tag:blogger.com,1999:blog-79972799437126518832024-03-13T23:34:32.626-03:00Domisteco, FernandelTantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.comBlogger459125tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-60306467234102366882013-12-18T21:42:00.001-03:002013-12-18T21:42:26.976-03:00Tio Elias<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tio Elias era um velho judeu dono de um antiquário na Rua 28
de Setembro, dentro do comércio de Belém. Minha mãe vivia lá, dele era grande
amiga, e com ela íamos nós, seus inseparáveis filhos que faziam dos corredores
da loja um mundo de descobertas e selvageria. Uma casa antiga dessas enormes, com
corredores a perder de vista, cheia das tralhas mais interessantes do mundo
todo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No sótão, diziam, havia uma jiboia que comia os ratos, mas
também podia comer meninos curiosos que se aventurassem onde não deviam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dia ele presenteou meu irmão com uma bola de boliche,
acho que a primeira bola de boliche inventada, toda de ferro, e hoje, pensando
bem, nem sei se aquilo realmente era uma bola de boliche, quem sabe uma bala de
canhão? Só sei que assim foi dada e usada, o que deixou minha mãe bem
descontente diante das inúmeras lajotas quebradas com força e peso da bola/bala.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Certa vez, vínhamos na Presidente Vargas em nosso fusca
verde e de longe avistamos tio Elias cheio de sacolas e pacotes. Minha mãe,
ainda não letrada nas artes dos filhos, comenta na nossa frente, cheia de
carinho: “<i>Olha, lá vai o Elias parecendo
um judeuzinho errante, todo velhinho”</i>. Claro que, na próxima visita que
fizemos à sua loja, contamos tudo a ele: “<i>Tio,
tio, a mamãe disse que o senhor parece um judeu errante e velho”</i>. Não
esqueço a cara dele, um olhar cheio de sarcasmo para minha mãe, quando
perguntou: “<i>Ah é, Lila? Sou um judeu
errante e velho?”.</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eles nunca brigaram, sempre se gostaram muito e tinham
enorme cumplicidade. Na verdade, ele era a pessoa mais gentil que já vi com
todos. Foi ele quem vendeu ou deu as camas de ferro, de viúvo, nas quais
dormimos nossa vida toda, que até hoje são nossas, preciosidades que tanto
amamos e que, felizmente, suportaram com valentia guerras contra aliens, ataques
piratas e pulos entre precipícios mortais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por conta dele comecei minha coleção de moedas, e nem sei
mais onde está minha coleção de moedas, talvez furtada, talvez perdida, e, se
furtada, espero que faça alguém feliz hoje, pois me foi dada com muito amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dia ele chegou e entregou para minha mãe uma placa de
rua, justamente a placa da Rua 28 de Setembro, ainda aquelas de ferro
esmaltadas, coisa antiga que não se faz mais. Tinham derrubado uma linda casa portuguesa
que ficava na esquina de sua loja, mais um monstrengo em forma de prédio que
surgiria, e então a placa jazia sem interesse no lixo de entulhos da obra. Tio
Elias se meteu por entre pedras e poeira, resgatou a placa e deu para minha mãe
como lembrança sua, de sua loja e dos bons momentos que passávamos lá. A placa
está na minha parede agora e sempre me faz lembrar dele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na loja também havia um senhor preto que fazia de tudo, um
homem muito bonito e forte, já envelhecido pelo tempo e pelas desgraças que
deve ter vivido. Não lembro seu nome, acho que minha mãe deve lembrar, e me
chamava a atenção o quanto ele era calado e soturno, sempre muito sério e sem
risos, apesar dos belos dentes brancos. Diziam, entre cochichos, que ele havia
sido escravo, um dos últimos beneficiados pela libertação dos africanos, e que,
libertado de alguma fazendo ao redor de Belém, acabou por se unir com o velho
judeu branco e viraram quase irmãos. Eu duvidava da história até que, um dia, o vi
sem camisa e vi marcas em suas costas que, no meu imaginário, pareciam
bastantes com as marcas que deve deixar um chicote.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na grande sala ficava uma máquina de café, acho que a
primeira que vi, além de um infindável de cadeiras de embalo onde se sentavam
senhoras e senhores que compravam ou negociavam antiguidades e artes. Ali foram
fechados grandes e pequenos negócios, alguns deles ainda hoje na casa de minha
mãe.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi da loja de tio Elias que veio o baú que hoje fica na
sala de jantar, um baú grande e escuro que muito parece com um
caixão, e que muito serviu para assustar nossos amigos, todos crianças, quando
dizíamos que aquilo era, de fato, um caixão, e que ali estavam os restos de um
nosso avô qualquer. Apesar de duvidarem, nenhum deles jamais ousou abrir e verificar se
falávamos a verdade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Desde quando lembro do tio Elias ele já era muito idoso,
acho que para combinar com o velho escravo, com a casa centenária e todas as
demais antiguidades que moravam ali. Quando ele morreu, nem lembro quando foi
que ele morreu, não sei o que senti além de um vazio, de não termos mais um
local para passear, minha mãe e seus meninos, um local para passar a tarde
ouvindo a chuva cair, bebendo um café bom , rindo das muitas piadas e espertezas
e ouvindo o arrastar da jiboia no forro. Perdemos tudo, mesmo que tudo tenha
ficado na placa da sala, nos móveis que, de forma ou outra, têm um pouco dele,
e nos livros e objetos e joias, e qualquer coisa que passou pela loja de antiguidades.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A casa ainda está lá, no mesmo lugar, hoje dividida em mil
lojas de celular – <i>plodutos </i>chineses – compra-se ouro e cautelas da Caixa, mas não sei
do senhor preto de quem não lembro o nome, que nem mesmo sei se era escravo,
assim como perdi de vista todos que se embalavam sem fim nas cadeiras da sala da
loja do tio Elias. Vez ou outra encontro algum desses tios e tias nas ruas e
nos abraçamos com ternura, acho que felizes por termos dividido algo tão bom. Agora vou ver se acho minha coleção de moedas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-44634587799635642082013-10-16T15:24:00.000-03:002013-10-16T15:24:10.097-03:00Os Círios de meu avô<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<i>Belém, 11/10/2013</i><br />
<br />
Acordar no dia do Círio
era acordar na correria, todos se apressando para banhar e se arrumar, roupa
nova comprada para o domingo, tudo dobradinho no sofá da sala, arranjo antecipado para que não
houvesse demora. Tinha sempre o dia nascendo, a rua sem barulhos e a correria
dos cinco fazendo de tudo para sair logo e cumprir com os planos de todos os
anos.<br />
<br />
O Círio era passado no janelão da Assembleia Paraense debruçada na
Presidente Vargas, onde ficávamos até o passar da Santa, até bem depois do
passar da Santa, pois o povo nunca parava de passar e assim ficávamos todos lá,
horas e horas assistindo ao desfile de casinhas, barquinhos e miritis, anjinhos e
promesseiros descalços, suados, moídos e felizes.<br />
<br />
Acordávamos cedo para pegar
lugar, três pequenos e seus pais, sacrifício feito para poupar os avós já tão
velhinhos e com intocada vontade de estar ali e de tudo participar. Chegávamos
por volta de 06:30 e assim tinha que ser, ou logo tudo era tomado de gente.<br />
<br />
Sentávamos
diante das grandes janelas, felizes
pela vitória de conseguir boas vistas, mas alegria que durava pouco, justo o tempo de perceber que
ainda estava quase escuro e a Santa só passaria perto de meio dia. Nós, as crianças, éramos meio
que plaquinhas de “reservado”, quietinhos nos seus bancos até que, sonolentos, deitávamos
e dormíamos um pouco – o que era até bom, pois criança deitada ocupa mais
espaço e, assim, guardávamos mais cantinhos para os avós.<br />
<br />
Por volta de 07h:30 o
pai saia para buscar seus pais numa proximidade qualquer, largados em taxi, as ruas todas
fechadas, somente livres ao fluir do mundo de gente que não tardaria a chegar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzjzkMOuknps8hiTgs4rGmKRD1Z73c00NBKe_zeCVPZoc7d4JjI6bHiuF9dyDlGrajQ8IB0So5MbdJhakwXw1wFCslxsVUHeBfecLrtBNQ5NFezbVd9bO4L76cFQ2qZ8C-YJ3YcGByhY/s1600/Vov%C3%B4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzjzkMOuknps8hiTgs4rGmKRD1Z73c00NBKe_zeCVPZoc7d4JjI6bHiuF9dyDlGrajQ8IB0So5MbdJhakwXw1wFCslxsVUHeBfecLrtBNQ5NFezbVd9bO4L76cFQ2qZ8C-YJ3YcGByhY/s320/Vov%C3%B4.jpg" width="199" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vovô, eu e Digo, maio de 88, <br />meu aniversário</td></tr>
</tbody></table>
Ao surgir os avós, eis a alegria de volta, os netos
se atropelando ao carinho da avó, às alegres bandalheirinhas do avô, os
pequenos acarinhados qual em recompensa pela valentia de madrugar e montar
guarda à festa, o heroísmo, na certeza de ver de perto a Santa, e os barcos e anjinho,
os conhecidos, e acenar, e cantar, e rezar e chorar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br />
Foi durante
anos, todos os anos de minha vida, até deixarmos de ser criancinhas e já não
dormíamos nos bancos às janelas da Assembleia, agora adolescentes emburrados e chateados por
acordar cedo, mas nada que durasse muito, só até chegarem os avós. Então voltávamos à meninice
nos colos, nos mimos ao amor familiar. Tudo ia como devia, como devia ser a
vida, mas a vida também sabe ser triste. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br />
O avô morreu e muito mudou: acabaram os banhos de
piscina de sábado na Conselheiro, os primos todos reunidos esperando os lanches da avó regados com Baré comprado na mercearia da esquina; acabaram os papos na porta do casarão, tudo regado com cantar das
cigarras ao fim das tardes, o despedir à porta que nunca findava; acabou o Natal ao redor da árvore, presentes organizados por tios, tudo organizado e entremeado de gritos e abre abre abre. O Círio, como era, também acabou. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br />
Por anos, acho que foi medo de chorar que me impediu
de sair nas ruas e acompanhar algo que fosse da festa, até que voltou a coragem e decidi sair, e
foi bom ter saído, pois percebi que o avô não tinha morrido, não! Estava mais vivo do que nunca em cada rosto
suado, cada casinha de miriti e figuras de cera, e no choro emocionado de
quando passa a Santa. E nos fogos.<br />
<br />
Ele não morreu porque ele era o Círio, nós
somos a festa, o Círio que estava ali e sempre estará.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
Hoje vejo meu avô em tudo da festa e, apesar do medo
de antes, choro tranquilo lembrando dele, choro de felicidade, não de tristeza, por senti-lo
ao meu lado no meio da multidão, e sou tão
grato à vida, ao Círio, por isso. Grato ao Círio que revive no passado meu avô
Fernando. E obrigado por mais esse
milagre, Virgem, por deixar por perto quem já está longe, aparentemente distante.<br />
<br />
Feliz Círio.<br />
<o:p></o:p></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-14905646107108314302013-10-06T10:00:00.000-03:002013-10-06T10:00:01.861-03:00Letícia<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Agosto/2013</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Letícia acorda. Letícia chora. Letícia mama e faz manha. </span><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Vamos trocar fralda. Foi tanto xixi que vazou e molhou fralda, pijama e pai. No trocador, Letícia ri do pai que se desdobra pega fralda pijama algodão água, tudo enquanto segura a filha que ri. Troca fralda, troca pijama, não troca pai, que se for procurar pijama agora acorda filha e pai se acostumou a dormir com xixi de filha que nem fede</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; line-height: 18px;"> a xixi.<br /><br />Depois, remédio e rede, e mais riso de filha que parece se divertir com pai na correria, e rede e música, voz fraca para não despertar a pequena, e rede embala embala embala e filha parece gemer gemido no ritmo da rede e da voz do pai.<br /><br />Então dorme. Levanta o pai da rede fazendo forçona, porque a pequena já pesa muito, coloca no berço, cobre, cobre melhor, mais um pouco melhor e coloca mosqueteiro. Então filha se vira e se descobre, e pai tira mosqueteiro e faz tudo novamente, e bota mosqueteiro, e então pai deita para dormir, mas aí já pensou na vida e perdeu o sono.</span></span>Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-89171170704678507942013-10-05T10:00:00.000-03:002013-10-05T10:00:04.670-03:00Parada a cidade ficou<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhshYJicQ96vzWuiKkCRDO5SpO4bcDHg5ioEnPBfPIDaxP76qm5G4Jvf171BKOFyUZaxUJAjZzGWKrJS_e5_Q9N_cZsr9D2N3BzLtiwUco2gHuI5xidQlP8DAI7rkydGPUzSW05Gqh3irs/s1600/parada+gay+bel%C3%A9m+700x525.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhshYJicQ96vzWuiKkCRDO5SpO4bcDHg5ioEnPBfPIDaxP76qm5G4Jvf171BKOFyUZaxUJAjZzGWKrJS_e5_Q9N_cZsr9D2N3BzLtiwUco2gHuI5xidQlP8DAI7rkydGPUzSW05Gqh3irs/s320/parada+gay+bel%C3%A9m+700x525.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;">29/09/2013</span><br />
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;">Se vocês quiserem saber como se parece o fim do mundo zumbi, seres sem cérebro, vontade ou discernimento, somente ávidos por carne humana, talvez devessem vir agora até as proximidades da Praça da República. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #37404e; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;">Mas, até sugiro, não venham...</span></span></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;">
</span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #37404e; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;">As ruas 1º de março, Carlos Gomes e Avenida Presidente Vargas cheiram a urina. O chão está molhado, e não de chuva.</span></span></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;">
</span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #37404e; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;">Nas reentrâncias do Basa se instalou, nov</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">amente, um banheiro e sexódromo público dos que aceitam se "pegar" no meio da sujeira.</span></span></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;">
</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; display: inline;"></span>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; display: inline;"><span style="color: #37404e; line-height: 18px;"><br /></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; display: inline;">
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Na Carlos Gomes, chegando à esquina da Presidente Vargas, me surpreendi com dois homens urinando bem ao lado de um ponto de taxi. Enquanto urinam, brincam e falam com a maior naturalidade, como se aquilo fosse a normalidade, enquanto passamos eu e outro vizinho com seu o filho.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mal sabia que era besteira me surpreender com aqui: havia pessoa urinando na própria Presidente Vargas, quem sabe a principal via da cidade, centro desta capital.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sim... Mal escondidos pela estrutura armada em fente ao Basa, para servir de palco para o Círio, convenientemente tapada com placas de madeira, estava algo entre banheiro e dark room. Vi muitas mulheres urinando, mas também homens, que, ou urinam, ou não sei que fazem lá, mas estão todos juntos lá.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mais para frente, na banca de revistas que fica diante da centenária Pharmácia da República, uma menina, que não deve ter 16 anos, completamente embriagada, vomita amparada por amigos que se divertem com a cena. A cara dela quase encosta no chão molhado. Um dos amigos (amigos?) filma tudo no celular.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O cheiro de bebida adocicada, acho que vinho, se mistura com urina e faz surgir um odor enjoativo e pegajoso como xarope.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Para entrar em casa tive que pedir licença, pois havia muitos sentados diante do portão. Havia uma menina deitada no chão, não se importando que o chão estivesse molhado, e nem quero imaginar do que estava molhado. Me olharam feio porque pedi licença. Imagina, entrar em casa agora, aqui, fazendo-os levantar!? Abuso.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E por falar em celular, António, porteiro do prédio desde quase sua construção, lamenta o furto do seu celular e carteira com todos os documentos e parte do salário. É que António chegou na hora em que passava o trio elétrico, então, para chegar na hora, e já estava atrasado, resolveu passar no meio do povo, no meio da chuva.</span><span style="font-family: inherit;"> </span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">António não é novo, o conheço desde que fui criança, e realmente sei que ele vê maldade em poucas coisas. Não viu maldade na multidão. Foi furtado e ficou a ver navio.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Agora, da janela, vejo a Praça lotada, tomada ainda, e tristemente constato várias pessos urinando nas laterais do antigo Sam e dos teatros Da Paz e Waldemar Henrique. Chega um guarda e ilumina as sombras com potente lanterna, mas os mijões nem se movem, quem sabe entorpecidos por fadas verdes?</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Alguns focos de briga se formam aqui e ali. Alguns muitos focos de briga e uma surpresa: enquanto saímos de perto em tais situações, vejo a porrada começar e pessoas correndo, se aproximando para assistir, mundo novo de MMAs em que é normal ver duas pessoas se sangrando quase sem regras.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Logo chega a PM ou a GMBel e a briga acaba, e, na confusão de muita gente ao redor, como saber quem eram os galos na rinha? Todos partem caminhando de braços dados com a impunidade.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Muita PM.</span><span style="font-family: inherit;"> </span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Muitos carros de polícia, tudo identificado, daqui, pelas sirenes iluminando ao redor. Todos parados, somente assistindo, intervindo somente quando a coisa piora. Eles assistem, somente assistem...</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Eu também assisto, somente assisto, e também decido que este é o último post que faço relacionado às paradas GLTBS (?) que terminam aqui pela Praça da República, pois percebo que, no final, o chato sou eu, somente eu, e nada muda, vez por vez, tudo como dantes no quartel de Abrantes.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O chato sou eu, o incomodado sou eu, e os incomodados que se mudem, ainda vão me dizer, mesmo que eu não queira me mudar, mesmo que ame morar perto do trabalho e ame meu bairro, onde nasci e cresci, inclusive.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É... Pensando bem, melhor ficar calado.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Só espero que chova, mas que chova bastante, para ver se some o cheiro ruim que a tudo domina.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #37404e; font-family: inherit; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Só isso.</span></div>
</span></span>Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-75509457203267727172013-10-04T16:00:00.000-03:002013-10-04T16:00:04.849-03:00Sobre dormir na rua<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">22/08/2013</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Você anda pelo Centro da cidade apressado, correndo para chegar no seu trabalho e se depara com um morador de rua dormindo placidamente no meio da calçada. A primeira coisa que pode pensar é "que vagabundo preguiçoso. Tamanho dia nascido e o folgado ainda dormindo". </span><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Aí, quando bate meio-dia, você sai do seu trabalho e vai almoçar, tudo na correria porque o tempo sempre é curto. Mais uma vez, voc</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; line-height: 18px;">ê se depara com o mesmo morador de rua dormindo placidamente no meio da calçada. O cara nem se moveu de tão pesado que dorme. Mais uma vez você pensa "olha o vagabundo preguiçoso. Tamanho sol quente, meio do dia, e o folgado ainda dormindo, nem se moveu".<br /><br />Quando você sai do trabalho para ir para casa, por fim, já encontra o vagabundo meio acordado, meio dormindo, mas aí já nem pensa muito nele, pois só quer chegar logo no conforto do seu lar e dane-se o resto.<br /><br />Deixa eu contar um segredo?<br /><br />Muitos moradores de rua dormem pesado durante o dia, com o sol quente queimando, com barulho do trânsito e tudo, porque é o único momento do dia em que têm segurança.<br /><br />Eles não dormem, demaiam, após noites em claro tentando se proteger de muito coisa ruim que encontram nas ruas.<br /><br />Então, enquanto você dorme na segurança do seu lar, o morador de rua perambula de forma insistente, pois não pode dormir. Se dorme, o mundo vem e engole a ele.<br /><br />E dia eles desmaiam onde for...</span></span>Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-38637575754059148582013-10-04T10:00:00.000-03:002013-10-04T10:00:00.700-03:00Se não fosse pelo quase<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWVtVNdh-JJXPriYD1yV5piuxjdVEQ4_Tk1ZUJ1GpgEX39Sm1Qvw8v6-bStVtQwP8MRVCrz75pNbdoMqB5yjHI2uTl-ckuW2Mmai3D81P7AcRfhwEoo-7ICC_lnTFe7N37uPllxYQ3wUs/s1600/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWVtVNdh-JJXPriYD1yV5piuxjdVEQ4_Tk1ZUJ1GpgEX39Sm1Qvw8v6-bStVtQwP8MRVCrz75pNbdoMqB5yjHI2uTl-ckuW2Mmai3D81P7AcRfhwEoo-7ICC_lnTFe7N37uPllxYQ3wUs/s320/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" width="320" /></a><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;">01/10/2013</span></span><br />
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Se não fosse o quase eu estava morto agora. </span><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Audiência na Unama BR em dia cinzento de chuva. Estaciono o carro perto do prédio principal e saio andando.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Uns 10 passos depois, estoura um raio no para-raio que fica no topo do prédio, e faz um estrondo tão alto, e uma luz tão forte... aí pensei: vou morrer de raio? que merda!!</span><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Meu ouvido começou a zumbir e fiquei muito tonto na hora. Quando dei po</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; line-height: 18px;">r mim, estava encostado numa parede perto das lanchonetes, quase caindo pelas tabelas. Nem sei como cheguei lá. Perto de mim estava um segurança, que estava perto do meu carro e, consequentemente do raio, ele também atordoado e assustado.<br /><br />O para-raio ficou esfumaçando. Quase todos os carros dispararam os alarmes. Os pelos do corpo ficaram arrepiados por uns 20 minutos direto.<br /><br />Agora, quase 40 minutos depois, muita dor de cabeça. Pescoço e ombros formigando. Mal estar. Tontura.</span></span>Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-5864231311252584812013-10-03T23:53:00.000-03:002013-10-03T23:53:07.122-03:00Vacinação<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Quando Letícia nasceu, optamos por fazer as vacinas na rede pública de Belém. Já tinha feito isso com Maria, que hoje tem 12 anos e fez todas as vacinas no Posto de Saúde da Cremação. No caso da Letícia, escolhemos o Posto de Saúde do Guamá, principalmente por conta do amplo estacionamento.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">Algumas pessoas me criticaram por tal decisão, usando um tom meio que de nojo e admiração por "colocar" min</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; line-height: 18px;">ha filha em um posto de saúde pública: se tinha "condições", por que submeter minha filha àquilo? Um absurdo!<br /><br />Absurdo, para mim, é pagar uma pequena fortuna por vacinas que são dadas de graça em qualquer posto público. E desde quando ter "condições" significa não usufruir do que tenho direito. Eu também pago por aquilo quando pago meus impostos. Como assim?<br /><br />Pois bem, algumas observações sobre o Posto de Saúde do Guamá, mais especificamente do setor de vacinas:<br /><br />1. As atendentes da vacina são extremamente carinhosas e atenciosas com todos, sempre prontas a tirar dúvidas e a ajudar. E como são sempre as mesmas, acabam conhecendo as crianças e seus pais, o que torna o clima bem menos tenso. A Brenda Carepa já cansou de sentar com elas e fazer mil perguntas, assim como diversas outras mães fazem - todas sempre bem recebidas.<br /><br />2. Algumas vezes não pegamos fila. Outras vezes estão uma ou duas pessoas na nossa frente. Uma vez somente, uma única vez, fomos em dia de campanha de vacinação e esperamos quase 30 minutos. Tirando isso, tudo corre rápido e tranquilo lá.<br /><br />3. Certa vez, um famoso político apareceu lá para tomar vacinas. Ia para a África e precisava delas para viajar. Este famoso político estava acompanhado da Diretora do Posto e, como qualquer cidadão, e não poderia ser diferente, esperou pacientemente na fila sua vez sem qualquer benefício ou favor. Umas duas crianças depois da gente ele foi atendido.<br /><br />Do mais, não posso dizer. Do que sei, digo. A gente tanto critíca e não custa elogiar</span></span>Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-38103323274441139572013-10-03T23:32:00.000-03:002013-10-03T23:32:05.545-03:00Leia antes de sair...<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Segundo
o <a href="http://mapadaviolencia.org.br/" target="_blank">Mapa da Violência</a> divulgado em 2012 pelo <a href="http://www.institutosangari.org.br/" target="_blank">Instituto Sangari</a>, em 30 anos, entre
1980 e 2010, a taxa de crianças e adolescentes assassinados no Brasil cresceu
346%. Foram 176.044 mortes por homicídio nesse período.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Somente
como comparação, na Guerra do Vietnã, que durou 20 anos - entre 1955 e abril de
1975 - morreram 58.220 norte americanos. </span><span style="font-family: inherit;">Ou seja, o número de crianças e adolescentes mortos no Brasil, em 30 anos de
paz, é três vezes maior do que o número de soldados norte americanos mortos em
20 anos de guerra.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">
Percebam que, por enquanto, estou falando somente de crianças e adolescentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A
coisa fica mais chocante se pegarmos o total de homicídios no Brasil, país sem
disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civil, enfrentamentos
religiosos, raciais ou étnicos: 1,091,125 vítimas de homicídio nos mesmos 30
anos - 1980 a 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO5THb7HhvwABbR8JRw7dzVO4XN5SLo4NDkN-twK_LgzwymC8lTLv2A85E-sWaPQOltpRzELIVyzA0-JSwXfO9HOYiJfOvFvT2yhmWABq0umLmZ6vEymifBxUS_c3D3zoQleMDbxQBK-c/s1600/DSC02816.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO5THb7HhvwABbR8JRw7dzVO4XN5SLo4NDkN-twK_LgzwymC8lTLv2A85E-sWaPQOltpRzELIVyzA0-JSwXfO9HOYiJfOvFvT2yhmWABq0umLmZ6vEymifBxUS_c3D3zoQleMDbxQBK-c/s320/DSC02816.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Entre
2004 e 2007</b>, nos <b>12 maiores conflitos armados</b> registrados no mundo, Iraque
[76.266 mortos], Sudão [12.719 mortos], Afeganistão [12.417], Colômbia [11.833],
Rep. Dem. do Congo [93347], Sri Lanka [9.065], Índia [8.433], Somália [8.424],
Nepal [7.286], Paquistão [6.581], Índia/Paquistão (Caxemira) [4.956] e
Israel/Território Palestino [2.247], temos um <b>total de 169,574 homicídios</b>
(fonte: Global Burden of Armed Violence, divulgado pela Geneva Declaration
Secretariat – <a href="http://www.genevadeclaration.org/">www.genevadeclaration.org</a>).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>No
Brasil</b>, no<b> mesmo período</b>, 2004 a 2007, foram <b>192,804 homicídios</b> – registros gerais. Matamos mais do que os 12 maiores conflitos armados do mundo. Inacreditável!!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">
E o Pará, que em 2000 teve 806 homicídios, em 2010 registrou 3.482 –
crescimento de 332% em dez anos. Perdemos somente para São Paulo (5.745), Bahia
(5.288), Rio de Janeiro (4.193) e Minas Gerais (3.538).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E
o Pará, que em 2000 teve taxa de 13 homicídios por 100 mil habitantes, em 2010
teve taxa de 45,9 homicídios por 100 mil habitantes. Perdemos somente para
Alagoas (taxa de 66,8) e espírito Santo (50,1). Em 2000 ocupávamos a 21ª no
ordenamento de UF por taxas de homicídios. Hoje estamos num honroso (?)
terceiro lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No
mesmo período, 2000-2010, Belém teve um <b>aumento de 128,9% no número bruto de
homicídios</b>. Em 2000 foram 332 vítimas, quase uma por dia. Em 2010, passamos para
760 vítimas, duas por dia. Usando o mesmo critério, número bruto de homicídios,
a Zona Metropolitana de Belém teve um aumento de 383,5% nos mesmos 10 anos – só
perdemos para a Zona Metropolitana de Salvador, com aumento de 493%.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Somos
a <b>oitava capital onde mais se morre de morte violenta</b>, usando-se como critério
a taxa de homicídios por mil habitantes (somente para comparar, Rio de Janeiro
é a 23ª. São Paulo é a 27ª). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tudo
isso, dados brutos e friso, interpretados em planilhas e relatórios, acabam se
revelando de forma cruel na nossa vida por meio do medo. <b>MEDO</b>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O
<a href="http://www.ipea.gov.br/portal/" target="_blank">IPEA</a>, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em pesquisa de 2010 na qual
perguntava aos entrevistados sobre o grau de medo em relação a serem vítimas de
assassinato. O resultado é alarmante: no Brasil, 79% da população têm muito
medo de ser assassinada; 18,8% pouco medo; 10,2% manifestou ter nenhum medo. Em
outras palavras: <b>oito em cada 10 brasileiros têm muito medo de fazer parte das
assustadoras estatísticas acima</b>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mas
vamos às boas notícias, pois, sim, também temos algumas boas notícias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O
número e taxa de homicídios no Brasil vinham em crescimento constante desde
1970, 13.910 homicídios, com taxa (em 100 mil) de 11,7. Tais números seguiram em franco crescimento até 2003, quando chegaram ao auge,
51.043 homicídios, taxa (em 100 mil) de 28,9. A partir de então, começaram a
apresentar pequena queda e relativo equilíbrio até 2010, data do relatório:
49.932 homicídios e taxa de 26,2.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Será isso um bom sinal? Precisamos de um...</span></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-54423352575900356422013-09-29T23:41:00.000-03:002013-09-30T21:16:45.089-03:00Marcelo, muito prazer.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSLWh80SEGbNg2t4yJZk1ALyRygfj3men1EAcLJRRRbDZ08fqO_NF5WH5l_IyJ1vC3RT93t3DMLB51veU-ETB_gDHpf3tBoMtrrQfDJou3sCWQDx9bLhzyh9YS42Vf3MNa8d29XloWMiQ/s1600/Velhice.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSLWh80SEGbNg2t4yJZk1ALyRygfj3men1EAcLJRRRbDZ08fqO_NF5WH5l_IyJ1vC3RT93t3DMLB51veU-ETB_gDHpf3tBoMtrrQfDJou3sCWQDx9bLhzyh9YS42Vf3MNa8d29XloWMiQ/s400/Velhice.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Desde que voltei a morar neste prédio antigo, fiz amizade
com uma velha senhora que sempre encontrei pelo elevador. Primeiro, me chamou
atenção sua permanente alegria e bem tratar a todos. Depois, as antigas blusas
do Clube do Remo, que vez ou outra ela usava, todas datadas da década de 70 e
80, originais e muito bem conservadas. Entre idas e vindas, nos
apresentamos. Ela se apaixonou por Letícia e descobri que não morava aqui,
mas sim sua mãe, uma mais velhinha ainda, muito doente, a quem vinha visitar e cuidar todos
os dias.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Certa vez nos encontramos no elevador e ela, sempre
muito sorridente e educada, me cumprimentou com um “<i>Bom dia, Marcelo.</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“<i>Bom dia Senhora Dalva
, mas meu nome não é Marcelo, é Fernando.</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“<i>Oh, meu filho, me
desculpe... Minha memória anda ruim, ruim, coisas da idade.</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Travamos um breve papo, sem maiores constrangimentos, até que chegamos em nossos
respectivos andares. Dias depois, novamente nos encontramos na portaria. Ela me
deu um forte abraço e um beijo, pegou carinhosamente no meu rosto e perguntou “<i>Marcelo, onde está a princesa Letícia</i><i>?</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“<i>Princesa Letícia
está lá em cima com a mãe, mas lembre, meu nome não é Marcelo, é Fernando</i>” falei
novamente entre risos, para deixar claro que, apesar da troca, não havia
gravidade no fato.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“<i>Meu filho, me desculpe,
mil perdões. Eu sempre troco seu nome. Fernando. Fernando.</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Novamente, até os respectivos andares, seguimos em alegre
papo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Faz um mês a encontrei na portaria. Agitada e
alegre, veio ao meu encontro dizendo “<i>Marcelo! Marcelo! Meu filho, comprei um presente lindo para a princesa
Letícia. Vocês vão adorar. Posso ir mais tarde entregar</i><i>?</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“<i>Claro que pode.
Quando a senhora quiser, peça ao porteiro para interfonar e suba, vai ser um
prazer lhe receber</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Já constrangido, preferi não corrigir. Somente avisei ao
porteiro, que presenciou tudo: “<i>Quando
a Senhora Dalva quiser ir lá em casa</i>,<i> na casa do Marcelo, lembre a ela que me
chamo Fernando, não Marcelo, e diga para subir.</i>”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mais tarde ela foi fazer a entrega. Assim que abri a
porta, dei de cara com aquele rosto marcado pelo tempo e olhos felizes, muito
felizes, e ela logo me deu um abraço e disse: “<i>Marcelo, espero que você e sua esposa gostem do presente.</i>” Novamente, não corrigi.<br />
<br />
Foi uma pequena festa a atenção dela com nossa filha, o
presente simples, dado com carinho e atenção. Muito bom recebê-la.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nos últimos dias, diferente de sempre, percebi a
Senhora Dalva triste, muito triste...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
De relance, em um encontrão no elevador, ela me disse que
sua mãe andava doente, que estava internada em estado grave no hospital, que não podia visitá-la sempre, poucos minutos por dia, e que isso vinha fazendo
mal às duas. Acho que ela quase começou a chorar, os olhos vermelhos que
revelam logo a dor, e, felizmente, chegamos rápido em nossos andares, ou também
choraria ali diante de tanta tristeza e medo. Durante muitos dias, sempre que nos encontrávamos no
elevador, era sobre a velha mãe que conversávamos, sobre como ela iria melhorar
e sair logo do hospital, voltar para casa e ver mais um círio ao lado de toda a
família.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As semanas passaram e hoje, depois de algum tempo, voltei a
encontrar a Senhora Dalva no elevador. Vinha ela e seus dois filhos, mais sua irmã e o
sobrinho. Ela fez festa quando me encontrou. Explicou a eles que eu era o
Marcelo, um bom amigo do prédio, alguém com quem podia contar e com quem conversava sobre as mazelas da mãe. Contou que eu tinha uma filha linda, a
princesa Letícia, e que ela havia dado um presente para a princesa Letícia, e
que ela havia ficado muito feliz por ter presenteado a filha do amigo dela.
Disse ainda que eu havia dado força durante a internação da mãe, que
agora estava boa e curada, de volta para casa, pronta para o Círio, conforme havia dito. Falava isso enquanto me abraçava carinhosamente, a velha Senhora Dalva,
fazendo festa enquanto seus familiares sorriam felizes e
me cumprimentavam.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando chegamos ao andar em que desceriam, já saindo do
elevador seu filho se virou, deu um grande sorriso, apertou minha mão e falou, “<i>Obrigado pela força, amigo... Nem sei como
agradecer. Como é mesmo seu nome</i><i>?</i>”</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
“<i>Marcelo, muito
prazer.</i>”</div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-18227707016796633282013-09-26T21:50:00.002-03:002013-09-26T21:50:50.985-03:00Duas escovas de dente e um supositório<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Tio Flávio era um homem
baixinho, altura que sempre foi acompanhada pelo tom da sua voz. Chamá-lo de
tio era uma liberdade e tanto diante da nossa relação distante: ele era tio da
minha madrasta, que me recuso a descrever como madrasta, pois é minha mãe tanto
quanto minha mãe o é. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Tio Flávio eu via pouco, quase
somente nas festas de família, e sempre era eu quem lhe dava carona de volta
para casa, pois ele dizia que eu dirigia com calma, e ele era um homem calmo,
então combinavam, meu dirigir e seu temperamento.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Outra característica de tio
Flávio era a forma suave de enfrentar problemas, tudo representado nas diversas
histórias que nos faziam gargalhar.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Tio Flávio tinha uma grande casa
em Mosqueiro, beira da praia, casa daquelas antigas cheia de quartos e salas,
e, justamente por isso, sempre cheia de filhos e amigos de filhos, e primos e
amigos de primos, e, algumas vezes, até pessoas que ele nem sabia quem eram,
todos recebidos sempre com muito carinho. Em uma dessas vezes, segundo nos contava,
pelos seus cálculos estavam hospedadas mais de 40 pessoas entre redes, camas e
colchonetes. Acontece que a casa só tinha um grande banheiro de uso comum,
imaginem a bagunça que era aquilo, e então, lá pelo meio do dia, alguém reparou
que tio Flávio andava pelos longos corredores de camisa social sem mangas e
bermuda, com sua escova de dente pendurada no bolso da camisa tal qual fosse
uma caneta. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Questionado, a resposta foi
simples e certeira: </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“<i>meu filho, com tanta gente em casa, será que todos trouxeram escova de
dente? E eu vou bem deixar a minha escova lá? Melhor ela aqui, pois assim sei
que ninguém a usou</i>.”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Isso me fez lembrar de história
contada por uma amiga de minha mãe, professora universitária, pessoa muito boa,
muito boa mesmo, que certa vez, nos idos de 1970, recebeu em sua casa um senhor
vindo de interior muito remoto, meio aparentado, para que fizesse um breve
tratamento de saúde em Belém.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A amiga de minha mãe mostrou-lhe
o quarto de hóspedes e o banheiro único da casa, deu-lhe uma chave para que tivesse
liberdade para exames e consultas, e assim voltou para sua intensa vida
acadêmica. Depois da chegada do homem, quando acordava de manhã percebia sua escova de dente úmida, como se tivesse acabado de ser usada, coisa que se repetia depois do
almoço e depois do jantar... Até que, em um belo dia, flagrou seu aparentado escovando os dentes com sua escova e então entendeu tudo: </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“<i>Seu Fulano, essa escova é minha. O senhor tem que usar a sua escova!</i>”
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“<i>Ah, é tem uma escova para cada um? Achava que era que nem vassoura, uma
para a casa toda...</i>”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E este mesmo senhor, depois de
uma consulta médica, recebeu receita pela qual teria de usar supositórios. Ele
trouxe a receita para a amiga de minha mãe. que o acompanhou até a farmácia e,
juntos, compraram o medicamento. Por achar que ele sabia o que fazer com
aquilo, e para evitar o constrangimento que sempre envolve o uso dos
supositório, a amiga de minha mãe ficou calada, já tendo feito sua parte. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Dias depois, ao perceber que o
homem não melhorava do problema de saúde, muito ao contrário, piorava, a amiga
de minha mãe perguntou: </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“<i>Senhor Fulano, está usando direitinho o remédio que o médico passou, o
supositório?</i>” </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“<i>Dona Fulana, eu bem que tentei, mas aquela pílula é muito grande, quase
morro engasgado com aquilo. Depois da segunda, desisti.</i>”</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUabQebEXJNcxId2kEooc7PLhBTEIwhTrycr5cKx_JDk94nPYWu04lbiUiLYu9dLDgG0gRjqbUM2yK-NFy9u4wCbpE5kNPQBMQEwsj3Y5yhZYubBxYHrx3Cce9Zx2jhxs1DOhZts1eS_4/s1600/Supositorio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUabQebEXJNcxId2kEooc7PLhBTEIwhTrycr5cKx_JDk94nPYWu04lbiUiLYu9dLDgG0gRjqbUM2yK-NFy9u4wCbpE5kNPQBMQEwsj3Y5yhZYubBxYHrx3Cce9Zx2jhxs1DOhZts1eS_4/s320/Supositorio.jpg" width="320" /></a></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-65587293463878135712013-09-24T21:00:00.000-03:002013-09-24T21:00:08.059-03:00Sobre adoção<div class="" style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Olhem que coisa bacana foi decidida hoje no STJ: é possível adoção póstuma, mesmo que o processo de adoção não tenha se iniciado em vida. </span><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">No caso que foi analisado e decidido hoje, a relação foi constituída desde que o adotado tinha somente seis meses de vida. </span><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">“</span><i style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Portanto, devem-se admitir, para comprovação da inequívoca vontade do adotante em adotar, as mesmas regras que comprovam a filiação socioafetiva: o tratamento do adotado como se filho fosse e o conhecimento público dessa condição</i><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">”, afirmou a relatora, ministra Nancy Andrighi,</span><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">no que foi seguida pela maioria da Terceira Turma do STJ. </span><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">A ministra ressaltou que o pedido judicial de adoção, antes do óbito, apenas selaria, com a certeza, qualquer debate que porventura pudesse existir com relação à vontade do adotante.</span></span></div>
<div class="" style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><span class="" style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Em todas as situações sociais, de festas de família, encontros entre amigos e consultas médicas, o adotante informava que a criança era seu filho, o que deixou bem claro aos juízes sua vontade incontestável de adotá-lo, o que, por fim, foi obtido após seu óbito. </span><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">O processo corre em sigilo judicial por envolver menor, por isso não sei informar o número.</span></span></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-58839914743125037922013-09-23T01:20:00.000-03:002013-09-23T01:20:40.118-03:00A secura da vida<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">O motorista da van me parece muito
triste. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Apesar de ser educado com todos,
ajudando no que pode, é clara sua secura diante de qualquer alegria que lhe
pareça pelo caminho. Vai calado a maior parte do tempo, olhos atentos na
estrada árida que continua a se revelar após cada curva, alerta aos braços
estendidos quase que pedindo socorro, pedindo carona, sob o sol inclemente do norte
do Tocantins.<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXdkoBQ8uJ6cSL2bZFz0TeP8Yg_3hAp_PolqleSQbFWI3LagAyBR5iAUUsZEgnhWDOlQdfb7dteelITACdjeNwAsYR_9OvO9JzDdJ_xaOi10-6j3eywG8I-egdvF4L1MytrFmztc0UgBA/s1600/foto+(10).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXdkoBQ8uJ6cSL2bZFz0TeP8Yg_3hAp_PolqleSQbFWI3LagAyBR5iAUUsZEgnhWDOlQdfb7dteelITACdjeNwAsYR_9OvO9JzDdJ_xaOi10-6j3eywG8I-egdvF4L1MytrFmztc0UgBA/s400/foto+(10).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As mãos calejadas de quem vive na estrada.</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Partimos da Araguaína, TO, com
destino a Conceição do Araguaia, sul do Pará, em viagem prevista para durar
cerca de 4 horas, duração incerta diante de tanta precariedade que existe por
ali.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Messias (nome fictício), aos
poucos vai me revelando história tão sem cor quanto o cinza constante da
estrada que nos faz companhia sem fim. Nasceu no sudeste do Brasil e casou
cedo, um casamento em que havia amor e sempre vontade de estar perto. Tiveram
três filhos e viviam felizes em uma pequena cidade, até que o filho mais velho
teimou montar em cavalo. O pai deixou, e, obra cruel do destino, houve logo uma
queda que lhe quebrou o pescoço. Como reflexo, sua morte prematura ainda acabou
com o casamento dos pais, a mulher que agora culpava o marido pela perda sempre
lamentada. Depois de alguma tentativa e muita rejeição, aceitou o que pedia a
esposa e foi-se embora para canto qualquer que fosse distante, e nisso deixou
para trás o amor que teve um dia e duas filhas que numa mais viu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Foi tentar a sorte em Palmas,
capital do Tocantins, trabalho árduo de sempre estar com pressa e correndo de
um lado para o outro. Messias era o apoio de motoristas de micro-ônibus e vans,
todos de pequenas cooperativas, que, não podendo ser onipresentes, dependiam
dele e de seus carros para distribuir os passageiros pelos grotões mais
distantes da cidade. Com um celta e uma Kombi, mais ajuda de um motorista
contratado, apanhava as pessoas na entrada da cidade e as levava para o aeroporto
ou rodoviária, ou qualquer outro local que fugisse à comodidade dos <i>vanzeiros</i> já cansados.</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8Modtr3_D1h_dR6J53CP7yiSqRnBVh4-o-OOOQEU1rYfZpyge3WlClcgPpzgHKTb_7dMfnLSHOKfKzgkfMEaBSZaraAIJmu-zUtGqrQ3-4GZptk24kO27SrMH5bv0r68ZVAGz4l-1AHE/s1600/foto+(2).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8Modtr3_D1h_dR6J53CP7yiSqRnBVh4-o-OOOQEU1rYfZpyge3WlClcgPpzgHKTb_7dMfnLSHOKfKzgkfMEaBSZaraAIJmu-zUtGqrQ3-4GZptk24kO27SrMH5bv0r68ZVAGz4l-1AHE/s400/foto+(2).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada que não tem fim.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Em Palmas, Messias casou de novo.
Teve mais duas filhas e seguia firme na tentativa de sobreviver ao final do
mês, mas não tinha horário nem desculpas, sempre pronto aos chamados de apoio
aos quais não podia recusar. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Seguia nessa vida até que se
cansou de tudo, mais o casamento que acabou, a tristeza da perda do filho que o
perseguia e uma briga com seu motorista, e por tudo isso decidiu vender o que
tinha e rumar mais ao norte, o boato de que havia necessidade de transporte
entre Araguaína e Conceição do Araguaia, rota boa, cheia de gente esperando na
secura da estrada de sol quente de sempre.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Conseguiu uma van de segunda
mão, carro ainda bom e que cabia no seu bolso. Em Araguaína, se juntou a uma
cooperativa na qual tinha amigos e começou a dividir rotas e horários. Por lá
foi tudo tranqüilo, os serviços do grupo que o favoreciam com guichê,
funcionários e resolução de burocracia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Em Conceição foi diferente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Começa que e a cooperativa só
tinha autorização para fazer rotas estaduais, atravessar o rio Araguaia em
direção ao Pará não podia. Em tese, ele só poderia ir até Couto Magalhães,
última cidade tocantinese antes da fronteira. Ocorre que o grosso do povo
estava em Conceição, então havia duas opções: atravessar na ilegalidade ou
morrer de fome.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Conceição foi só dureza.</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinu2z0-eZMksMwobKpJ5B0Hr-lrh_xk157RSuWaHmvpFQnYb8E0mvxY1C6413RwKn4kXrMm23y9a5CZBHRNSznzYp30VqIlyMdHGb1t5C5MAQNh83yZxlU3UmLt5PAU5xA90JhqPUOM-g/s1600/foto+(11).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" height="315" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinu2z0-eZMksMwobKpJ5B0Hr-lrh_xk157RSuWaHmvpFQnYb8E0mvxY1C6413RwKn4kXrMm23y9a5CZBHRNSznzYp30VqIlyMdHGb1t5C5MAQNh83yZxlU3UmLt5PAU5xA90JhqPUOM-g/s400/foto+(11).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A vida da família regulada pela vinda da van.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Sozinho, sem ajuda da
cooperativa do Tocantins, teve que procurar, alugar e reformar um local que é,
em tudo, tudo para aquele homem: garagem para a van, oficina, venda de
passagens, despacho de mercadoria e casa, mas casa, neste contexto, é algo bem
diferente do que conhecemos. Casa, para Messias, é varrer o chão para tirar o
grosso da poeira do salão onde muitos andam durante o dia, apagar as luzes e
dormir em um colchonete fino que acaba com suas costas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Pior do que isso, foram os
concorrentes, eles também ilegais no Tocantins, eis que só podiam rodar dentro
do Pará, mas de olho na rota de Messias, que começaram lançando boatos terríveis
de que era ruim motorista, de que já havia mesmo sofrido acidente com vítimas
fatais. Ao perceberem que a necessidade de ir era maior do que o medo incutido,
e que os passageiros continuavam a seguir com aquele homem, começaram a
atazaná-lo com multas e fiscalizações constantes que tiravam, dia após dia, o
pouco do lucro que surgia. </span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij7j8b67PYyOiau773v4VM5PS3tW-p2zu52HPpcJGQojdoR8NC5BtbH7t1i4S0gggjQmq0lp0N2enCzazVHR3WLETQAK9s9nBJJkle-ksDV4pI6MJUyKK6NHN1YJ_Yk7lwkGyzjkdB2-o/s1600/foto+(1).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij7j8b67PYyOiau773v4VM5PS3tW-p2zu52HPpcJGQojdoR8NC5BtbH7t1i4S0gggjQmq0lp0N2enCzazVHR3WLETQAK9s9nBJJkle-ksDV4pI6MJUyKK6NHN1YJ_Yk7lwkGyzjkdB2-o/s400/foto+(1).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A poeira toma conta de muita coisa, de quase tudo, ao redor da estrada,<br />mesmo com tanta água bem ao lado.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Para isso a solução foi simples,
uma conversa franca com o fiscal resolveu o assunto: “<i>Eles te pagam? Se sim, deixa eu te pagar também e me deixas em paz. Recebe
deles e recebe de mim, mas me deixa em paz.</i>” Então, o fiscal ganha de lá, e
diz que atazana, mas também ganha daqui, e acabou virando tranqüilidade na vida
de Messias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Após alguns anos na rota
Conceição-Araguaína-Conceição, ele diz que finalmente tem paz, se é que pode se
chamar de paz a secura de sua vida. Aos 57 anos, diz que tem medo de jogar
futebol no final de semana, ou mesmo fazer alguma coisa mais arriscada, pois,
para ele, ficar doente por cinco dias significa cinco dias sem ganhar dinheiro.
Certa vez, no futebol, quase torceu uma perna e então percebeu a gravidade que
era se divertir. Teve medo e hoje prefere qualquer coisa onde não possa se
machucar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Leva vida bem regrada, sem
qualquer mudança de rotina. Acorda todos os dias às 06:00 para verificar o
carro e encher o tanque. Depois, das 07:00 em diante, até a hora da saída de
Conceição, ficar arrumando malas e caixas e acomodando os passageiros. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Chega em Araguaína, 232 km
depois, por volta de meio dia, se não houver sobressaltos. Almoça rápido,
sempre pouca coisa, e novamente verifica o carro já se preparando para o
retorno ao Pará, marcada para 16:00. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Chega novamente em Conceição já
com a noite caída, perto de 20:00, e, até desembarcar todos os passageiros, diz
que chega no ponto às 21:00, hora justa para arrumar o que tiver de pendência, tomar
banho e sair para comer um churrasquinho na rua, tudo bem rapidinho, pois tem
que estar dormindo antes das 22:00.</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQXzqC8k171sxb6v89cjo1Mu8LTBmlAZx01qTxT3-UxHzH7KyD2o2He5azs1xRIE4ywMF9umokbHGNIo5vF7oNrek_g4NsAYzccnMRNpiOcl_fVA8hBf2L8STjvgPQfjZeAQRwGFsswRo/s1600/foto+(2).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQXzqC8k171sxb6v89cjo1Mu8LTBmlAZx01qTxT3-UxHzH7KyD2o2He5azs1xRIE4ywMF9umokbHGNIo5vF7oNrek_g4NsAYzccnMRNpiOcl_fVA8hBf2L8STjvgPQfjZeAQRwGFsswRo/s400/foto+(2).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mesmo quando a estrada é boa tudo treme em buraco<br />ou remendo que seja.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Apesar de não ser bonito,
castigado pela poeira da estrada e pelo tempo, Messias diz que toda a noite tem
uma mulher “<i>enchendo o saco</i>” na porta
do ponto querendo diversão, todas achando que ele tem muito dinheiro, o homem
que tem um ponto de van e um carro que dá grana fácil todos os dias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">O dinheiro... Bem, esse vai
quase todo para as filhas do primeiro casamento, a quem insiste em enviar
mesada mesmo que estejam casadas e já tenham lhe dado cinco netos, mais as
filhas que moram em Palmas e que ainda precisam de tudo para estudar e viver e
crescer.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">O que resta, diz ele, é tanta miudeza,
tão pouca coisa, ainda mais diante das muitas contas inesperadas que surgem a
cada dia, uma simples peça quebrada que pode significar o lucro de uma semana
toda e um final de mês no vermelho. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Messias diz que nunca sofreu
assalto nas estradas do Tocantins, mas já sentiu que não devia parar para
determinado passageiro, ele que conhece cada boca de entrada de fazenda ou
sítio, e chama muitos dos que pedem carona pelo nome, sabendo mesmo quem são, o
que fazem ou o motivo da viagem. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7X5oEdJtpyXlSKiQ1Xy3l0-4g1e-uOWLlbCxZkCGbsIwdruspuq2gMhsxwhDE2N2m-Ba7Ws3KpS30PkZQQoKwekvDkD-Lwcfv_vUgVqNfSv3MqDsOT1k-EPbySltMm9BY1pRVWbQERVc/s1600/foto+(5).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7X5oEdJtpyXlSKiQ1Xy3l0-4g1e-uOWLlbCxZkCGbsIwdruspuq2gMhsxwhDE2N2m-Ba7Ws3KpS30PkZQQoKwekvDkD-Lwcfv_vUgVqNfSv3MqDsOT1k-EPbySltMm9BY1pRVWbQERVc/s400/foto+(5).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Olhar perdido na beleza do Araguaía</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Certa vez, diz que foi Deus, pressentiu
que um homem desconhecido estava armado, e, quando fitou melhor a figura, pode
ver a arma em volume feito por sobre a blusa. Há o medo, mas também a sorte de
não rodar no Pará, onde motorista amigo seu já morreu torturado por bandido, onde
vans e ônibus são parados a bala quase toda a semana.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Perto do fim da viagem, pergunto
se não teme fiscalização dos órgãos competentes, ao que ri e me explica como
acontece: “<i>o pessoal estadual vem de vez
em quando, mas é galho fraco. Perigo mesmo é o povo da agência federal, porque
a multa é grande. Quando é assim, logo avisam e a gente entoca o carro onde
der, larga passageiro onde der e fica ali escondido pelo tempo que for.</i>”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">“<i>E a família? Quando o senhor a vê?</i>”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">As meninas do sudeste, nunca.
Lembra do menino perdido e fica triste, prefere ficar aqui onde consegue
esquecer. Já as meninas de Palmas, vez ou outra consegue vê-las quando vai à
capital resolver alguma pendência do carro, tudo sempre rápido, só de passagem,
pois a ex-mulher tem a vida dela e ele não gosta de atrapalhar.</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRqejYWjXzNysUMuf5E4TS91dDg2vsE33pcqskJLJTHUnTXYjh9R7p096Z_RTWLfOY0S81N_o7j9oejLYGODxeqAm7K4TJdVg3lJ2kD39qsqmc4w45e0RGmc0OZoOPkfrnXnb57cWtv4c/s1600/foto+(1).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRqejYWjXzNysUMuf5E4TS91dDg2vsE33pcqskJLJTHUnTXYjh9R7p096Z_RTWLfOY0S81N_o7j9oejLYGODxeqAm7K4TJdVg3lJ2kD39qsqmc4w45e0RGmc0OZoOPkfrnXnb57cWtv4c/s400/foto+(1).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A estrada é democrática. Velho ou novo, a vida de todos passa por ali.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">No dia dessa viagem sou o único
passageiro de um trajeto que certamente dará prejuízo. Somente o tanque cheio
do dia sai por uns 150 reais - e minha passagem nem chega a 50. Ao longo do
caminho vão surgindo mais pessoas, trajetos diferentes, menores em sua grande
maioria, mas dinheiro pouco que faz toda a diferença para aquele homem. Explica-me
que, se no final dia conseguir 200 reais, certamente pode considerar esse dia como
ganho. Paga o tanque de combustível, paga seu jantar, paga algumas das despesas
fixas e ainda sobram uns trocados para a reserva que tenta sempre ter em mãos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Nem sempre isso acontece, isso
que nem é tanta coisa: muitas vezes pega a estrada sozinho, sem nenhum
passageiro na van, e ainda acontece de pegar pouca gente no asfalto. Quando é
assim, mesmo na certeza do prejuízo, tem que sair: “<i>Primeiro, esse povo conta comigo. Faz anos que saio sempre nestes
horários, então tem gente que regula toda sua vida pela minha passagem.
Segundo, tem muito urubu querendo a minha rota. Se eles passam antes, quem
sempre me espera fica lá, firme, faça chuva ou faça sol, sabendo que eu vou
chegar. Mas, se eu falhar um dia que seja, deixam de confiar e acabam pegando a
outra van. Aí eu perco tudo.</i>”</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBCwtfiG_at8jEg4AABX5Xm0PnZfk8kcy0gKjlItq9aqDFd2TAOCBrXyL6EulUrYR0StUqhiU040PpiwYayNkzagVXMmRJd-M8VJZURPFpAsq7mG3OKe8owYyLRIWL6ADbj1HTspG0b68/s1600/foto+(9).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBCwtfiG_at8jEg4AABX5Xm0PnZfk8kcy0gKjlItq9aqDFd2TAOCBrXyL6EulUrYR0StUqhiU040PpiwYayNkzagVXMmRJd-M8VJZURPFpAsq7mG3OKe8owYyLRIWL6ADbj1HTspG0b68/s400/foto+(9).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Araguáia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Ali tudo é incerteza, nada
costuma ser igual ao dia que passou. A única coisa que nunca muda são as curvas
da estrada, sempre as mesmas, já quase decoradas na cabeça daquele homem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Dias próximos de feriados, final
de ano e suas festas, meses de julho e agosto, são os meses de trabalhar como um
robô e fazer o dinheiro que der, época de investir no carro e pagar o que
estiver atrasado. Segundo me conta, nestes dias os passageiros fazem fila nos
terminais e pontos de estrada, uma pressão tão grande por partir que, não raro,
acaba em briga apartada pela polícia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Nos outros meses, quase a
maioria do ano, segue a seca de venda de passagens e a queima do que se guardou
nos meses de bonança. Nesse vai e vem, me conta, não sabe se terá dinheiro para
trocar aquele carro que, visivelmente, está se acabando entre o pó da rota
diária. E se fosse somente essa a incerteza...</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEUPOnSCfZl1HSTKzuZ5lHRA2JTFXkkk455Sw2U7OElKeW_PBf9_kmEF8JGpS5ncGtGz3LRJZNZ1ZHqYkF2VqOSC1faBzaUaJCPoFGYuFUxnfzaDo1FVsx3t_mXNP8yHRuUYmYWRb-qjk/s1600/foto+(8).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEUPOnSCfZl1HSTKzuZ5lHRA2JTFXkkk455Sw2U7OElKeW_PBf9_kmEF8JGpS5ncGtGz3LRJZNZ1ZHqYkF2VqOSC1faBzaUaJCPoFGYuFUxnfzaDo1FVsx3t_mXNP8yHRuUYmYWRb-qjk/s400/foto+(8).JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tanta secura onde há tanta fartura de tudo.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">Messias resume bem o povo que
vive ali, pequenas tristezas que se perdem na vista e somem diante da beleza
indescritível do Araguaía, securas de vida que fazem surgir pessoas duras e
forjadas no trabalho, a necessidade de viver e sobreviver, ainda mais diante de
tanto esquecimento e descasos de quem é oficial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: inherit;">Olhares perdidos na balsa entre Xambioá e São
Geraldo resumem tudo: mesmo diante de tanta beleza, a testa não deixa de
demonstrar preocupação e a dureza da vida que os ronda.</span></span></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-88342309381723515662013-09-22T22:47:00.000-03:002013-09-22T22:47:25.715-03:00Outra do Besta<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Voltando de viagem, cansado e fora de casa fazia cinco dias, já chegava na Praça da República por volta das 12:30 quando pego um senhor engarrafamento na Tiradentes, tudo parado por conta do sinal. </span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Eu e o taxista já sem assunto, aquele clima sem graça no ar, quando nossa fila anda um pouco mais e avançamos. </span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Nessa história de avançar, vejo que passamos por um carro idêntico ao da minha mãe, inc</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">lusive, com minha mãe dentro. Como ela também é minha vizinha, além de mãe, nada assustador encontrá-la na rua que vai para casa.<br /><br />Comento tal fato com o taxista:<br /><br />- Olha, é minha mãe aqui ao lado! Ela nem deve saber que voltei de viagem.<br /><br />O taxista responde com um sorriso feliz diante da coincidência, o que faz surgir um personagem até então escondido no carro: o Besta.<br /><br />O Besta diz:<br /><br />- Já sei, vamos fazer uma surpresa para minha mãe. Estamos uns três carros adiante, então vá atrasando o trânsito até emparelharmos...<br /><br />E o taxista, gente boa, boa-fé, começou a atravancar o fluxo de propósito para ficar bem ao lado do carro da mãezinha do Besta, feliz por promover um encontro familiar tão inesperado.<br /><br />Carros buzinando, todos com pressa para chegar onde deviam, e aquele homem lerdando no meio da pista, sorriso bobo no rosto, pronto para fazer uma boa ação.<br /><br />Com somente um carro de diferença, o Besta diz:<br /><br />- Acho que já dá para ela me ver.<br /><br />Enquanto escutava buzinas e mais reclamações, o Besta abre a janela e coloca os braços para fora dando tchau, com seu sorriso mais bobo-besta-emocionado pelo encontro materno.<br /><br />- Mãe!!! MÃE!!! MÃAAAAE...<br /><br />Nem lhe deu bola a mãe, então volta para dentro cabisbaixo e o taxista o consola:<br /><br />- Calma, Dr., ela ainda está longe. Deixa chegar mais perto e o senhor tenta novamente.<br /><br />Menos de meio carro de diferença, novamente o corpo para fora chamando atenção da saudosa mãezinha, mas nada ainda. Grita mais alto e nada. Faz mais adeus com os braços e nada.<br /><br />Então, a fila do lado anda e o carro da mãe fica bem ao lado do Besta, janela com janela.<br /><br />Taxista e passageiro se olham com cumplicidade. Agora sim, ela vai ver.<br /><br />Corpo quase todo para fora, mãos a quase tocar no vidro do carro ao lado e taxista buzinando em ritmo de comemoração de final da Copa.<br /><br />Na calçada, duas senhoras param para ver a cena. No carro da mãe, nenhum sinal de terem percebido o Besta, então, num último esforço, ele se estica e faz um toc toc na janela da motorista.<br /><br />Felicidade. FELICIDADE.<br />A mãe o percebe e começa a abrir o vidro.<br /><br />Alegria realizada, finalmente, a não ser por um pequeno detalhe: não era a mãe.<br /><br />Era alguém muito parecida com a mãe, num carro igual ao da mãe e na rua onde a mãe mora, mas não era a mãe.<br /><br />O que restava fazer com a assustada mulher que lhe encarava de forma inquisidora naquele engarrafamento?<br /><br />- Desculpa senhora... Achei que fosse minha mãe.<br /><br />Visivelmente braba, o Besta ainda pôde escutar um "tá doido..." enquanto a mulher, agora ex-sua mãe, fechava o vidro na sua cara.<br /><br />De volta ao taxi, clima de total constrangimento somente quebrado pelo seguinte diálogo:<br /><br />- O senhor está fora de casa faz tempo?<br /><br />- Estou fora faz uns cinco dias, mas vejo minha mãe sempre...<br /><br />- E daz tempo que não vê sua mãe?<br /><br />- Desculpa, amigo, mas ela era tão parecida que realmente confundi. Incrível. Desculpe.<br /><br />- O problema, Dr., é que o senhor não deve ser nada parecido com o filho daquela senhora. Só isso.<br /><br />Sábio taxista.</span>Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-31899594856456638862013-08-13T19:31:00.002-03:002013-08-13T19:31:29.945-03:00Eis o Besta<br />
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Entro no elevador e aperto no meu andar. Dentro estavam três pessoas somente, contando comigo. Uma delas era a moradora do 14º andar, logo a reconheci, e como não vi outro andar marcado no painel, somente o meu e o 14º, pressupus que a terceira passageira fosse a mãe da moradora do 14º andar que, como já disse, reconheci.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Uma informação sobre a família do 14º andar – são pessoas muito carinhosas e educadas. Sempre vejo a filha acompanhando o pai, e vejo que existe um clima muito bom de companheirismo e amor entre eles. Só vi a mãe uma única vez, mas, realmente, não prestei atenção na sua fisionomia.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Como a menina do 14º andar estava bem ao lado da mulher, a terceira passageira, e como não havia nenhum outro andar marcado no painel, ou assim eu achava, lógico supor que aquela era a mãe da menina do 14º andar.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E, como eles sempre puxam papo comigo, puxei papo com ela, a suposta mãe. Papo vai, papo vem, o elevador para no 8º andar e a mulher, suposta mãe, começa a sair.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Na minha cabeça acendeu o alerta – ELA VAI DESCER NO ANDAR ERRADO. SALVE-A, FLIPER.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Nesta hora surge o quarto passageiro que estava, até então, escondido, esperando o momento certo para se revelar – o Besta.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">O Besta então olhou para a mulher, com sua melhor cara de besta, e olhou para a suposta filha, ainda com sua exemplar cara de besta, avisando com o olhar desesperado que a suposta mãe estava descendo no andar errado.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">O Besta olhou para a suposta filha pedindo socorro com os olhos – EI, EI, SUA MÃEZINHA ESTÁ DESCENDO NO ANDAR ERRADO. NÃO PERMITA.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E como ninguém fazia nada, nem a suposta mãe que descia no andar errado, nem a suposta filha, apática diante do suposto erro, o Besta resolveu fazer melhor e falou.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- A senhora está descendo no andar errado, minha senhora.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- Não, esse é o meu andar...</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Já comovido com aquela mulher completamente enganada por seus sentidos, o Besta ainda colocou de forma educada a mão no braço da mulher e disse, bem carinhoso, como se falasse com um bobo teimoso:</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- Não, esse é o 8º andar e a senhora mora no 14º andar.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- Não, meu querido, eu sempre morei no 8º andar.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Diante da mulher que só podia estar fora de si, o Besta ainda virou para a suposta filha, que olhava tudo sem entender nada, e disse:</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- Sua mãe está descendo no andar errado.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E a suposta mãe, já com seu pior olhar piedoso, responde ao Besta.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- Também nunca fui mãe dela – e fechou a porta.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Clima de velório no elevador...</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Visivelmente assustada, quem sabe trancada naquele cubículo à mercê de um perigoso doido, a suposta filha fitava o Besta meio temerosa, com as costas grudadas na cabina.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- Desculpa, eu realmente achei que era sua mãe.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">- Nem de longe ela parece minha mãe.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Aí o besta achou melhor se calar, chegar em casa, fechar as janelas, passar uma semana trancado, fazer as malas e se mudar na calada da noite, escondido, ainda mais agora que os vizinhos devem estar achando que ele faz o combo drogado/babum/perturbado/retard.</span></div>
<div class="" style="text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px;">
<span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Desculpem, vizinhos.</span></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-35774460341750750362013-07-12T22:37:00.000-03:002013-07-12T22:37:10.127-03:00Enquanto isso, no interior do Pará...<span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">A chegada assusta.</span><span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span><span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span><span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Cerca de 20 homens fortemente armados com metralhadoras, fuzis, pistolas e revólveres, entre PMs e agentes da Susipe, todos tensos, descem de um Gol prata e um Fiat Stylo vermelho descaracterizados que acompanham o camburão. Do lado de fora, mais um Gol preto, igualmente descaracterizado, com mais quatro PMs.</span><span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span><span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span><span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">As ruas ao redor do forum são completamente isoladas com cones, cord</span><span class="Apple-style-span" style="color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;">as e barreiras de metal e madeira: ninguém entra e ninguém passa, e acho mesmo que ninguém quer chegar perto do perigoso circo. Em cada um dos muros laterais do se posiciona um PM armado com fuzil, pronto para qualquer coisa e em constante atenção. Nas poucas e miseráveis casas que ficam em frente, muitos curiosos se debruçam nas janelas para ver o espetáculo.<br /><br />No pátio de entrada do forum, amigos e familiares dos presos esperam por horas na esperança de ver e falar, mesmo que de longe, com aqueles que há muito estão afastados do convívio diário por conta do crime. Além deles, lá estão também as testemunhas e advogados dos réus presos, em um canto mais distante conversando em voz baixa.<br /><br />O clima é tenso e não poderia ser diferente: dentro do camburão está parte do bando que entrou armado em Garrafão do Norte, cidade pequena no fim da linha de uma estrada, e a fez refém. Buscavam assaltar um posto bancário e conseguiram parar a cidade com tanta bala que dispararam. O bando que é capaz de tal ousadia pode muito bem providenciar tentativa de resgate igualmente violenta e absurda.<br /><br />O assalto ao Posto Bancário foi em fevereiro de 2010, por volta de 08 h 30 min. Os assaltantes não pediram para entrar, simplesmente explodiram a porta giratória da entrada com tiros de escopeta e pistola. Já dentro, distribuíram farta munição em todas as direções. Entre gritos e palavrãos, o teto e as paredes foram crivados de balas, além de móveis e pessoas, marcas que ainda permanecem no local de forma incômoda, e na memória das cicatrizes.<br /><br />No final, pegaram as armas dos vigilantes, mais 150 mil reais, e ameaçaram todos de morte caso tentassem alguma coisa. Sairam atirando a esmo no meio da rua, na Praça da Prefeitura cheia de gente, para intimidar qualquer possibilidade de perseguição ou reação. Foi um corre corre geral, cada qual querendo se esconder o mais distante possível, e assim conseguiram fugir com os reféns expostos na caçamba da caminhonete.<br /><br />Fizeram o coordenador do posto, mais dois segurança de reféns, e rodaram com eles por cerca de 20 minutos. No final, aterrorizados, os coitados foram largados em uma das marginais da estrada de Capitão Poço. Finalizaram com um "agradecimento" ao bancário: "o senhor é um cara bacana. A gente ia ontem na sua casa pegar sua mulher e sua filha, mas preferiu vir aqui fazer o serviço."<br /><br />...<br /><br />Só de lembrar ele treme, diz que fica nervoso e que não entende como ser bancário no interior do Estado se tornou tão perigoso.<br /><br />Após 37 anos em serviço entre Capitão Poço, Xinguara, Redenção e Garrafão, ele conclui: "Só recentemente percebi que há algo estranho no meu ouvido. Ele zumbe em algumas ocasiões. Foi culpa desses caras: me apressando para tirar o dinheiro do cofre deram um tiro bem do lado do meu ouvido, só para intimidar. Eu achei que tinha sido atingido a queima roupa..."<br /><br />...<br /><br />- O que devo falar?<br />- Eles vão te perguntar sobre o assalto. Se souber, responde. Se não souber, não tenha vergonha e diga claramente 'não sei'. Se tiver dúvidas, diga isso ao juiz antes de qualquer resposta.<br /><br />...<br /><br />Segundo o funcionário, quando é lançado alerta vermelho de assalto, a PM ajuda muito. Algumas vezes, quando podem, providenciam escolta entre Capitão Poço e Garrafão. Ou então, colocam uma viatura na frente do posto. Não dá para fazer sempre assim, a PM que acaba resolvendo quase todo o tipo de bronca nesses interiores, e mesmo que se providencie escolta entre as cidades, e mesmo que se plante uma viatura em frente ao posto, existe a certeza de que um novo assalto vai acontecer, isso é certo, faltando responder somente o quando.<br /><br />...<br /><br />- E sua casa, tem algum esquema especial?<br />- Meu esquema é Deus, só Deus! Não tenho como pagar vigilância e nem o Banco pode pagar para todos seus funcionários. Também não quero a possibilidade de tiroteio em casa, um vigilante contra assaltantes e minha família no meio. Se eles vierem, e eu sei que essa chance existe, que venham em paz, façam o que precisam e partam sem confusão.<br /><br />...<br /><br />- Na noite anterior ao assalto, percebi a S-10 preta me seguindo. Foi o mesmo carro usado no dia seguinte. De noite, quando percebi que havia algo estranho, liguei para minha esposa e disse: 'quando vir meu carro embocar na rua, abre o portão bem rápido e assim que eu entrar feche mais rápido ainda.' Chegando na frente de casa fiz uma curva fechada e entrei com velocidade. Minha mulher estava assustada, sem entender nada, e ainda percebeu o carro preto no início da rua já dando a volta. Ela me pediu cuidado e quase não dormiu de noite.<br /><br />...<br /><br />A audiência começa na Sala do Juri: além dos advogados, juiz, promotor e serventuários da justiça, oito PMs e dois agentes da Susipe. Em seguida entram as testemunhas de acusação, todos muito assustados, e logo se sentam no local pré-determinado na plateia. Para a leitura da denúncia, entram os cinco réus em fila indiana e fortemente algemados, em uniformes azuis e laranjas quase sem cor. Os agentes de segurança, de forma instintiva, levam as mãos às armas e redobram a atenção. As testemunhas, que estão ali com o dever de incriminá-los, abaixam as cabeças intimidados e ficam em silêncio.<br /><br />A leitura da denúncia é maçante e cheia de informações minuciosamente colhidas durante quase um ano. Quase ninguém presta atenção, até porque os que deveriam tirar algo de importante dali já a conhecem de cor e salteado.<br /><br />...<br /><br />No final, testemunho prestado, todos se sentem aliviados com o término do terror: os presos voltam a ser colocados no camburão, mas ainda conseguem enviar sorrisos e beijos aos parentes que choram de saudade, e que esperavam desde tão cedo na parte de fora do forum.<br /><br />Em seguida, forma-se a fila de carros caracterizados, carros descaracterizados, todos os homens armados em estado total de atenção, o medo constante de um resgate que provavelmente pode significa a vida de todos - até mesmo dos bandidos, eis que nunca se pode excluir uma queima de arquivo.<br /><br />Levantadas as barreiras postas no meio da cidade, tudo parece voltar ao normal, inclusive o medo, quase certeza, de que não demorara muito para que o terror volte a se instalar, mais uma quadrilha ousada em busca de riqueza fácil num bangue bangue urbano.</span></span>Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-53766902947114960342013-07-09T19:06:00.001-03:002013-07-09T19:06:45.699-03:00Sobre Cura Gay
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:shapedefaults v:ext="edit" spidmax="1026"/>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:shapelayout v:ext="edit">
<o:idmap v:ext="edit" data="1"/>
</o:shapelayout></xml><![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWXIBotiEYuE4DRUwNpaQ8jG4ZdsDzONe2esShYqDKQRjjRhj2X5OXpfboluakbTHmM8Pi39vtKgDmcgsCIrJTZ6tmzJzSI1f1oOgf3WGCGPVkfxNStmboU6vRkf5RsWtcGRzBiOz-v0w/s1600/Vaernet.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="279" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWXIBotiEYuE4DRUwNpaQ8jG4ZdsDzONe2esShYqDKQRjjRhj2X5OXpfboluakbTHmM8Pi39vtKgDmcgsCIrJTZ6tmzJzSI1f1oOgf3WGCGPVkfxNStmboU6vRkf5RsWtcGRzBiOz-v0w/s320/Vaernet.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O médico Carl Vaernet<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">, o </span>Marco Feliciano do Nazismo</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
O que mais assusta no
surgimento da Cura Gay é justamente o fato de ser o ressurgimento da Cura Gay.
Não achem vocês que a brilhante ideia é original, algo inovador saído da cabeça
do deputado federal João Campos do PSDB de Goiânia e acompanhado bem de pertinho
pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o Feliciano.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Não… A coisa é antiga e
eles tiveram bons professores nas aulas de infâmia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">O medico dinamarquês Carl
Vaernet, conhecido como Matador de Gays, comandou no campo de concentração de
Buchenwald algumas das experiências com cobaias humanas mais insanas de que se
tem notícia.</span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIm83JmjwxTm5mII2hNt3BD0JLCLyhO6VxTiUADGGEQfdqOswG8vgZF79Qamvp6-sJ0OZEYq1P_SLGx5ezvoaKcGf8NciODKP70MnkxBsjWDp9NcASLXQKHG85pmiJ_7pgVRwXC4MLR2c/s1600/images.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIm83JmjwxTm5mII2hNt3BD0JLCLyhO6VxTiUADGGEQfdqOswG8vgZF79Qamvp6-sJ0OZEYq1P_SLGx5ezvoaKcGf8NciODKP70MnkxBsjWDp9NcASLXQKHG85pmiJ_7pgVRwXC4MLR2c/s1600/images.jpeg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O triângulo rosa marcava os homossexuais nos<br />campos de concentração<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> </span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Ele achava que a
homossexualidade tinha “cura” e usou prisioneiros para tentar provar sua tese.
A maioria das vítimas apenas recebia uma injeção com coquetel de hormônios no escroto,
mas ao menos 17 chegaram a ter glândula artifical implantada sob a pela – e existem
relatos de que alguns tenham sido capados. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4gKblvPhuqXNfjJuMwOVeZ1FBJtFkI5H39mR_y8qmbJjIJtymFw1kKDoSbvPyR6lfwaOS1MGaeiXx-iFs1DZhn_mRIEqOHKgHHc389CTja9P_lADQ1ectBC82BiS0bTLPzDEmR4r06c8/s1600/tumblr_lvtvgezxuN1r7h99ho4_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4gKblvPhuqXNfjJuMwOVeZ1FBJtFkI5H39mR_y8qmbJjIJtymFw1kKDoSbvPyR6lfwaOS1MGaeiXx-iFs1DZhn_mRIEqOHKgHHc389CTja9P_lADQ1ectBC82BiS0bTLPzDEmR4r06c8/s320/tumblr_lvtvgezxuN1r7h99ho4_500.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O resultado da Cura Gay nazista:<br />o que aprendemos com isso, Feliciano?</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Nenhuma das cobaias de
Vaernet teve sua homossexualidade “curada”, é óbvio. Na verdade, praticamente
todas morreram em decorrência de complicações pós-operatórias e severas infecções.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 16pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<!--EndFragment-->Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-69714484068471871882013-06-21T00:31:00.003-03:002013-06-21T00:31:53.122-03:00Então...
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Hoje ocorreu uma segunda marcha aqui em Belém que
pretendia ser igualmente pacífica. No começo existia muita dúvida acerca de
tudo, pois houve uma grande desorganização após a primeira: várias marchas
marcadas para o mesmo dia e horário, vários locais e pautas diferentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Isso é normal: um espaço surgiu e depois ficou
vago, e muitas pessoas surgiram para tentar ocupá-lo. Não foi oportunismo, nem
nada parecido, mas as pessoas estavam com um grito preso na garganta e queriam
ir às ruas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Na quarta-feira, dia 19/06, foi marcada uma
reunião aberta na Praça da república para tentar então definir uma única marcha
na quinta-feira, dia 20/06, além de demandas a serem levadas ao Prefeito, e foi
assim ocorreu: muitos movimentos, alguns partidos, todos querendo falar, falar,
falar, e nada decidir. Foram quase cinco horas de reunião em que mais se viu
uma briga de egos do que outra coisa. Desta vez não era mais o povo, já eram os
partidos, o mesmo de sempre, e foi então que a coisa desandou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Por lógica tentamos escolher um horário razoável:
reunir a partir das 16 horas e sair às 18 horas. Por prudência tentamos o
percurso Praça da República – São Brás. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Perdemos em tudo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O que ganhou: sair às 15 horas do CAN com destino
à Prefeitura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Às 15 horas, quando poucas pessoas podem ir...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Destino à Prefeitura, justo onde poderia ocorrer
depredação e vandalismo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Perdemos em tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O que restava? Tentar organizar o que havia sido
decidido e torcer que não resultasse em maiores problemas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Na manhã de quinta houve novo encontro com o
Comando da PM e da Guarda Municipal, e novamente se afirmou natureza pacífica
do movimento. Informamos local de saída e chegada, e provável horário de saída,
mesmo que ainda houvesse forte discussão sobre isso. O Comando da Guarda, já
neste momento, informou que o Prefeito iria falar conosco na Praça, ou uma
comissão seria formada e ele a receberia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">13:30 da quinta-feira, dia 20/06 – chego no CAN e
me deparo com poucas pessoas. Fui logo falar com o Comando da PM presente, que
já tratava de assuntos práticos com o Defenso Público Vladimir Koenig. Muitos
tentavam atrasar o horário, mas as pessoas que estiveram presentes na reunião
aberta do dia anterior não abriam mão do horário escolhido por elas. Depois de
muito barulho, percebendo que havia uma maioria querendo sair mais tarde, assim
aceitaram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Por volta de 16:00 tentamos sair pela primeira
vez, no que já fomos impedidos por um grupo que fazia questão absoluta de sair
na frente da marcha com sua enorme faixa. Assim como eles haviam vários outros.
Alguns toparam ir para trás da marcha, aceitando que só fossem na frente
aqueles que tinham bandeiras do Brasil e do Pará.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Depois disso, mais briga... Muitos outros queriam
sair na frente, acho que numa tentativa meio estranha de assumir a autoria
daquilo tudo, sendo que o autor de tudo era o povo! Depois de uma pequena ação
de guerrilha, conseguimos passar as bandeiras do Brasil e do Pará para a frente
e finalmente saímos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Depois descobrimos que um outro pequeno grupo
resolveu sair antes de tudo e de todos, sem avisar nada a ninguém, e nisso os
PMs também foram juntos e acabamos nos distanciado do comando da PM e ficando
sem apoio... Mas nada disso nos abateu diante da festa enorme que rolava!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">A marcha foi linda, nem preciso dizer. Foi
organizada, foi ordeira e foi alegre... Rimos muito, todos que ajudavam a
organizar, e assim seguíamos. Até um determinado ponto fui acompanhado por meu
tio Augusto Pombo que fazia fotos. Na Presidente Vargas vi minha esposa e minha
filha, e meus pais na janela. Muitas famílias, muitas pessoas com crianças e
não somente jovens – uma das pessoas que mais puxava gritos e ajudava em tudo
era um senhor acho que cego de um olho, a miséria estampada no rosto, e que não
arredou o pé até o fim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">No meio da marcha, uma surpresa: toca meu celular
e alguém diz “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">um segundo, o Prefeito vai
falar!</i>” Rapidamente pedi silêncio ao povo ao redor e conversamos de forma
muito breve: ele poderia receber uma comissão dos manifestante, ou poderia
descer e conversar conosco ali na praça. No final de uma breve conversa
acabamos decidindo que ele desceria e falaria, e escutaria, e o que mais
ocorresse, desde que não houvesse violência. Era o mais junto e democrático
diante de um movimento sem líder e sem organizador, feito pelo povo, para o
povo. Tentei procurar o Ricardo Silva, outra pessoa que está ajudando a
organizar tudo, mas ele havia passado mal e teve que abandonar a marcha pelo
caminho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Já próximo do Ver-o-Peso me adiantei um pouco para
chegar antes à Prefeitura e lá encontrei novamente o Vladimir Koenig já
tratando da vinda do Prefeito e do que aconteceria depois. Nossos planos: para
evitar violências, nós nos sentaríamos todos no chão e o Prefeito, também
sentado no chão, nós escutaria e veria onde poderia ceder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Já neste momento o povo começou a fazer muita
pressão junto à grade que protegia a Prefeitura, e cada vez fazia mais e mais.
Pedimos, gritamos, que fizessem o acertado e se sentassem, e logo aí vimos que
não daria certo... Enquanto muito gritava SENTA, poucos gritavam NÃO SENTA. E
logo uma minoria ligada a alguns movimentos e partidos começou a hostilização
idiota de hostilizar tudo e todos pelo simples fato de hostilizar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O Prefeito veio até a grade, cumprimentou a mim e
ao Vladimir, e logo foi cercado por muitos líderes e lideranças, todos com suas
pautas em mão pedindo para serem ouvidos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O Prefeito deixou bem claro – ou falaria com
todos, ali na praça, ou não falaria com grupos separados, mas sim com a união
dos grupos que haviam organizado a marcha... Justo, mas aí surgia o problema:
aquele movimento havia sido organizado pelo povo sem a participação de nenhum
partido ou movimento. Por mais que eles quisessem tomá-lo, não há dúvidas de
que ali ocorria algo voluntário – Não há líder! Não há organizador! Todos nós
somos lideres e organizadores, porque somos o povo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Nesta hora começaram a jogar objetos. Primeiro foi
uma bandeira do Brasil, depois uma garrafa de água, depois um ovo... Nesta hora
fui bem sincero: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">melhor entrar, Prefeito.</i>
Enquanto ele voltava ao prédio da Prefeitura, mais objetos eram jogados e ainda
tentamos pedir calma, gritar SEM VIOLÊNCIA e SEM PARTIDO, mas já era tarde –
bem ao meu lado havia um dos Comandantes da Guarda Municipal, homem alto e
grande, quase 2 metros, acho, que pedia calma e fazia gestos neste sentido, e
de repente ele foi atingido em cheio no pescoço por uma pedra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Eu lembro bem do barulho seco da pedra batendo
nele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Lembro de ver sangue.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Lembro de vê-lo sem nenhuma reação e tombar no
chão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Eu e o João Henrique Santos, que estava ao lado,
corremos até ele e nos colocamos por cima para evitar que fosse atingido por
novos objetos que chegavam. O João foi atingido por uma pedra. Eu tive uma
sorte imensa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Como esse Guarda Municipal estava sozinho lá fora,
meio distante dos demais, eu e o João tentamos carregá-lo para dentro mas
simplesmente não conseguíamos. Desacordado, o corpo não tinha nenhuma rigidez e
simplesmente braços e pernas tombavam como se ele estivesse em sono profundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Ainda sob pedradas, só conseguimos levar o homem
para dentro com a ajuda de mais três ou quatro guardas, não lembro bem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Lá dentro foram prestados os primeiros socorros e
ainda voltei lá fora para tentar controlar as coisas, mas aquelas pessoas não
queriam controle, muito menos conversar. Fui xingado e, diante de novos
objetos, levado para dentro por um dos guardas que também corria para se
abrigar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Exigiam que o Prefeito fosse lá fora conversar com
ela, mas jogavam pedras. Pediam paz, mas jogavam pedras. Gritavam SEM PARTIDO,
mas balançavam suas bandeiras quase nas fuças dos Guardas Municipais que
protegiam a entrada do Prédio com escudos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Foi quase uma hora de grande tensão. Ficamos
sitiados dentro da Prefeitura: Guardas, alguns manifestantes, jornalistas e
servidores municipais. Poucos vândalos jogando muitas pedras e ameaçando
invadir o prédio, num claro intuito de provocar a polícia a agredi-los
primeiro. Tanto a PM quanto a GMB evitaram qualquer atitude, só passando a agir
quando os vândalos não mais se seguraram: além das pedras jogadas começaram a
tentar arrombar as portas da Prefeitura e a quebrar os vidros, e então a PM,
acho, jogou a primeira bomba de gás.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Se nós que estávamos ilhados dentro do prédio
sofremos com o gás, imagino os que estavam lá fora. Neste momento pudemos sair,
e logo corremos por uma outra porta para evitar maiores risco. Somente a Guarda
Municipal ficou lá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Na saída ainda circulei pela frente do Palácio,
mas já não encontrei nenhum conhecido. Também não encontrei famílias ou os
estudantes que antes cantavam felizes o Hino da nação... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Só encontrei rostos cheios de um riso feliz e
estranhamento sádico, pessoas que observavam aquilo tudo achando de uma beleza
sem igual... Pedras jogadas, portas sendo chutadas e vidros quebrados... Eles
pareciam gostar muito de tudo aquilo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Mais bombas foram jogadas, mas logo que passava o
efeito os gafanhotos voltavam... Por fim, a PM jogou uma grande quantidade de
bombas e acho que turba acabou por se dispersar. Minha garganta e olhos ainda
queimam. Depois veio a chuva e resolvi voltar para casa. Sem bateria no
celular, achei que estariam preocupados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Disso tudo, o que posso tirar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Primeiro: sou de uma ingenuidade tremenda, quase
beirando o besta. Achar que partidos e movimentos respeitariam a vontade do
povo foi muito até para mim. O mais engraçado é ver pequenos partidos ou
movimentos muito segmentados achando que podem tomar conta da vontade do povo.
Um dos gritos de sempre é SEM PARTIDO, no sentido de que não queremos partidos
ali, que aquilo é nosso. O mais engraçado é perceber pequenos partidos e
movimentos segmentados seguindo o mesmo rumo dos grandes – cada vez
representando menos a todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Segundo: toda essa manifestação do povo foi tomada
de forma mesquinha por pessoas que não querem conversar, não querem resolver e
nem sabem o que querem. Eles não querem resolver porque precisam estar sempre
brigando, porque somente assim sabem viver. Infelizmente eles são mais
organizados do que nós, então eles ganham.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Terceiro: essas pessoas sofrem de séria
esquizofrenia. Primeiro xingam o Prefeito, mas quando ele aparece se chegam
todos carinhosos e de fala mansa apresentando suas pautas. Primeiro pedem que o
prefeito venha falar com eles, mas depois jogam ovos e pedras. Primeiro querem
ser recebidos como lideranças de algo que seja, mas não aceitam que existam
outras lideranças e nem outra causa, pois só a sua causa é válida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Sim, todos nós fomos ingénuos. Os poucos de hoje
não apareceram na primeira marcha porque marchamos de nenhum lugar para lugar
nenhum. Assim que puderam, mudaram os rumos justamente para onde queriam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Relato tudo isso porque realmente não sai da minha
cabeça. O som seco da pedra batendo no pescoço. O som da madeira cedendo ao
chutes. O barulho das bombas de gás. O gás queimando garganta e olhos...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Uma pena que tenha terminado assim uma marcha com
quase 20 mil pessoas pacíficas. Uma marcha absolutamente calma, cheia de jovens
risonhos e felizes por estar ali. Uma marcha onde vimos uma senhora idosa
balançando a bandeira do Brasil e resolvemos cantar o Hino Nacional em sua
homenagem. E não foram poucas as vezes em que os pelos do braço se arrepiaram
ou as lágrimas tentaram brotar, tanta era a emoção de ver aquilo acontecer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Podíamos esperar, mas não quisemos esperar.<o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment-->Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-71597692768942734192013-05-25T21:02:00.000-03:002013-05-27T23:57:20.294-03:00As três meninas<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:shapedefaults v:ext="edit" spidmax="1026"/>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:shapelayout v:ext="edit">
<o:idmap v:ext="edit" data="1"/>
</o:shapelayout></xml><![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
São três as meninas bonitas no barco, morenas que podiam representar qualquer lenda amazônica que envolva mulheres bonitas.
Morenas de cabelos longos e negros, lisos, e no rosto a certeza do local onde
nasceram, herança genética que nunca poderão esconder.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">São três as meninas bonitas no barco que não
viajam sozinhas: duas são acompanhadas por um estranho tio, figura que bem poderia representar qualquer estereotipo do submundo humano; a outra é seguida de perto
por uma tia-cão-de-guarda, senhora gorda e sebosa que fuma um cigarro atrás do
outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">São três as meninas bonitas no barco que seguem
caladas, mas com os rostos cheios de esperança, sempre sentadas de forma obediente
ao lados dos seu tutores que bebem muito e fumam muito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">São duas as histórias que contam, tão repletas de
felicidades que dificilmente se pode acreditar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">É somente um o destino: o Suriname.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Duas vão visitar a mãe, enquanto a outra pretende
reencontrar um namorado. Quando se pede mais informações surge a explicação do
tempo passado que tudo apaga da memória, desculpa perfeita dos que querem
calar: a mãe se mudou quando elas tinha 12, 11 anos, então nada se lembram. O
namorado já esta fora desde 2010, então nem sabe como será o reencontro. A
vagueza das respostas, impregnadas de receio, é observada com discreta aprovação pelo
tio e tia que só faltam balançar a cabeça diante do que parece ser o bem
mandado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">São três as meninas bonitas no barco, todas muito
novas em seus 18 19 anos, meninas já em corpo de mulher que fazem virar cabeças
e despertam olhares cheios de inveja.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">São três as meninas bonitas no barco que vão tirar
passaporte em Santarém. Depois de breve escala em Belém, partirão para uma vida
nova em Suriname, e me lembro dos rostos cheios de esperança, o Suriname
afamado por verter juventudes e vidas de mulheres jovens, quase sempre
brasileiras, local de muito garimpo e, por consequência, de muitos homens
solitários que desejam sempre mais e mais mulheres bonitas e jovens, igual às
três meninas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>bonitas e jovens que seguem
neste meu barco.<o:p></o:p></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfOcBvlgbh7GQwf6-kcP77qAj9NcHNgSZCDmtsFLTlZdd9XAYqAvIqrtYPVxiVxJ7dDBff894v2fibBYQUwvDGb1R98aEdkmgead-EW61CQN-Yp_sDuEar3DhXtPIE5qoYwapCnFusoXY/s1600/foto-6.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfOcBvlgbh7GQwf6-kcP77qAj9NcHNgSZCDmtsFLTlZdd9XAYqAvIqrtYPVxiVxJ7dDBff894v2fibBYQUwvDGb1R98aEdkmgead-EW61CQN-Yp_sDuEar3DhXtPIE5qoYwapCnFusoXY/s320/foto-6.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As sombras no Tapajós escondem muitas coisas que o Tapajós <br />
prefere não ver...</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Que sejam felizes! Que tenham sorte!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">E que o mundo não seja demasiadamente cruel com
seus sonhos e esperanças.<o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment-->Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-86157957600294410962013-05-22T20:27:00.000-03:002013-05-28T00:00:43.949-03:00O Leão III<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:shapedefaults v:ext="edit" spidmax="1026"/>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:shapelayout v:ext="edit">
<o:idmap v:ext="edit" data="1"/>
</o:shapelayout></xml><![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Por mais que, aparentemente, não haja ordem alguma
no amontoado de barcos ancorados no cais de Santarém, é fato que existe uma
organização que passa despercebida aos meros mortais, talvez fruto de anos de
sabedoria e entendimento entre o rio e os homens. Basta abordar qualquer
pessoa, informar seu destino e logo lhe serão dadas todas as opções de
transporte disponíveis.<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI262z5nAfMzfiRx17zuytxjd7d800LjP4odT1elTW_K344I3YkW6qIURDDvnc6SNbtHu2l62ykXO-wSFjoAnKAcULMTV_q72qL_E7F5CrflOhR3yYTsgsVFRkYXke664OBm_g9wvMTZI/s1600/foto-4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI262z5nAfMzfiRx17zuytxjd7d800LjP4odT1elTW_K344I3YkW6qIURDDvnc6SNbtHu2l62ykXO-wSFjoAnKAcULMTV_q72qL_E7F5CrflOhR3yYTsgsVFRkYXke664OBm_g9wvMTZI/s320/foto-4.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Leão III, barco valente.</td></tr>
</tbody></table>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Foi assim que cheguei ao Leão III, barco típico da
região Norte do Brasil, que comumente chamamos de gaiolas. Não há grande fuga à
regra: barcos de madeira, geralmente pintados de branco, em contraste com
outras cores extremamente vivas, com amplos espaços para atar redes e poucos
camarotes. No caso do Leão III, que faz o trajeto entre Santarém e Itaituba,
com escalas em Aveiro e Fordlândia, são dois déques apinhados de coletes
laranjas, além de barras de ferro azuis, com ganchos, nos quais serão
penduradas as redes que logo aflorarão por todos os lados. </span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSSqxvPKxQUhNiNRguDr-pZ_3l1-9WavX6Jpaex3nAmasTUHkrwtEltOkJhukNP_cPf9qn0r9VUogFHWvONPtyGyXA9chyphenhyphen-_HZr5B39xfnXnedd7xhqRRCn0zwFNcInYGW8pga92jiHa0/s1600/foto-2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSSqxvPKxQUhNiNRguDr-pZ_3l1-9WavX6Jpaex3nAmasTUHkrwtEltOkJhukNP_cPf9qn0r9VUogFHWvONPtyGyXA9chyphenhyphen-_HZr5B39xfnXnedd7xhqRRCn0zwFNcInYGW8pga92jiHa0/s320/foto-2.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As redes no Leão III no déque superior - neste momento ainda <br />
eram poucas.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">No déque superior se
localizam quatro camarotes para passageiros, compartimentos duplos, com
beliches e ar condicionado, espaços quase sem espaço em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">apertadura</i> surpreendente que assusta em primeira vista, mas que se
revela acolhedor ao longo da viagem. A completar a estrutura do barco, um
refeitório (com PF custando 10 reais), uma lanchonete (onde uma Coca em lata
custa assombrosos seis reais), um vasto porão e camarotes de tripulação
localizados bem acima da trepidação barulhenta do motor, no déque inferior.<o:p></o:p></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjANGuzhme1rG9trslJ_4pWJT-K4NOjCD43cIplP4MUBEkGkur-Gc-8MwVCHNt20TJgh-7RcU2SfOzBzCJU64HCDAX-4FI5_m5zxZAoYrbSqE5pNPBFgRC-NpHMtwonBmi7U6Lz5zx4YDw/s1600/foto-5.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjANGuzhme1rG9trslJ_4pWJT-K4NOjCD43cIplP4MUBEkGkur-Gc-8MwVCHNt20TJgh-7RcU2SfOzBzCJU64HCDAX-4FI5_m5zxZAoYrbSqE5pNPBFgRC-NpHMtwonBmi7U6Lz5zx4YDw/s320/foto-5.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O camarote 4 do Leão III - não se deixe levar pela imagem. <br />
Ele é bem melhor do que aparenta.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Aqui há de tudo: há doentes que terminam
tratamento em Santarém e voltam para casa, há pessoas que vão visitar parentes,
além dos muitos que, acostumados com o vai e vem da vida, trabalham numa ponta
ou outra do caminho. Algumas histórias chocam, como a senhora beneficiada do
TFD, Tratamento Fora do Domicílio, que se trata no Regional de Santarém e faz
regularmente a viagem pelo rio. Ela sofre de graves problemas na tireoide e
recebe somente as passagens de barco. Somente isso. Hospedagem e alimentação
ficam por conta dela, que faz verdadeiro malabarismo para seguir adiante com o
necessário cuidado médico. Suas reclamações são muitas: desde a confusão na
marcação de exames, o que já a obrigou a arcar com muitos deles com dinheiro
tirado sabe-se lá de onde; até o médico, que sabendo vir a paciente de longe,
se dá ao direito de faltar ao trabalho por razão qualquer. Quando a conheci,
havia sido exatamente assim: consulta marcada com antecedência, viagem
realizada e médico ausente. E volta a paciente no mesmo pé para sua casa, já
que não tem onde ficar, e nem como pagar um hotel ou comida, uma vinda
totalmente perdida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O Leão III singra pelo rio Tapajós, um dos mais
belos e mansos que já vi. O barco quase não balança no rio de poucas ondas,
diferente dos trajetos ao Marajó, seja para Soure ou Salvaterra (com uma baia
terrível no meio do caminho), ou para Afuá, pelo outro extremo (com duas baias
terríveis no meio do caminho).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O rio só balança quando chove, explica a senhora
responsável pela lanchonete e pela caixa de som que cospe tecnobrega em último
volume. Ela diz que muitos já se machucaram para valer no balançar quase
assassino de quando chove, movimento que joga as redes com violência contra
paredes e pilastras. Hoje temos calmaria, para nossa felicidade.<o:p></o:p></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixQ8jcnBQ4YtYi4084HMcwoZBSNGnIj4ZhRWgkXlNoDht-GBHv08MW7ThwPCEKiVa-lBXvQjVAGfHSUBivWu00nmBRY51Sc_0x47ooop-cvJdkFF2dMd3-9mGbMxVgArRIgdKXWq8roLI/s1600/foto.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixQ8jcnBQ4YtYi4084HMcwoZBSNGnIj4ZhRWgkXlNoDht-GBHv08MW7ThwPCEKiVa-lBXvQjVAGfHSUBivWu00nmBRY51Sc_0x47ooop-cvJdkFF2dMd3-9mGbMxVgArRIgdKXWq8roLI/s320/foto.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A risonha vendedora da lanchonete, sempre pronta ao bom papo.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Apesar da beleza do Tapajós, pouco se vê dá margem
tão distante, o rio que, em lugar comum, comparamos sempre com o mar. As
margens ficam longe, distantes da vista, o que também faz ficar longe o
ribeirinho e sua miséria, população praticamente à margem de tudo e todos,
dependente somente de si para sobreviver da forma que der. E se não vemos as
margens, vemos o ocaso no rio, assim como veremos o nascer do sol que promete
ser único, em luz que só deve existir aqui no Tapajós.<o:p></o:p></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcdc1kH_HS6QrsLUaperj2Rq-sid6Z4qXrT55FVLlHBIfAV7SEG_ANIu_wSsbTs0iziQ2_ZtNU_nLcOH8A6UGLGLwb2BR9USSZbsYHq-x6GcN3mNdtfMP_qQaOYuY4BGj0PAUhKNdWc5w/s1600/foto-1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcdc1kH_HS6QrsLUaperj2Rq-sid6Z4qXrT55FVLlHBIfAV7SEG_ANIu_wSsbTs0iziQ2_ZtNU_nLcOH8A6UGLGLwb2BR9USSZbsYHq-x6GcN3mNdtfMP_qQaOYuY4BGj0PAUhKNdWc5w/s320/foto-1.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A luz no Tapajós é única. Nenhum outro lugar apresenta cores <br />
iguais às do Tapajós</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Também há experiências que não podem passar
batidas, que deveriam ser experimentadas por todos que aqui habitam para que
pudessem entender bem o que é o Norte:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Estar num barco aparentemente frágil, em rio
enorme de vista sem fim, de margens perdidas no horizonte, embarcação
pontilhada de redes de diferentes panos, cores e tamanhos, diferenças que
remetem aos seus donos, uns índios, outros caboclos, uns portugueses, ricos ou
pobres, saudáveis ou doentes, todos em comunhão de espaço e em perfeita
harmonia, as redes que balançam em unidade como se empurradas por mão </span>única, invisível e divina; tudo envolvido pelo cheiro bom de comida caseira que sobe
do refeitório, onde ficamos ombro com ombro, não importando quem somos, todos juntos
apreciando a boa refeição, mas também a segurar o prato que treme de forma
alucinada por conta da trepidação do motor - e lá estamos bem acima do motor,
de onde vem o cheio de diesel que se mistura com o cheiro da carne assada e do
frango guisado. O refeitório do Leão III não permite apreciar a comida, que bem
merecia ser apreciada pela sua simplicidade, honestidade e tempero único, o
local de tremores mecânicos que só motiva o mastigar veloz para que possamos
nos liberar da fome e fugir para áreas mais aprazíveis da embarcação, tudo
embalado pelos acordes agudos do tecnobrega que abraça a todos, a caixa de som
enorme prostrada no balcão da lanchonete, vomitando amores perdidos em traição,
e que embala os que miram de forma automática o horizonte, olhar vazio, a
música alta que não possibilita pensamento interno ou íntimo, tudo regado por
latas de cervejas e mistos-quentes vendidos a preços absurdos àqueles que não
têm muitas opções.<br />
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-JAPIuYH4yha8LeAhJl3WXqNHxGUcIPJz5SMlrVVPcSeWC-cWuwmIdJLjiZJsJ3XSCLff7GfwQRNVqSfX2Kj31svOyH63UiJBOxASGNk6SfebG6d6GWN4oPMbITN-S0ZsBIWaPCFR9OE/s1600/foto-3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-JAPIuYH4yha8LeAhJl3WXqNHxGUcIPJz5SMlrVVPcSeWC-cWuwmIdJLjiZJsJ3XSCLff7GfwQRNVqSfX2Kj31svOyH63UiJBOxASGNk6SfebG6d6GWN4oPMbITN-S0ZsBIWaPCFR9OE/s320/foto-3.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Entrada do Camarote 4, meu lar nas 18 horas de viagem entre Santarém e Itaituba.</td></tr>
</tbody></table>
<o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment-->Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-29926345996702101922013-05-15T02:17:00.001-03:002013-05-15T02:17:31.916-03:00Vamos levantar do sofá?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Então, vivemos reclamando de tudo e de todos?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Então, ficamos sempre criticando o que consideramos errado, mas nada fazemos?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Queremos que as coisas mudem, mas não fazemos nada para mudá-las!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
As coisas só mudarão se a gente levantar e fizer algo acontecer!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Nós fizemos. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Em tempo recorde montamos o ciclo de debate abaixo.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Sem um tostão. Sem um centavo. Na cara. Na coragem.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Somente com vontade. E ajuda de quem pôde.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Tudo isso para mostrar que é possível fazer algo.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Qualquer coisa. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Basta querer.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Estejam conosco no evento abaixo. É o primeiro. Haverá um segundo.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
E um terceiro. E assim a gente ao menos discute.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Pensa.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Venham!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgawzXQS6_7vOsOla3hrDZbVE5DhpeT_MXuf8u4Q7ISeT5qFGksnZ4alTLV8ZpSbR4_wX3e0saOIJ5cKJgB4edMMGqm-ZKI-4-j9YmX-4at0pvd2xQXXAWQrGFd-KVWNIaSrD8hcVXxElM/s1600/projeto_a%CC%81gora.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="282" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgawzXQS6_7vOsOla3hrDZbVE5DhpeT_MXuf8u4Q7ISeT5qFGksnZ4alTLV8ZpSbR4_wX3e0saOIJ5cKJgB4edMMGqm-ZKI-4-j9YmX-4at0pvd2xQXXAWQrGFd-KVWNIaSrD8hcVXxElM/s400/projeto_a%CC%81gora.jpg" width="400" /></a></div>
<br />Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-60609159114728099352013-05-13T23:15:00.000-03:002013-05-13T23:15:40.434-03:002013 - Marighella - O guerrilheiro que incendiou o mundo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD_Ih4GsRDvlOhoFQRFYKASnn-dbiTuNBPhykfEKXrtUz9X6oRgrHZo_bMErQIr9l7LKYAdwzna-MkHRklDkUqN472WTvRa6Y1mJZ73uafq1MBr4Ck3Ya-o33MQW6txzbo-Fh6bw170To/s1600/marighella_o_guerrilheiro_que_incendiou_o_mundo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD_Ih4GsRDvlOhoFQRFYKASnn-dbiTuNBPhykfEKXrtUz9X6oRgrHZo_bMErQIr9l7LKYAdwzna-MkHRklDkUqN472WTvRa6Y1mJZ73uafq1MBr4Ck3Ya-o33MQW6txzbo-Fh6bw170To/s320/marighella_o_guerrilheiro_que_incendiou_o_mundo.jpg" width="226" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b>Marighella - O guerrilheiro que incendiou o mundo</b>, de Mário Magalhães, Companhia das Letras, São Paulo, 2012, 732 páginas.</i></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O livro é interessantíssimo. Conta a história de Carlos Marighella, do nascimento até sua chacina pelos agentes da ditadura militar em São Paulo, em 04 de novembro de 1969.</div>
<div style="text-align: justify;">
Marighella abdicou de tudo para lutar contra as ditaduras que afloravam em terra brasileira, tendo relativa paz somente nos breves períodos em que o Brasil se encontrou mais "arrumado" politicamente. </div>
<div style="text-align: justify;">
Membro de primeira hora do Partido Comunista Brasileiro, PCB, levava como rígida regra de vida sua ideologia - o que lhe manteve longe de riquezas, luxos ou facilidades.</div>
<div style="text-align: justify;">
Optando sempre pelo caminho mais tortuoso, mas necessário, largou o partidão quando, após o golpe de 64, viu a necessidade de intensificar a luta contra os militares, fazendo questão de sair do campo exclusivo da ideias defendido pelos comunistas de carteirinha. </div>
<div style="text-align: justify;">
Pegou em armas, criou a ALN, Ação Libertadora Nacional, e implantou a guerrilha urbana no país, como meio para desenvolver a guerrilha rural, este sim seu grande objetivo. Foram assaltos a Bancos, empresas e onde mais pudessem arranjar dinheiro, o que chamava de expropriação à causa patriótica.</div>
<div style="text-align: justify;">
O livro é interessante porque passa em revista boa parte da história do Brasil, dando enorme foco aos períodos ditatoriais, além de revelar não somente os acertos e qualidades do biografado, mas também seus erros e defeitos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns pontos, com o tempo, deverão ser corrigidos pela história e pelos fatos, e personagens retratados no livro como grandes revolucionários ainda serão mostrados como merecem sê-lo. Ao menos tenho essa esperança.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Livro 2.</div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-24193934332660886472013-04-26T18:57:00.001-03:002013-04-26T18:57:19.219-03:00Sobre a PEC 33 de 2011
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Antes de entrar no cerne da questão, a discussão
sobre a PEC 33 de 2011, creio que alguns pontos devem ficar bem explicados: </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Primeiro</i></b>, não sou imprensa golpista,
muito menos sou membro da grande imprensa. Isso aqui é um blog pessoal que mal chega
a 100 leitores por dia, mantido de acordo com minha preguiça e tempo escasso.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Segundo</i></b>, não sou petista, muito
menos sou psdebista. Na verdade, apesar de ter minhas convicções políticas,
faço questão de deixá-las distante das agremiações partidária, justamente por achar
que, faz tempo, tais grupos deixaram de pensar de forma coletiva, existindo
supremacia de diversos interesses pessoais.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Terceiro</i></b>, não pretendo demonizar um
partido, muito menos determinar um culpado e pedir qualquer forma de
condenação. O que pretendo, mesmo sabendo que dificilmente conseguirei, é
promover debate sobre a questão – debate saudável, educado e inteligente.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
***</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A PEC 33 de 2011 foi proposta por um petista do
Piauí, sendo que 79 parlamentares do Partido dos Trabalhadores assinaram lhe
dando apoio. No total, a proposta recebeu 219 assinaturas favoráveis, o que,
num cálculo simples, nos leva à informação de que 140 deputados de outros
partidos também assinaram apoiando-a. E não falo somente de partidos da base
aliada, como PMDB, com 23 assinaturas, mas também de partidos que,
historicamente, são contrários ao PT – PSDB, com 21 assinaturas, e DEM, com 18
assinaturas. Entre socialistas e comunistas foram 26 assinaturas divididas
entre PC do B, PSOL, PSB e PPS. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Praticamente
todos os partidos assinaram</b> em apoio à PEC 33 de 2011, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">sejam de situação ou de oposição</b>, o que me leva a uma reflexão
muito simples: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a PEC 33 de 2011 não é de
um partido, mas sim da classe política</b>, que em muito se beneficia com o
precedente que, agora, se pretende abrir. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Outro dado importante e que não pode ser esquecido:
um dos relatores da PEC 33 de 2011 é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">deputado
federal pelo PSDB de Goiás</b> – e ele <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">se
demonstrou completamente favorável aos termos assustadores do texto</b>.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Por mais que não se aprecie um partido político,
temos que ser justos e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">concordar com sua
importância</b>, qual ela seja. Ninguém pode, por exemplo, negar a importância
do PT ou do PSDB, nem do DEM ou do PC do B. O que falar então do PMDB,
fundamental à volta da democracia no Brasil? Por mais que não consigamos ver
bons exemplos em determinada agremiação política, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o simples fato de que existam significa que vivemos em uma democracia! </b>-
a mesma democracia que permite, por meio de voto universal e secreto, que um
Partido dos Trabalhadores se mantenha na chefia do Poder Executivo desde
janeiro de 2003.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E sobre o Partido dos Trabalhadores, vou contar
dois casos rápidos: </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
1º caso - Na 1ª eleição direta para Presidente da
República, pós ditadura, em 1989, eu tinha 11 anos e nem sabia o que se passava
no Brasil. Como minha mãe declarava voto em Lula, eu, criança, acabava
acompanhando-a. Um dia, na casa de um amigo de colégio tomando banho de
piscina, não sei por qual razão resolvi gritar “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lu Lala, Brilha uma estrela</i>!” Quase que imediatamente, a mãe do meu
colega veio correndo, olhos vermelhos de raiva, perguntando quem tinha gritado
aquilo. Eu respondi que havia sido eu, e então levei uma grande bronca. Em
resumo, ela disse que eu não tinha autorização para falar ‘<i style="mso-bidi-font-style: normal;">aquilo’</i> na casa dela, que aquele homem era um bandido. Muito braba,
determinou o fim do banho de piscina, colocou o filho de castigo e ligou para
que minha mãe fosse me apanhar.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
2º caso - Não foram poucas as pessoas que, de forma
aberta, declararam intenção de sair do Brasil caso Lula fosse eleito em 2002.
Alegavam a insegurança que resultaria de um presidente do PT, que ricos seria
caçados e que o Brasil entraria nas trevas.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
De certa forma, ainda é a ideia que muitos têm do
PT e dos petistas, o mesmo PT e petistas que, desde 2003, ocupam a chefia do
Poder Executivo federal – além de diversos cargos de governador, prefeito,
vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Isso é
possível porque vivemos em uma democracia!</b>, porque temos Poderes
independentes e fortes, com atuações definidas de forma clara em uma
Constituição elaborada por representantes do povo! Viver em uma democracia
significa que o governante de hoje pode não ter sido escolhido por mim, mas não
há dúvidas de que tem o direito constitucional de estar ali.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E Democracia só funciona se a Constituição for
respeitada, e se os Poderes foram independentes, justamente o que, creio,
deixará de ocorrer caso a PEC 33 de 2011 seja aprovada.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Vejam um dos pontos propostos – o artigo 3º da PEC
33 de 2011 propõe que se mude o art. 102 da Constituição Federal, que passaria
a ter a seguinte redação:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Art. 102. ...<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">...<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">§ 2º-A As <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal
nas ações diretas de inconstitucionalidade</b> que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">declarem a inconstitucionalidade</b> material de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">emendas à Constituição Federal</b> não produzem imediato efeito
vinculante e eficácia contra todos, e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">serão
encaminhadas à apreciação do Congresso Nacional</b> que, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">manifestando-se contrariamente à decisão judicial</b>, deverá <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">submeter a controvérsia à consulta popular</b></i>.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Agora, somente a título de comparação, leiam o art.
96 da Constituição brasileira de 1937:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">No caso de ser <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">declarada a inconstitucionalidade de uma lei que</b>, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a juízo do Presidente da República</b>, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">seja necessária ao bem-estar do povo, à
promoção ou defesa de interesse nacional de alta monta</b>, poderá o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Presidente da República submetê-la
novamente ao exame do Parlamento</b>: se este a confirmar por dois terços de
votos em cada uma das Câmaras, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ficará
sem efeito a decisão do Tribunal</b>.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihwKNoCUodIXYXPszbI8MiOP6hKRBeo_CjFRLICug7lSDXjhsjtgOB26n461pXQRSardhmuNA42wzrz_1Qmi8GxmNxULfOOcHkHz8AnGlcJaLJBRvUOKoUY8PpMZDCBnFaUtWXJ2gwwzI/s1600/imagemg.asp.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihwKNoCUodIXYXPszbI8MiOP6hKRBeo_CjFRLICug7lSDXjhsjtgOB26n461pXQRSardhmuNA42wzrz_1Qmi8GxmNxULfOOcHkHz8AnGlcJaLJBRvUOKoUY8PpMZDCBnFaUtWXJ2gwwzI/s1600/imagemg.asp.jpeg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A polaca</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Vocês lembram dessa malfadada Constituição de 1937?
Poucos aqui devem tê-la vivido, mas ao menos devem ter estudado no colégio:
Constituição de 1937, a Polaca, outorgada pelo presidente/ditador Getúlio
Vargas em 10 de novembro, mesmo dia em que foi implantada a ditadura do Estado
Novo. Ela foi redigida pelo ministro da Justiça de Vargas, o Sr. Francisco
Campos, e aprovada de forma prévia por Vargas e pelo seu ministro da Guerra,
Eurico Dutra.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Ou seja: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a
intervenção de outro Poder nas atribuições do Supremo não é novidade</b>. Já
tivemos algo bem parecido, e, com tristeza, comprovo que isso aconteceu durante
uma das mais tristes situações para o Brasil – durante uma ditadura de cunho
fascista que massacrou opositores, torturou e matou quem fosse contra – tudo
isso <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">sem que houvesse uma única voz
capaz de calar tantos crimes</b>.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O STF é essa
voz</b>, principalmente pelo fato de ser, de acordo com a vontade do
constituinte originário de 1988, o Guardião da Constituição. Num velho jargão
jurídico, dizemos que ”a<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Constituição é
aquilo que o Supremo diz que ela é</i>.” O STF, que comanda o Poder judiciário
brasileiro, deve então ser totalmente independente - e não pode sofrer qualquer
turbação em suas funções: é isso que garante que eu possa escrever este texto,
que jornais sejam publicados amanhã - e que o PT continue elegendo um
presidente da República, enquanto assim desejar o povo.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Não creio que tenha capacidade técnica para afirmar
que os Ministros do STF erram! </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Posso não concordar com algumas decisões da Corte,
e isso ocorre com certa frequência. Posso achar que, em determinados momentos,
Ministros do STF julgam mais com coração do que com técnica. Posso achar que os
Ministros do STF, certas vezes, por viver em um mundo idílico, acabam decidindo
em desacordo com a sociedade! Posso até ver traços de arrogância em alguns deles,
que acabam se fantasiando de pavões no momento do julgamento.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Tudo isso são possibilidades - mas prefiro mil
vezes essas possibilidades, e um Judiciário plenamente independente, do que
regras que pretendam evitar tais interferências, mas que resultem em um
Judiciário fraco e engessado.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
No mais, venhamos e convenhamos: qual o agente
político que consegue agir totalmente apartado de suas emoções e vontades?
Lembrem que agentes públicos ou políticos são, antes de qualquer coisa, humanos
– passíveis de erros e paixões. E se o problema é a boçalidade dos semi-deuses
do STF, que dizer da igualmente assustadora boçalidade de Ministros de Estado e
Parlamentares que, achando-se sobre-humanos, entendem por bem evitar regras
aplicadas ao demais mortais (impagável a frase da filha do atual Governador do
Estado, quando teve que evacuar seu apartamento, vitimado por graves
rachaduras: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">se acontece isso comigo,
imagina o que não acontece com as pessoas normais</i>” – não lembro exatamente
do comentário, escrevi algo aproximado. Se alguém lembrar da frase exata, me
informe).</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O próprio Congresso está repleto de interesses e
vontades que, muitas vezes, acabam por gerar leis bem pouco técnicas, baseadas
mais na emoção do que na razão – e leis que, diga-se de passagem, influenciam
diretamente nas nossas vidas. O mesmo acontece no Poder Executivo. Obvio que
isso não representa a maioria dos atos, eis que felizmente ainda predomina a
excelência profissional da maioria. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A mim, isso não importa – prefiro decisões eivadas
das falhas de humanidade do que a ausência de decisões independentes.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Também acho inexpressíveis comparações entre o
sistema de controle constitucional brasileiro e de demais países. Vi duas
comparações: com o Canada e com a França. Pois bem, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">primeiro ponto</i></b> – o Brasil
não é Canada e nem França. Nosso sistema de controle de constitucionalidade é
único, funciona muito bem e serve de exemplo para diversos outros países ao
redor do mundo. Essa foi a escolha do constituinte originário de 1988, e isso
deve ser respeitado! <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Segundo ponto</i></b> – o sistema penal
canadense e francês funcionam de forma exemplar, principalmente no que se
refere a crimes cometidos por políticos. Qualquer político que ouse cometer
algum crime, seja crime comum, seja crime ligado à sua atividade política, amargará
longo período preso – e nada é mais justo. Durante algum tempo tive o
possibilidade de morar na França – e não raramente vi políticos serem presos
após julgamentos justos e públicos. Lá, é a prática. Aqui, exceção! Segundo o
<b><a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/manchetes-anteriores/quase-200-parlamentares-tem-processos-no-stf/" target="_blank">site</a></b> do Congresso em Foco, <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/outros-destaques/suas-excelencias-os-investigados/" target="_blank"><b>191 parlamentares</b></a> (160 deputados e 31 senadores) são
alvos de 446 inquéritos e ações penais no STF. Quase 40% dos 81 senadores têm
contas a acertar com o Supremo. São justamente aqueles que a população escolheu
para legislar em seu nome, os que deveriam ser, à sociedade, exemplos de boa
conduta. Crimes que vão desde o crime político, como as sempre presentes acusação de desvio ou mau uso de dinheiro público, até <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/manchetes-anteriores/de-homicidio-a-sequestro-os-crimes-no-congresso/" target="_blank"><b>acusações de homicídio, sequestro e associação ao tráfico de drogas</b></a>. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">se o cenário hoje não é
animador, acredite, já foi bem pior. Até 2001, o Supremo precisava da
autorização da Câmara e do Senado para começar a investigar deputados e
senadores. Na prática, o mandato era um salvo-conduto para a total impunidade.
Desde que foi promulgada a Constituição em vigor, o Supremo levou 22 anos para
impor a primeira condenação a políticos, em 2010.</i>” Os paraenses têm,
inclusive, um bom motivo para se envergonhar: dos seis políticos já condenados
à prisão pelo STF, um ainda é Deputado federal eleito pelo voto popular - Asdrubal
Bentes, do PMDB, <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/suas-excelencias-os-condenados/" target="_blank"><b>condenado a três anos, um mês e dez dias de prisão</b></a> por
promover laqueaduras de trompas de forma indiscriminada em eleitoras (e obteve
87.681 votos em 2010). Asdrubal permanece solto, e deputado. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Sinceramente, é esse o Congresso que vai rever as
decisões de inconstitucionalidade de Emendas à Constituição oriundas do STF?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E então, se o Congresso não concordar com a decisão do STF, vamos ao plebiscito - e lá vai mais dinheiro público em consultas populares que acabarão se tornando mais e mais frequentes. Quem lembra da quase guerra fratricida quando do plebiscito pela divisão do Pará? Feridas ainda estão abertas - e o Governador ainda tem receios de vaias e rejeição no sul do Pará. Pior de tudo: em um plebiscito, quem vai decidir não é a razão, mas sim a emoção - e quem tiver o melhor marqueteiro certamente vai ganhar. Aí você imagina na sua televisão as cenas de choro, extremamente emotivas, com músicas tocantes, tudo para decidir sobre maioridade penal, aborto, casamento de pessoas do mesmo sexo... </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Por fim, uma última história – um desabafo, na
verdade. Um amigo do Ministério Público confidencia: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aqui estamos abalados, levando porrada de todos os lados por conta da
PEC 37 </i>(que pretende restringir o poder de investigação do MP)<i style="mso-bidi-font-style: normal;">. E quando menos esperamos, surge uma PEC
batendo no STF!? Porra, cara! Se os políticos acham que podem tirar a decisão
final de inconstitucionalidade do STF, imagina o que não acham que podem com o
juiz lá do fim do mundo</i>!?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Por enquanto, deixando de lado o tecnicismo legal e
o juridiquês, é o que tenho a falar. A questão deve ser discutida, deve ser
colocada na mesa de forma imparcial e sem acusações mútuas, dignas da pior
imprensa e do pior debate. </div>
<!--EndFragment-->Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-68118056616576223062013-04-25T22:18:00.001-03:002013-04-25T22:18:49.556-03:00Disco da Semana #1 - Grande Liquidação, Tom Zé<div style="text-align: justify;">
Como havia combinado, começo hoje a postagem dos discos da semana, alguns dos melhores pinçados da nossa coleção de LPs. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para melhorar as coisas, as faixas vão estar disponibilizadas aqui, mas vou gravar de forma contínua os lados A e B - para dar uma nítida ideia do que é escutar um LP àqueles que não tiveram essa oportunidade.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHFPtriElzku0oY3-4sGVlmxcAeMwIyrlZ19Xtax0ZH1YRKtS4N6DmQ4ZGAXgO5dN8FYbl2yW6EkZN1J7UUOjHtoRQ53ir8XjDnmyjTJ7wTxGeuQ55QuiSi9XUvoKQfMXq0uYVbZLaGRo/s1600/tom-ze-2007.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHFPtriElzku0oY3-4sGVlmxcAeMwIyrlZ19Xtax0ZH1YRKtS4N6DmQ4ZGAXgO5dN8FYbl2yW6EkZN1J7UUOjHtoRQ53ir8XjDnmyjTJ7wTxGeuQ55QuiSi9XUvoKQfMXq0uYVbZLaGRo/s320/tom-ze-2007.jpg" width="262" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Com 76 anos Tom Zé agita a cenário musical <br />
brasileiro - e coloca muito moleque no chinelo</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Para começar, escolhi essa pérola da MPB, o LP Grande Liquidação, primeiro disco do Tom Zé, gravado em 1968 pela Fábrica de Disco Rozenblit LTDa de Recife, PE.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A curiosidade deste LP é que foi o disco n.º 83 da coleção dos meus pais, comprado em 13/12/1968 no Rio de Janeiro. A última faixa do Lado A, Camelô, foi intensamente presente na nossa infância, pois era uma das que mamãe cantava enquanto nos fazia dormir na rede - reparem na letra e riam da graça que é essa música.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlGfxusDvJyanS_d3RuZprmNzlzAh3bjZ6z5OQRGDOQg0J4DTlDnihFPp3D22kP3bFEhKHgQGN23iM_lt-h_7U07w1P9x15CwDzVyHyBLxou7WTi7XE3Tcz5jmVyQyL0DB-HAJ59QUTGo/s1600/foto.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlGfxusDvJyanS_d3RuZprmNzlzAh3bjZ6z5OQRGDOQg0J4DTlDnihFPp3D22kP3bFEhKHgQGN23iM_lt-h_7U07w1P9x15CwDzVyHyBLxou7WTi7XE3Tcz5jmVyQyL0DB-HAJ59QUTGo/s320/foto.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
No seu album de estreia, Tom Zé escreveu:</div>
<blockquote class="tr_bq">
<i>Somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade.<br />O sorriso deve ser muito velho, apenas ganhou novas atribuições.<br />Hoje, industrializado, procurado, fotografado, caro (às vezes), o sorriso vende. Vende creme dental, passagens, analgésicos, fraldas, etc.<br />E como a realidade sempre se confundiu com os gestos, a televisão prova diàriamente que ninguém mais pode ser infeliz.<br />Entretanto, quando os sorrisos descuidam, os noticiários mostram muita miséria.<br />Enfim, somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade. (As vezes por outras coisas também).<br />É que o cordeiro de Deus convive com os pecados do mundo. E até já ganhou uma condecoração.<br />Resta o catecismo, e nós todos perdidos.<br />Os inocentes ainda não descobriram que se conseguiu apaziguar Cristo com os previlégios.<br />(Naturalmente Cristo não foi consultado).<br />Adormecemos em berço esplêndido e acordamos cremedentalizados, tergalizados, yêyêlizados, sambatizados e miss-ificados pela nossa própria máquina deteriorada de pensar.<br />"- Você é compositor de música "jovem" ou de música "Brasileira"?<br />A alternativa é falsa para quem não aceita a juventude contraposta à brasilidade. (Não interessa a conotação que emprestam à primeira palavra).<br />Eu sou a fúria quatrocentona de uma decadência perfumada com boas maneiras e não quero amarrar minha obra num passado de laço de fita com boemias seresteiras.<br />Pois é que quando abri os olhos e vi, tive muito medo: pensei que todos iriam corar de vergonha, numa danação dilacerante. Qual nada. A hipocrisia (é com z?) já havia atingido a indiferença divina da anastesia...<br />E assistindo a tudo da sacada dos palacete, o espelho mentiroso de mil olhos de múmias embalsamadas, que procurava retratar-me como um deliquente.<br />Aqui, nesta sobremesa de preto pastel recheado com versos musicados e venenosos, eu lhes devolvo a imagem. Providenciem escudos, bandeiras, tranquilizantes, antiácidos, antifiséticos e reguladores intestinais. Amem.<br />TOM ZÉ<br />P.S.<br />Nobili, Bernardo, Corisco, João Araújo, Shapiro, Satoru, Gauss, Os Versáteis, Os Brazões, Guilherme Araújo, O Quartetão, Sandino e Cozzela (todos de avental) fizeram este pastel comigo. A sociedade vai ter uma dor de barriga moral.<br />O mesmo</i></blockquote>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK67kdRiHhm0lboRQre8lj_Rc1zDvVIotMKHH-6C27kiYia1ij4sPFEDMtIBZx3vnPdRHd5fW5GvsoLQitb5tDl9GY7gTAes0sDVAKxBo7nDlQLu8NrCNcj94yOd3cFc13ejg6yxp4Lxo/s1600/foto-1.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK67kdRiHhm0lboRQre8lj_Rc1zDvVIotMKHH-6C27kiYia1ij4sPFEDMtIBZx3vnPdRHd5fW5GvsoLQitb5tDl9GY7gTAes0sDVAKxBo7nDlQLu8NrCNcj94yOd3cFc13ejg6yxp4Lxo/s320/foto-1.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Contracapa</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Na <a href="https://soundcloud.com/tantotupiassu/tom-z-grande-liquida-o-1968" target="_blank"><b>Face A</b></a>, as seguintes músicas:</div>
<div style="text-align: justify;">
1. São São Paulo (Tom Zé) - 3'29</div>
<div style="text-align: justify;">
2. Curso Intensivo de Boas Maneiras (Tom Zé) - 2'58</div>
<div style="text-align: justify;">
3. Glória (Tom Zé) - 3'20</div>
<div style="text-align: justify;">
4. Namorinho de Portão (Tom Zé) - 2'35</div>
<div style="text-align: justify;">
5. Catecismo, Creme Dental e Eu (Tom Zé) - 2'44</div>
<div style="text-align: justify;">
6. Camelô (Tom Zé) - 2'15</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na <a href="https://soundcloud.com/tantotupiassu/tom-z-grande-liquida-o-1968-1" target="_blank"><b>Face B</b></a>:</div>
<div style="text-align: justify;">
1. Não Buzine que eu Estou Paquerando</div>
<div style="text-align: justify;">
(Rancho e etc - Hino da L.B.A.P)</div>
<div style="text-align: justify;">
(Tom Zé) - 2'39</div>
<div style="text-align: justify;">
2. Profissão de Ladrão (Tom Zé) - 2'35</div>
<div style="text-align: justify;">
3. Sem entrada e Sem Mais Nada (Tom Zé) - 2'40</div>
<div style="text-align: justify;">
4. Parque Industrial (Tom Zé) - 3'16</div>
<div style="text-align: justify;">
5. Quero Sambar Meu Bem (Tom Zé) - 3'50</div>
<div style="text-align: justify;">
6. Sabor de Burrice (Tom Zé) - 4'18</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Ficha Técnica:</div>
<div style="text-align: justify;">
Produtor - João Araújo</div>
<div style="text-align: justify;">
Assistente - Shapiro</div>
<div style="text-align: justify;">
Arranjos - Damiano Cozzela</div>
<div style="text-align: justify;">
- Sandino Hohagen</div>
<div style="text-align: justify;">
Técnicos de gravação - Gauss/Reinaldo</div>
<div style="text-align: justify;">
Estúdio - Gazeta - São Paulo</div>
<div style="text-align: justify;">
Layout da capa e fotos Officina Programação Visual - SP</div>
<div style="text-align: justify;">
Participação Especial: Os Versáteis - faixas 2-4-5-6 lado A</div>
<div style="text-align: justify;">
3-4-6 lado B</div>
<div style="text-align: justify;">
Os Brazões - faixas 1 e 3 lado A </div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-14766370681840657902013-04-25T01:34:00.001-03:002013-04-25T04:17:35.686-03:00Hoje ganhei um mimo<div style="text-align: justify;">
Faz um tempo tenho um desejo público: ter nas minhas paredes a arte do artista plástico paraense <a href="http://juniorlopesillustrator.blogspot.com.br/" target="_blank"><b>Junior Lopes</b></a>. Morando em São Paulo faz algum tempo, Junior Lopes é um artista fabuloso. Seja como ilustrador, seja com seus retratos feitos com retalhos de pano - técnica que ele mesmo desenvolveu - Júnior Lopes faz sucesso dentro e fora do Brasil - o <a href="http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2012/09/mestre-das-caricaturas-em-retalhos-traz-workshop-para-piracicaba-sp.html" target="_blank"><b>G1</b></a> chama ele de Mestre das Caricaturas em Retalhos (e para não falar muito, leiam <b><a href="http://www.brazilcartoon.com/blog/juniorlopes/" target="_blank">aqui</a> </b>e vejam abaixo).</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI3PVbKIn1yKGjQdnkXYV8BuekDck6JSATnnzlNAjJMeaJBQgcxdZG7very_FSEI-mtKAQ68wQz07gGseaVfRD7xy_GWUtizVPN3BkFBcu9vwQyLEMOv_RvAiMH3JrBXsvbmUDJNSE0sc/s1600/paulinhodaviola.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI3PVbKIn1yKGjQdnkXYV8BuekDck6JSATnnzlNAjJMeaJBQgcxdZG7very_FSEI-mtKAQ68wQz07gGseaVfRD7xy_GWUtizVPN3BkFBcu9vwQyLEMOv_RvAiMH3JrBXsvbmUDJNSE0sc/s200/paulinhodaviola.jpg" width="182" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paulinho da Viola</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2CmspixzVAqkbh4Mkm7lUaSeaWPtFyKs_BPLTsPW2HKTjgnnKoH_dPaQk5YtsSIAGO9AP1pTjhzur-VpqXmrZqNwqM9z4Q7dVfuDS9gz5Wy9sfoHY8hu8ZQlygONEbaGRBqQD87ldSg8/s1600/swonder.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2CmspixzVAqkbh4Mkm7lUaSeaWPtFyKs_BPLTsPW2HKTjgnnKoH_dPaQk5YtsSIAGO9AP1pTjhzur-VpqXmrZqNwqM9z4Q7dVfuDS9gz5Wy9sfoHY8hu8ZQlygONEbaGRBqQD87ldSg8/s200/swonder.jpg" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Steve Wonder</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYVxogoFCtvPosti7D23rgTRuolUtGt72EhKCda1NFCdmu1t4U_tPRNj8NnVLlv80hVPY3W7nwcjikqenplZI3gEAMmv6JfGEymxK2G1MmgcY_cqLMc0b-48L0mUr0LKbzfmG39KwK0nY/s1600/4ever.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="163" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYVxogoFCtvPosti7D23rgTRuolUtGt72EhKCda1NFCdmu1t4U_tPRNj8NnVLlv80hVPY3W7nwcjikqenplZI3gEAMmv6JfGEymxK2G1MmgcY_cqLMc0b-48L0mUr0LKbzfmG39KwK0nY/s320/4ever.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Beatles</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgANf-ulHGxBr76GH-N-LkcgXB_2IFWezi-bomWe8KZtmhE_DC2CmSkFmNmZ5sEv7ri3ziohyphenhyphenf_VxV8jCmKi3nPznjTF3gUosLj7vTlv3YeebD-YbOe0OXg1tDMa5Rk5osQxp8hDQkcZIk/s1600/7113-junior-lopes-port-6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgANf-ulHGxBr76GH-N-LkcgXB_2IFWezi-bomWe8KZtmhE_DC2CmSkFmNmZ5sEv7ri3ziohyphenhyphenf_VxV8jCmKi3nPznjTF3gUosLj7vTlv3YeebD-YbOe0OXg1tDMa5Rk5osQxp8hDQkcZIk/s320/7113-junior-lopes-port-6.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Frida<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> </span></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho28Hd3n9pgq6bWWNcDfbpA_TmMPKRoAtMmnpz87sjbpEabYS8Z1PKjqF8_28XuYj6ieLkHji0RKRA_A8by-kx88A-drP9jSU5ClTrdNSyCZMLXLesp4INGSA7BSl8M6puHZQwtzmMklg/s1600/7113-junior-lopes-port-amy-winehouse-352x520.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho28Hd3n9pgq6bWWNcDfbpA_TmMPKRoAtMmnpz87sjbpEabYS8Z1PKjqF8_28XuYj6ieLkHji0RKRA_A8by-kx88A-drP9jSU5ClTrdNSyCZMLXLesp4INGSA7BSl8M6puHZQwtzmMklg/s320/7113-junior-lopes-port-amy-winehouse-352x520.jpg" width="216" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Amy</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzXk7lnJH3rsSr0eqpGPuLqlr7zaHjtlRqM5Dg3PmG4IhRvUcqLG6W0YQw7B05qZs1nlJiP_59-InbvM6AYKibFOBdOZskBeGrUxW4NRSfzRkg6fIRbY4rd4wjlnk2XKZdU4Msm4TuVAw/s1600/7113-junior-lopes-port-levis.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzXk7lnJH3rsSr0eqpGPuLqlr7zaHjtlRqM5Dg3PmG4IhRvUcqLG6W0YQw7B05qZs1nlJiP_59-InbvM6AYKibFOBdOZskBeGrUxW4NRSfzRkg6fIRbY4rd4wjlnk2XKZdU4Msm4TuVAw/s320/7113-junior-lopes-port-levis.jpeg" width="216" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campanha para a marca de jeans Levi's</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsn9SyRbNDLP219fFI92RYuhEzCEX8FeaDhthQLUaLD5fTRzJFGS2s0EFMTpNvUtdBM8-SFBLGABGHSHfAcVHorypIOPZBIPj4RrUj-hgtCco-zyWgijRLs5PZZYsU3DQMP3rFsJLHH2M/s1600/Caetano_Veloso_J_nior_Lopes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsn9SyRbNDLP219fFI92RYuhEzCEX8FeaDhthQLUaLD5fTRzJFGS2s0EFMTpNvUtdBM8-SFBLGABGHSHfAcVHorypIOPZBIPj4RrUj-hgtCco-zyWgijRLs5PZZYsU3DQMP3rFsJLHH2M/s320/Caetano_Veloso_J_nior_Lopes.jpg" width="235" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caetano Veloso</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3R-Jpb5H5tkfUyPDI9T5AEf3Ipoy2rEf0VHd0Sx8EQr3hWIpMeos3iuoW-6mcRyBlXiS7bsomLOe_DUETluguLTBqVwdH3VpGVoi10FGNvhWKxrYtcZ1ofQZT2igT2sOf8wWOIuu-5b4/s1600/images.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3R-Jpb5H5tkfUyPDI9T5AEf3Ipoy2rEf0VHd0Sx8EQr3hWIpMeos3iuoW-6mcRyBlXiS7bsomLOe_DUETluguLTBqVwdH3VpGVoi10FGNvhWKxrYtcZ1ofQZT2igT2sOf8wWOIuu-5b4/s1600/images.jpeg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Elvis, the pelvis</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr0ictqz-_eUrHEhQNsQjIu7NnpUrBZLRs0mS3B9Y6kzsjeBqJY3HcKs5Ukeusc8zNqa0ZXB05cTo8C_qn5Iq6MKi7dVZm0kf-RRQu1E9mf4-xCMqututOd-r-Xur5-VFQRJ7u34AxCL4/s1600/junior_lopes_art02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr0ictqz-_eUrHEhQNsQjIu7NnpUrBZLRs0mS3B9Y6kzsjeBqJY3HcKs5Ukeusc8zNqa0ZXB05cTo8C_qn5Iq6MKi7dVZm0kf-RRQu1E9mf4-xCMqututOd-r-Xur5-VFQRJ7u34AxCL4/s320/junior_lopes_art02.jpg" width="284" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Renato Russo</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Pois bem, um desses meus comentário foi lido pelo Júnior, que resolveu me oferecer um mimo lindo, de beleza indescritível e que verdadeiramente me emocionou.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo depois que Letícia nasceu, em dezembro de 2012, ainda no hospital, eu fiz essa foto com o celular - postada no Instagram:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdyQvESflwOAlaNsqaD52myDAq2EmCBAVKyXrNjfhq9WsMb7ankYymq2-EHJZvK3eTtigs8M9LpdGPgvju4SL3clxbL0ZkvxCKHPKFereVwxLoEr7jW2ZBksIw2YSKYbuPoBaJPd-tjgs/s1600/IMG_1146.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdyQvESflwOAlaNsqaD52myDAq2EmCBAVKyXrNjfhq9WsMb7ankYymq2-EHJZvK3eTtigs8M9LpdGPgvju4SL3clxbL0ZkvxCKHPKFereVwxLoEr7jW2ZBksIw2YSKYbuPoBaJPd-tjgs/s320/IMG_1146.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O Júnior Lopes viu a foto, se sentiu tocado pelo momento registrado e agora, quatro meses depois, decidiu me presentear com esse verdadeiro tesouro:</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsTcxsnDbO0sCUKEgyMl4dHj3OFC9RQqJfDbmMWpiMDJ0SIU9QXJttUC_f_Y-SiTGavUNoMXOzmks9CYI1lG0Ip3lvUoFRKRkQ5Dk0ULxbSrOsZvNDzEBU9cZvjeSzgpP8lwXGERG2obM/s1600/foto-2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsTcxsnDbO0sCUKEgyMl4dHj3OFC9RQqJfDbmMWpiMDJ0SIU9QXJttUC_f_Y-SiTGavUNoMXOzmks9CYI1lG0Ip3lvUoFRKRkQ5Dk0ULxbSrOsZvNDzEBU9cZvjeSzgpP8lwXGERG2obM/s320/foto-2.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Júnior, no momento da entrega da nossa colagem:<br />
ele está em Belém para participar de diversos eventos - cursos,<br />
oficinas, palestras e Feira do Livro.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Finalmente realizo um antigo desejo: ter uma pequena amostra da arte do Júnior Lopes nas minhas paredes - eu só não esperava que fosse um verdadeiro tesouro. Que honra!</div>
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkUYoqs6S302NJxhvX4z2Kml4kTb17cHZnIacyYrr7aVXDb0l6x5w-LfB2IOpt95zlbLCEnGd5FEa-SbBuufEatgQeM1ZzH7gQzpK6qm8okjn5dKjUPHF8jiGQ-J5w7xa_4v-6ilOtFA4/s1600/expol.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkUYoqs6S302NJxhvX4z2Kml4kTb17cHZnIacyYrr7aVXDb0l6x5w-LfB2IOpt95zlbLCEnGd5FEa-SbBuufEatgQeM1ZzH7gQzpK6qm8okjn5dKjUPHF8jiGQ-J5w7xa_4v-6ilOtFA4/s320/expol.jpg" width="320" /></a></div>
Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7997279943712651883.post-4140966507824509932013-04-18T02:59:00.001-03:002013-04-18T02:59:21.997-03:00Antónia se foi esta noite
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><i>Nando, a Antónia se foi esta noite.</i></span> </blockquote>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Sabem<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o que é a saúde pública
no Brasil? <b>Um matadouro</b>. Sangram as pessoas até não poder mais, até que não
tenham mais forças para suportar tanto sofrimento e pronto. Resolvida a questão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">É assim que resolvemos as coisas por aqui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O sistema público de saúde do Brasil é um dos mais bonitos do mundo, ao
menos no papel (basta dar uma lida na Constituição). Na vida real, na dor real,
pessoas são tratadas como móveis, tudo arrumado de acordo com a vontade e
disposição de quem as recebe. É uma inversão de valores absurda: o sistema
deveria se adequar às necessidades, não as necessidades se adequarem ao sistema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Todos que usam o sistema público de saúde têm que se adaptar à agenda
apertada dos médicos e seus atrasos, os prazos sempre longos de nunca ter data
disponível para o que seja!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Antónia se descobriu com câncer no seio. Como era pobre, procurou
atendimento em hospital de ponta de Belém, mas hospital público. Minha mãe
ajudou no que podia: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">pelo SUS só vai ter
data para exame no mês que vem</i>”, então minha mãe ia e pagava o exame; “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">não tem data para consulta com oncologista</i>”, ou nem tem oncologista, então minha mãe ia e pagava a consulta particular com
oncologista. E assim fomos caminhando, tudo tão difícil, tudo tão complicado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">No hospital de ponta nada parecia funcionar. A triagem dos casos era feita,
olhem só, por uma assistente social, não por um médico. Assistente social
fazendo exame clínico e verificando quem deveria viver ou morrer, ainda mais
diante de míseros quatro leitos disponíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Nos revoltamos com tudo que não funcionava e fomos para o ataque: pegamos
no pé do Ministério Público, que prontamente entrou com uma Ação Civil Pública
pedindo informações sobre as denúncias - e instando o judiciário a fazer o
sistema funcionar. Minha mãe, que regularmente escreve no jornal O Liberal, fez
duro artigo sobre o drama – e <b>olhem como se faz uma mágica</b>: artigo publicado no
domingo, seguido de telefonema do hospital de ponta na segunda-feira informando que
Antónia deveria comparecer já na terça-feira, com documentos e o que mais fosse necessário
para sua internação, pois iria ser operada na quarta-feira seguinte. Do nada tudo ficou célere, tudo virou rapidez e eficiência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Antónia foi operada na quarta-feira, mas morreu. Já estava tão fraca, tão
cansada de tudo, das humilhações diárias nas filas do hospital, do menosprezo
de pessoa que viam seu seio inchado, enorme, e diziam que não era nada – as
mesmas pessoas que diziam haver outros em situação pior, que ela deixasse de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">frescura</i> - que simplesmente não aguentou a operação.</span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">A palavra “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">câncer</i>” é oriunda do
latim <i style="mso-bidi-font-style: normal;">câncer</i>, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">caranguejo</i>”. Uma referência à proliferação sorrateira e covarde de
células cancerosas no organismo (metástase), tal qual o animal que se movimento
nas profundezas da lama.</span></blockquote>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Sobre Antónia, que foi tratada como lixo, que morreu ontem no final da
noite, vou ser breve porque Antónia foi muito e não cabe neste texto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Chegou em casa grávida, tudo escondido, pois por conta da gravidez foi chutada da
casa onde trabalhava anteriormente. Quando minha mãe e avó descobriram, ela
chorou, implorou por piedade, e que precisava de um teto para o filho que ia
nascer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">E aí surgem as ironias da vida: nós demos um simples teto, enquanto Antónia
nos deu um novo sentido de família. Fizemos o enxoval dela, e foi minha mãe quem,
num fusca verde e velho que tínhamos, acompanhou Antónia no dia que nasceu
Luciana, na Santa Casa de Misericórdia. Minha mãe e avó se revezando na beira
da cama ajudando no que fosse, enquanto eu e meu irmão esperávamos em casa, ansiosos
por receber aquela que considero uma irmã. Luciana cresceu conosco e fomos
muito felizes em brincadeiras mil – e hoje Luciana é advogada, formada e concursada,
indo contra pessoas que ousaram dizer “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">desiste
disso, Luciana. Filha de empregada não vira doutora</i>”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Antónia não gostou de
ouvir isso: trabalhou dois turnos, as vezes três turnos, tudo para pagar livros
e cursos para a filha. Muitas vezes dormia menos de três horas por noite, tudo
para oferecer o melhor para a filha – e eram só as duas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ela nunca saiu de perto da gente, mesmo quando
minha mãe deu a ela uma casa – e meus filhos têm verdadeira adoração por ela, assim
como ela tinha por eles. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Antónia não cabe aqui, então paro aqui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">E que tenham força para lutar, e que consigam esperar, aqueles que não têm
voz e que não são enxergados pelo Ministério Público, e que ficam à mercê do
julgamento de uma assistente social para saber se terão chances ou não de
sobreviver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O que se fez do Brasil? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O que se fez do sistema de saúde pública do Brasil que deixa que se matem
brasileiros? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Cada um deles, cada um desses invisíveis, é toda a importância do mundo
para alguém.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Antónia morreu na UTI do hospital de ponta somente por causa do artigo de domingo. Se não fosse por isso, ainda estaria esperando, acompanhando o crescimento
a olhos vistos do tumor que já nem a permitia respirar direito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Antónia era amada e era querida, era o nosso chão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Perdemos nosso chão.<o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment-->Tantohttp://www.blogger.com/profile/01737100611876488489noreply@blogger.com5