frente ao posto, existe a certeza de que um novo assalto vai acontecer, isso é certo, faltando responder somente o quando.

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- E sua casa, tem algum esquema especial?
- Meu esquema é Deus, só Deus! Não tenho como pagar vigilância e nem o Banco pode pagar para todos seus funcionários. Também não quero a possibilidade de tiroteio em casa, um vigilante contra assaltantes e minha família no meio. Se eles vierem, e eu sei que essa chance existe, que venham em paz, façam o que precisam e partam sem confusão.

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- Na noite anterior ao assalto, percebi a S-10 preta me seguindo. Foi o mesmo carro usado no dia seguinte. De noite, quando percebi que havia algo estranho, liguei para minha esposa e disse: 'quando vir meu carro embocar na rua, abre o portão bem rápido e assim que eu entrar feche mais rápido ainda.' Chegando na frente de casa fiz uma curva fechada e entrei com velocidade. Minha mulher estava assustada, sem entender nada, e ainda percebeu o carro preto no início da rua já dando a volta. Ela me pediu cuidado e quase não dormiu de noite.

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A audiência começa na Sala do Juri: além dos advogados, juiz, promotor e serventuários da justiça, oito PMs e dois agentes da Susipe. Em seguida entram as testemunhas de acusação, todos muito assustados, e logo se sentam no local pré-determinado na plateia. Para a leitura da denúncia, entram os cinco réus em fila indiana e fortemente algemados, em uniformes azuis e laranjas quase sem cor. Os agentes de segurança, de forma instintiva, levam as mãos às armas e redobram a atenção. As testemunhas, que estão ali com o dever de incriminá-los, abaixam as cabeças intimidados e ficam em silêncio.

A leitura da denúncia é maçante e cheia de informações minuciosamente colhidas durante quase um ano. Quase ninguém presta atenção, até porque os que deveriam tirar algo de importante dali já a conhecem de cor e salteado.

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No final, testemunho prestado, todos se sentem aliviados com o término do terror: os presos voltam a ser colocados no camburão, mas ainda conseguem enviar sorrisos e beijos aos parentes que choram de saudade, e que esperavam desde tão cedo na parte de fora do forum.

Em seguida, forma-se a fila de carros caracterizados, carros descaracterizados, todos os homens armados em estado total de atenção, o medo constante de um resgate que provavelmente pode significa a vida de todos - até mesmo dos bandidos, eis que nunca se pode excluir uma queima de arquivo.

Levantadas as barreiras postas no meio da cidade, tudo parece voltar ao normal, inclusive o medo, quase certeza, de que não demorara muito para que o terror volte a se instalar, mais uma quadrilha ousada em busca de riqueza fácil num bangue bangue urbano.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Sobre Cura Gay


O médico Carl Vaernet, o Marco Feliciano do Nazismo
O que mais assusta no surgimento da Cura Gay é justamente o fato de ser o ressurgimento da Cura Gay. Não achem vocês que a brilhante ideia é original, algo inovador saído da cabeça do deputado federal João Campos do PSDB de Goiânia e acompanhado bem de pertinho pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o Feliciano.

Não… A coisa é antiga e eles tiveram bons professores nas aulas de infâmia.

O medico dinamarquês Carl Vaernet, conhecido como Matador de Gays, comandou no campo de concentração de Buchenwald algumas das experiências com cobaias humanas mais insanas de que se tem notícia.
O triângulo rosa marcava os homossexuais nos
campos de concentração 
Ele achava que a homossexualidade tinha “cura” e usou prisioneiros para tentar provar sua tese. A maioria das vítimas apenas recebia uma injeção com coquetel de hormônios no escroto, mas ao menos 17 chegaram a ter glândula artifical implantada sob a pela – e existem relatos de que alguns tenham sido capados.

O resultado da Cura Gay nazista:
o que aprendemos com isso, Feliciano?
Nenhuma das cobaias de Vaernet teve sua homossexualidade “curada”, é óbvio. Na verdade, praticamente todas morreram em decorrência de complicações pós-operatórias e severas infecções.