quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mulheres de Belém - Nízia Brito

Quando cheguei na casa de Nízia Chagas Brito ela estava sentada no pátio, rodeada pela família, comandando a sessão de descascamento de camarões para o vatapá. Era uma sexta-feira quente de junho e, mais tarde, aconteceria a festa de dez anos de seu filho mais novo, Jonatan, a quinta criança adotada por ela ao longo dos seus 83 anos. E como se não bastassem todas as adoções, algumas delas ocorridas da forma mais peculiar possível, Nízia ainda teve mais 12 filhos “espremidos e paridos”, a soma espantosa de 17 rebentos criados em meio a uma vida humilde e sem riquezas, a pobreza que, se nunca adentrou pela porta, fazia questão de se relevar sempre bem próxima.

Nízia nasceu na Rua Artur Bernardes, Belém, em 09 de abril de 1927. Com apenas 15 anos se casou com Pedro Brito, ele com 22 anos, isso em 16 de outubro de 1942. Segundo ela conta, a paquera se deu na passagem diária para o trabalho dele, a fábrica que ficava bem ao lado da casa da pretendente – “ele me cantou e eu cantei a música para ele, né? Aí começamos a namorar” é a descrição que ela faz hoje, 68 anos após o casamento. A união durou até a morte violenta de Pedro, em 1990, acidente de trânsito que ceifou a vida de quem passava o dia a trabalhar, a Kombi que servia para tudo e que lhe imprensou contra um muro em morte dolorida e sentida.

Depois que casou, Nízia foi morar na casa da mãe, Dona Zulmira Chagas. Foi quando começou o parimento sem fim. Vieram Normélia, Rubens, Edson, Amilcar, Cristina, Fátima, Rosangela, Nazaré, Ivone, Roberto, Nilton e Sérgio (os dois últimos morreram ainda pequenos, oito meses e sete anos, respectivamente, o penúltimo de algo que comeu, o último, afogado).

Os adotados, escolha certeira do destino, foram Aparecida, Kátia, Patrícia, Tamiris e Jonatan. E foi assim que tudo aconteceu:

O surgimento de Aparecida – Nízia foi à Santa Casa de Misericórdia visitar a madrasta, Dona Edith, e levava Amilcar pelos braços, filho pequeno ainda. Ela não recorda a data, a memória que falha, mas lembra bem que passava pela indigência do hospital quando foi chamada por uma das pacientes: “A senhora não quer uma criança?”, foi a pergunta desconcertante feita pela mulher que acabara de dar a luz, “Olhe como a menina é bonitinha... É sua filha, olhe bem”, insistia a mulher do alto de seu desespero. Nízia relutou, ela que já tinha penca de filhos e estava grávida de dois meses de Ivone. Disse não e seguiu em frente, a visita que deveria ser feita de forma breve para poder voltar e continuar com os afazeres domésticos. E quando chegou no quarto da madrasta, relatou o fato ao pai. “Deixe disso, minha filha. Vai criar filho de outro? Você já tem criança demais, nem pense nisso”, foi o conselho dado. Mas na volta, ao passar pelo mesmo lugar, lá estava a mulher chorando, desesperada, sem saber o que fazer com a criança que dormia, candidamente, ao seu lado. Nízia foi chamada novamente: “Olhe bem para ela, é sua filha. Deus me diz isso. Leve-a, por favor... Tenho mais 10 filhos em casa e não posso cuidar dessa”. Tal pedido foi o suficiente. Nízia também não tinha muito para dar, mas diante do desespero da mulher que lhe implorava, desespero capaz de obrigar à doação do fruto seu, não viu alternativa a não ser acolher a criança em seus braços. Estava suja, completamente suja com fezes e urina, e Nízia passou um pano na menina, limpeza básica que foi o suficiente para levá-la pelada para casa. Chegando lá, tratou de providenciar enxoval qualquer para a nova filha, e nisso foi ajudada pelos vizinhos: “Um trazia um vestidinho velho, o outro trazia um cueiro. Quando eu vi, a menina tinha brinco, meia, mamadeira. Tudo”. E quando Pedro chegou em casa, o marido cansado de mais um dia de trabalho desgastante, encontrou Nízia dando chá para a criança, as duas deitadas na rede. Ocorreu o breve diálogo: “Nízia, de quem é essa criança? É nossa, Pedro... É homem ou mulher? Mulher. Melhor seria se fosse homem. E nada mais foi dito.

O surgimento de Kátia – Aparecida já tinha sete anos, quase a mesma idade da irmã Ivone. Foi quando Nízia meteu na cabeça que queria mais um filho, que queria cuidar de mais uma criança, e recorreu aos bons préstimos de seu compadre Vitor Paes, médico, que sempre estava às voltas com crianças abandonadas, mulheres desesperadas ao ponto de sumirem e deixarem os filhos para a vida cuidar. Nízia então lhe procurou e falou sobre sua vontade, o médico que era amigo e achou loucura aquilo: “Comadre, a senhora já tem tanto filho e tem tão pouco. Tem certeza de que quer mais um?”. E diante de uma Nízia que parecia ter nascido para ser mãe, firme em sua vontade, o médico confidenciou: “Ontem mesmo tinha uma criança abandonada aqui. Quando fomos notar, procurar a mãe, percebemos que ela já havia sumido. Era uma criança linda e logo apareceu uma senhora e a levou. Façamos assim: logo que tiver outra criança abandonada aqui pela clínica, guardo e te aviso”. E assim ficou combinado. Nízia só fez um pedido, demanda que pode parecer preconceituosa, mas tinha um fundamento bem simples: “Desta vez quero uma criança mais clara e de cabelo liso”. O problema era Aparecida, com cabelos crespos e de pela escura, menina que destoava dos pais e dos irmãos, a adoção que ainda não tinha sido revelada para a criança que nem conseguiria entender o fato. E cada vez mais, à medida que a menina crescia, ficava mais difícil colocar a culpa na genética, nos parentes distantes nunca apresentados, a complicação em explicar aquelas características que lhe faziam única. Nízia vinha enfrentando o dilema: contar a verdade ou esconder com desculpas. E foi para não reviver tal fato que fez o pedido, a criança mais clara e de cabelo liso, simples evitamento de problemas que tanto lhe desgastavam pelo medo de magoar, o explicar a rejeição de mãe biológica, o talvez não entender que o amor da mãe adotiva suplantava tudo. E a espera não demorou: Shirley, atendente da clínica do médico Vitor Paes, ligou e deu a notícia – “Bom dia Dona Nízia? Tudo bem? Liguei para avisar que nasceu sua filha, uma menina linda que foi abandonada hoje de tarde pela mãe”. Desta vez Nízia teve tempo de fazer o enxoval, a menina que surgiu na vida de todos e que já tinha um pouco de tudo guardado em uma mala sob a cama. Era dia 19 de janeiro de 1974 e logo Nízia partiu para buscar a filha. A entrega foi simples, sem muita festa ou formalidade, um tempo distante em que abandonar um recém nascido não parecia ser grande coisa, um tempo distante em que nem se cogitava a existência de órgão qualquer a proteger a infância. E para tantas crianças abandonadas, sempre existiam mães dispostas e carinhosas, mulheres que pretendiam dividir o tanto que tivessem, exatamente como Nízia. Ela voltou com Kátia para casa e lhe preparou tudo no novo lar. E de noite, quando Pedro chegou, dia após dia de trabalho incansável, o mesmo diálogo simples aconteceu: “De quem é isso aí, Nízia? É nossa, Pedro... É homem ou mulher? Mulher. Melhor seria se fosse homem”. E nada mais foi dito.

Nízia e Kátia

O surgimento de Patrícia – Kátia tinha pouco mais de dois meses quando Nízia foi fazer nova visita à Santa Casa de Misericórdia. Ela nem recorda quem foi visitar, mas o dia ficou marcado com a chegada de mais um filho. Novamente, ao passar pela indigência do hospital, foi chamada com psius por uma das pacientes. Novamente, os pedidos desesperados: “A senhora quer essa criança? Olhe como é linda, branquinha, um doce de menina. Por favor, leve a criança, é sua filha”. E mal sabia a mãe desesperada que não precisava de muito para convencer Nízia: “Onde comem 14 comem 15. Tenho o enxoval todinho e, se me disponho a cuidar de uma, bem posso cuidar de duas. O fato é que não podia deixar aquela menina ali, abandonada à mercê de pessoa qualquer que lhe acolhesse, e certamente lhe acolheriam, pessoa que podia ser mãe ruim, sem carinho ou cuidado necessário. Nízia nem lembra se terminou a visita que pretendia fazer, mas foi assim que entrou com uma criança e saiu com duas, a Santa Casa de Misericórdia que parecia ser o lugar ideal para abandonos e largamentos. E quando chegou em casa, os vizinhos que a chamaram de louca, tratou de cuidar das filhas com todo o zelo possível. E no final do dia, quando Pedro chegou, o tempo que já passava de forma incômoda para o homem que ficava velho, o diálogo foi diferente: “O que é isso aí, Nízia? É nossa filha, Pedro... Não, Nízia! Dessa vez não vou aceitar. És maluca, por acaso? A gente não tem nem para a gente e você trazendo mais criança. Duas crianças pequenas, nem dois meses que chegaste com uma... Desta vez não vou aceitar e trata de arranjar um vizinho qualquer que a queira, pode dar. Essa criança, aqui não fica. Dito isso, Pedro entrou no banho para lavar o corpo cansado do trabalho enquanto Nízia chorava. E ao invés de partir para a rua para oferecer a criança que, para ela, já era filha, se prostrou diante de uma imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e pediu fervorosamente que acalmasse o marido, que lhe iluminasse e permitisse a menina. E ela chorou, diante da Santa, abraçada às duas filhas. Pedro saiu do banho e trocou de roupa. Jantou comida farta, deitou em sua rede e dormiu. E na manhã seguinte nada foi dito, e nunca mais se falou sobre a permanência de menina e ela ficou.

O surgimento de Tamiris – Tamiris não foi dada - foi tomada. E Tamiris não era estranha, filha de pessoa qualquer que ninguém conhecia, não era filha da indigência da Santa Casa. Tamiris é filha da segunda adotada, Kátia, filha tida com homem que batia e humilhava. Nasceu em 23 de dezembro de 1990, no ano da morte do avô Pedro, e vivia assim, submissa ao machismo e ciúme desmedido, o homem que se achava dono das mulheres e que a todos oprimia. Um dia, cansada de testemunhar tudo aquilo, a avó Nízia sentenciou: “Kátia, minha filha. Se tu queres viver esse inferno, vive. Mas não permito que minha neta viva assim. Estou levando a pequena até que resolvas a tua vida, dar para ela o que eu puder dar”. E assim foi feito. Nízia criou, educou e ajudou a neta em tudo, a mulher que tantos já havia feito e não poderia deixar de fazer novamente. Foi mãe e avó, sempre, mesmo depois da decisão de Kátia pela liberdade e pelo largamento do marido. Até hoje Nízia é mãe-avô, a neta Tamiris que, já crescida, casada até, lhe dedica tudo, cuidados e carinhos em dobro à mulher que salvou a mãe e, agora, estendia a mão à neta.

Nízia e Franciene, mãe de Jonatan

O surgimento de Jonatan – O único menino dentre os adotados por Nízia surgiu quando ela já contava 73 anos. Filho de uma empregada que há muito trabalhava na casa da família, Jonatan nasceu em 11 de junho de 2000, menino esperto que sempre foi motivo de alegrias e razão de festas juninas. Acontece que Franciene, a mãe (essa também criada por Nízia, de uma forma ou outra), nascida no Maranhão, era mulher inquieta e que resolveu não ter pouso certo, as viagens quase que mensais entre Belém e Pinheiro, MA. E para onde Franciene partia, junto ia o menino a tiracolo, a criança que nem entendia nada e ia, sempre a dor de dizer adeus. Nízia percebeu que isso prejudicava a criança, o moleque que não tinha estudo certo e que, castigado pelas horas de ônibus, não comia direito, voltava sempre magro. E novamente Nízia sentenciou: “Franciene! Se queres ser irresponsável com tua vida, seja. Mas não faça isso com o menino. A partir de hoje ele fica comigo e tu vai viver como quiseres. Quando desejares voltar e pegar ele, quando tiveres pouso certo, ele estará aqui, sempre teu. E quando quiseres vir... Bem... Sabes que minha casa é tua, tu que também és minha filha. Faz o que quiser mas o menino fica”. Ele ficou e Nízia se viu, com quase 80 anos, quando a maioria das pessoas acredita estar no fim da vida, em recomeço barulhento, o moleque que não pára quieto, esperto e alegre como são as crianças sadias e felizes. Meio que avó, meio que mãe, Nízia voltou aos livros depois das aulas, a escovação de dentes depois da comida e a alimentação adequada dos pequenos, nisso tudo ajudada por todos que a rodeiam, sejam os paridos e espremidos, sejam os surgidos – todos iguais.

O menino é louco por ela e nem pensa em sair dali, voltar com a mãe para o Maranhão. O sentimento de Jonatan é o mesmo de todos que foram cuidados e amados por ela, protegidos sempre. E o que mais se vê naquela casa é amor e dedicação. E todos os adotados já sabem como surgiram, da renegação inicial na indigência da Santa casa ao amor esforçado e sem restrição de depois, a verdade e sinceridade que também significam amar.

Nízia e Jonatan

E ela, já velha, cheia de alegria e riso, cheia de planos, tem nele, o menino já crescido do alto dos seus dez anos, filho quase neto, bisneto, sua grande companhia. É ele quem a acompanha por todos os lados – as festas do grupo de 3ª idade, fisioterapia, viagens e visita aos familiares – assim como é ele o responsável pela massagem diária nas pernas já cansadas e doloridas de Nízia, mulher que foi, por toda a vida, mãe de quem precisasse.

Nízia soterrada por Jonatan, Tamiris, Kátia e Franciene

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mais de Conceição

Caros leitores,
Lendo o relato sobre a odisséia de Conceição, poderão ver que tive umas poucas horas para fazer fotos da cidade. Foi esse o momento de praia. Realmente são fotos que não combinam com o que foi relatado, mas creiam na veracidade do que escrito e na beleza da cidade. E fiquem com mais fotos, para convencer de vez.
Chegando nas ilhas do Araguaia

Aqui se anda de carroça, aqui se anda de carro grande
Rede na beira do rio Araguaia
Meu barqueiro - Wanderwaldo, o pequeno da voadora
Cabana onde paramos para tomar uma coca - rio Araguaia
Menino em uma das ilhas do Araguaia
Menino apontando - em uma das ilhas do Araguaia
No meio do rio, da ilha, uma bicicleta
A casa do barqueiro
A casa do barqueiro e o nada (ou o tudo)
Barco abandonado com barco vivo ao fundo
O barco descansa
O barqueiro, o barco e o Araguaia
Pássaro toma banho e pega sol
Meninos tomam banho e brincam, felizes
Lua em Conceição do Araguaia


sábado, 26 de junho de 2010

Palavra do Dia n.º 31

geóglifo
(geo- + grego glúpho, esculpir, gravar)
s. m.
Figura de grandes dimensões, cuja percepção só é possível a partir do ar ou de um plano muito superior, feita geralmente com rochas de cor diferente ou com desbaste de vegetação ou de material geológico.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Minha Odisséia

Foi uma Odisséia: acordei às 4 da manhã do dia 22 de junho para pegar um avião com destino a Brasília. Cheguei em Brasília por volta de 8 da manhã e esperei até meio dia pelo vôo para Palmas. Cheguei em Palmas por volta de 1 da tarde e tive que esperar uma van até as 18 horas. Peguei a van pela BR-153, dobrei em Guaraí e peguei a TO-336 passando por Colméia, Pequizeiro e Couto de Magalhães, todas em Tocantins. Atravessei o Rio Araguaia e cheguei de volta ao Pará, Conceição do Araguaia, uma da manhã do dia 23 de junho. Teria uma audiência às oito da manhã do mesmo dia 23, pouco menos de seis horas de sono.

Rua do meu hotel em Conceição do Araguaia

Sai de Belém com 25 graus e peguei 13 em Brasília. Em Tocantins fui cozinhado em 37 graus em bafo quente. De noite, partindo de Palmas, a temperatura já estava em bons 21 graus, brandura térmica que nos acompanhou até o destino final.

Orla, na frente do hotel

No dia 23 de junho a audiência começou com uma hora de atraso e terminou por volta das dez da manhã. Tive o tempo justo para sacar um dinheirinho no Banco, almoçar, voltar para o hotel para arrumar a mala e sair pela cidade para fazer umas fotos – bonitas fotos, diga-se de passagem. Duas e meia da tarde estava pronto e arrumado, sentado na frente do hotel lendo meu livro, esperando a van que me levaria de volta a Palmas.

Vista da ilha para onde eu iria

Três da tarde, recomeço: atravessar o Araguaia, passar por Couto de Magalhães, Pequizeiro, Colméia, Guaraí, BR-153 e Palmas, chegando umas dez da noite. O hotel em que dormiria estava lotado - assim como estavam outros cinco hotéis para os quais liguei (erro meu, não fiz reservas). Acabei no meio da rua, 11 da noite, andando com a mala pela capital do Tocantins, a busca por um hotel pequenino que, segundo me disse um taxista, teria vagas.

Barraca na beira da água

Temos somente um quarto, sem ar condicionado. 35 reais a diária”. Normalmente eu recusaria a oferta, mas não era o caso ali. Aceitei sem nem pestanejar o quarto simples mas justo que me foi dado. Sai para comer uma besteira qualquer em barraca de sanduiches lá perto. Voltei ao quarto por volta de meia noite para deitar e dormir – acordaria às 4 da manhã para mais uma rodada de vôos. De manhã, Brasília novamente. Mais três horas de espera e o embarque para Belém por volta de 10 horas.

Vista da barraca, chegando no barco

Uma da tarde, Belém - o sol de meio dia que me recebeu de forma branda, até. No fim contabilizei 57 horas de viagem quase contínua, 5.012 quilômetros percorridos por três Estados da Federação e temperaturas diversas.

Barracas de sol, de frente para o Araguaia

E não pensem que estou reclamando. Não senhor. Mesmo que cansativas, adoro essas viagens que me possibilitam conhecer os “interiores” e saber como são as coisas. Não gosto de ser mais um entocado em seu birou, alheio à realidade de tudo, o conhecedor das coisas pela Tv, jornais e revistas.

Vista de tudo, de longe
E digo mais: visitem Conceição do Araguaia. Visitem! Para tentar convencê-los posto algumas fotos do local, uma ilha de paz no meio do rio que dá sobrenome à cidade. A próxima será em agosto, mais fotos que farei e mais lugares que conhecerei.

Convite ao Prefeito Duciomar

Aos que moram em Belém nem preciso apresentar a Pariquis, rua prima de rio, uma chuvinha que basta para fazê-la um mar da água e lama. Aos que não moram em Belém e não a conhecem, aqui vão algumas fotos para que possam ter breve idéia do que digo. Já convidei o Prefeito Duciomar para passar uma chuvinha aqui na Pariquis, mas acho que ele tem medo de se molhar.
Tal qual Jesus, sob as águas...
Impasse 1: "O que fazer?"
Impasse 2: "por onde é melhor?"
O motoqueiro chegará na África, tenho certeza.
Elas andam e nem ligam mais para o alagamento. É rotina.
Esse já foi preparado com a piscina.
Novo Uno - aquático. FIAT - sempre inovando.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Conceição

Aviso aos eventuais leitores deste blog: estarei ausente até sexta-feira por conta de viagem a Conceição do Araguaia, sul do Pará. Pelo caminho vou colher histórias e tentar fazer fotos, tudo a ser postado em momento oportuno. E se houver um computador com conexão por perto, prometo ir logo adiantando o serviço.

Uma foto n.º 6

Belém acordando

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sobre pena de morte

Enquanto discutimos de forma bem vaga sobre a aplicação de pena de morte no Brasil, vejam como andam as coisas nos EUA:
Os Estados Unidos realizaram sua primeira execução por pelotão de fuzilamento em catorze anos. Ronnie Lee Gardner, condenado por assassinato no Estado americano de Utah, foi executado nesta sexta-feira.
A execução foi escolhida pelo próprio Gardner. Dos 35 Estados americanos que possuem a pena de morte, Utah é o único que oferece o fuzilamento como opção, para os que foram condenados antes de 2004. Depois da rejeição de última hora de uma suspensão da execução da sentença, Gardner foi executado por cinco atiradores anônimos em uma das salas da prisão onde ele cumpre pena.
Sua morte foi atestada às 00h20, hora local. Gardner não viu os atiradores, que ficaram no escuro enquanto ele esteve debaixo das luzes a cerca de seis metros deles, com um capuz na cabeça e um alvo colocado sobre seu coração.
Gardner, de 49 anos de idade, foi condenado pela morte de um advogado em 1985 ocorrida dentro de um tribunal.
Desde que a Suprema Corte americana permitiu que Estados americanos voltassem a aplicar a pena de morte, em 1976, apenas dois condenados foram executados por fuzilamento. Gary Gilmore, em 1977 e John Albert Taylor, em 1996, em um caso que atraiu grande atenção da imprensa.
Em 2004, legisladores do Estado acabaram com a possibilidade de escolha, ainda oferecida aos previamente sentenciados.
Treino
Os atiradores ficaram atrás de uma tela com fendas estreitas para suas armas. Eles também treinaram tiro sincronizado para que fosse ouvido apenas um único barulho de disparo, em uníssono.
No entanto, nenhum dos cinco tem com saber se sua arma causou a morte de Gardner. Uma das cinco armas foi carregada com uma bala sem carga, provavelmente uma bala de cera, que daria o mesmo coice que uma bala verdadeira.
As identidades dos atiradores - policiais locais que se ofereceram voluntariamente para o serviço - será protegida para sempre. Os atiradores e funcionários que ajudaram no planejamento da execução receberão uma moeda comemorativa com o nome de Gardner.
Gary DeLand, diretor-executivo da agência penitenciária de Utah entre 1985 e 1992, conheceu Gardner durante seus anos de prisão e afirma que não esteve surpreso pelo seu pedido.
"Ele era um homem particularmente violento. Ele era mantido separado dos outros prisioneiros. Ele era o tipo de pessoa que poderia machucar outros apenas por diversão e gostava de causar problemas", disse.
Velho Oeste
O caso da execução de Gardner atraiu grande atenção nacional e internacional, pois o método vinha sendo fortemente criticado. Muitos alegam que o pelotão de fuzilamento é uma herança dos tempos do Velho Oeste e deveria ser abolido.
De acordo com o Centro de Informações sobre Pena de Morte, a Suprema Corte dos Estados Unidos deu a Utah a permissão para o uso do pelotão de fuzilamento como método de execução em 1879.
"Este é, claramente, um regresso a um tempo mais antigo e as pessoas perguntam como nós ainda fazemos isto?", disse recentemente Richard Dieter, diretor-executivo do centro, ao canal americano CBS.
Mas, Gary DeLand afirma que não sabe por que a execução por pelotão de fuzilamento gera tanto interesse. "Uma execução é uma execução", disse. "Acho que é apenas curiosidade mórbida."
Familiares e amigos de Michael Burdell, o advogado morto por Gardner dentro de um tribunal, teriam dito que a execução simplesmente seria uma vitória da violência que o advogado tentava combater.
Historiadores, por outro lado, afirmam que o método de execução tem origem em uma doutrina do século 19, da religião mórmon, predominante no Estado americano de Utah. Atualmente a igreja não tem opinião sobre assunto.

Fonte: Terra

Uma foto n.º 5

Alguém quer comprar um carro novo? Esse é conpleto...
Foto: Wagner mello

Saramago

18/06/2010 - Morreu Saramago e o mundo fica um pouco mais oco. Do que sempre escutei falar, de pessoa que o conheceu, era um homem doce e educado, humilde e sem a real noção de sua fama. Minha mãe conta que durante um congresso em Portugal, ao tomarem café juntos, teria dito diante do batalhão de jornalistas que o esperava no saguão do hotel: "Mas qual a razão de quererem falar comigo? Não sabia que estava assim famoso", ele que se isolava na sua Lanzarote querida. Que fique em paz.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Copa

Não pretendo fazer nenhuma consideração sobre Copa do Mundo e futebol. Não pretendo mas posso mudar de idéia. O motivo é simples: não entendo e nem gosto de futebol, nunca joguei bem e sou torcedor eventual - bem eventual.
Mas como posso mudar de idéia, aqui vai uma breve consideração: jogo bom será entre a Coréia do Norte e Suiça, duas zebras da Copa, uma por ter "segurado" o Brasil e até ter feito gol, outra por estar ganhado da Espanha - grande aposta de todo o ano, grande fracasso logo em seguida.
Agora é esperar o próximo jogo da Seleção e torcer para que não joguem mais esse golfe da terça-feira.
E se continuar esse resultado podemos esperar Brasil x Espanha e Coreia do Norte x Suíça nas oitavas.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"Extorsão é nosso trabalho"

@vercarlosaugust O pagamento aos flanelinhas é um ato social de auxilio a esses trabalhadores mas o pagamento não pode ser obrigatório

@jbritoneto Desculpe @vercarlosaugust, mas pagar flanelinhas não tem nada de social. Eles são uma praga da sociedade. Só querem é ficar à tôa.

O “diálogo” se deu entre duas das pessoas que mais respeito no twitter. Uma é o vereador Carlos Augusto, do DEM, que sempre mostra atitude combativa às mazelas que assolam a capital paraense. Tal respeito também foi conseguido pela “cobertura” do primeiro episódio da cassação do prefeito Duciomar – tudo via twitter – e por sua constante interação com twitteiros, não importa se eleitores ou não. O outro é o José Brito Neto, jornalista paraense radicado em São Paulo e que faz notável trabalho de produção no programa Conexão Repórter do SBT. Ele é um dos responsáveis por matérias memoráveis sobre situações que geralmente estão bem distante dos telespectadores – pelo menos fisicamente.

Na ocasião eu retuitei o Brito Neto, a concordância de que pagar flanelinha não tem nada de social. E por aí terminaria minha singela participação neste “diálogo”, se não fosse a mente que não para de trabalhar e de remoer determinadas coisas.

Sim. Depois de tudo terminado considerei ainda ter algo a dizer:

Não existe a profissão de flanelinha e não existe um trabalho de guardador de carros. Isso é uma imposição feita por desocupados, simples forma de extorsão, obviamente feita de forma menos ou mais intensa dependendo de quem extorque. “Extorsão é o ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem, recompensa ou lucro”. É crime, CRIME, tipificado no artigo 158 do Código Penal brasileiro e que não pode ser visto de outra forma. Não há nenhuma espécie de função social no ato de extorquir, pelo que não há nenhuma espécie de função social no ato de solicitar grana, míseros trocados, pela vigília de um veículo parado na rua. Obviamente há o flanelinha que nada faz diante do não pagamento, assim como existe aquele que risca lataria e fura pneu, para não mencionar situações mais graves. Mas tanto um quanto o outro, o que nada faz e o que vira criminoso, ambos praticam a extorsão quando pedem dinheiro pela guarda do veículo, o dinheiro a ser pago pela simples utilização de espaço público para evitar algo pior. Não há função social alguma no ato de guardar carro. Há, isso sim, uma desfunção social de quem permite que flanelinhas existam e façam o que fazem, de quem não permite que estacionemos um carro na rua sem ter medo de tê-lo danificado, de quem maquia as coisas para que obter uma imagem mais branda do que é, na verdade, um crime. Não há brandura em guardar carro, pois que é extorsão, assim como não há brandura em quase todos os crimes. E muito cuidado com isso: começar com tais alegações de função social de atividades incorretas, justificá-las pela necessidade de quem as pratica, esse será o passo derradeiro para uma desordem urbana irreversível – se é que há volta do ponto em que estamos.

Já fomos “dominados” por vans e transporte alternativo, por camelôs e mototaxistas. Se permitirmos tal benesse aos flanelinhas, logo estaremos assistindo manifestação de ladrões pela Avenida Nazaré, faixas em punho, gritando: “Roubar é nosso trabalho”. Não esqueço da pichação vista por mim e por minha mãe em plena Perimetral – Roubar não é crime, é apenas uma profissão não reconhecida - o mesmo que me foi dito pelo ladrão quando do assaltou sofrido no dia 15 de maio de 2010 – desculpa qualquer coisa, esse é o nosso trabalho.

Guardar carro é extorsão e não pode haver qualquer espécie de maquiagem, disfarce ou brandura. Guardar carro e solicitar dinheiro por isso é crime, não tem qualquer espécie de função social. Função social, para mim, é ter o direito de parar meu carro em qualquer lugar sem ter que pagar por isso, um dono da rua que, diante do apossamento, não encontra nenhuma reação por parte do Estado. Eu quero ter o direito de exercer meu direito já existente. Não quero que arranjem um direito para quem está errado, para um criminoso. Quero poder parar meu carro onde quiser e que sumam os guardadores de carro – e se precisam se alimentar, que procurem outra forma não criminosa para resolver esse problema. Quem tem o dever de manter criminoso não sou eu. É o Estado - dentro de presídio!

Relatos amorosos do Dia dos Namorados

Vamos aos relatos:

“Ficamos em uma área externa que normalmente não é usada. Na verdade era uma grande tenda armada na calçada, bem ao lado da rua. Foi ruim pois estava muito calor e, por ser na beira do asfalto, estávamos muito próximos da vala e dos carros. O barulho das buzinas era incessante além das reclamações e movimentação das pessoas que aguardavam mesa. Da fila de espera nos olhavam com cara de raiva por conta da demora em finalizar o jantar. A comida estava abaixo da média e foi servida com pressa e de forma displicente. Demoramos quase 30 minutos para conseguir pedir bebidas e ficamos intranqüilos e inquietos, loucos para ir embora. Na hora de pedir a conta, 30 minutos; e mais 20 minutos para conseguir pagá-la. De lá passamos em um motel no centro da cidade mas, diante da fila, preferimos procurar algo mais tranqüilo em Ananindeua. Os motéis da Mário Covas estavam cheios e, alguns, com fila. Escolhemos um deles, do qual nunca tínhamos escutado falar, e entramos. O único quarto disponível era o mais simples e juro que perdemos o tesão diante da parede suja e do quarto acanhado. O banheiro era velho assim como tudo mais. A transa foi normal, morna, sem nenhuma espécie de romantismo que a data pedia. Acabamos a noite de cara fechada querendo voltar para casa e descansar.”

“Não fiz reservas em nenhum restaurante pois não sabia que as coisas estavam assim em Belém. Achei que bastava chegar cedo e conseguir uma mesa e um jantar decente. Infelizmente não foi assim. No primeiro restaurante que procuramos estava tudo lotado já por volta de 19h. Fomos ao segundo e, ao chegar, nos deparamos com uma fila de espera enorme. Éramos os 15º casal na espera e resolvemos procurar outro local. No terceiro restaurante, já por volta de 20h, nem conseguimos estacionar tal a quantidade de carros. Partimos para a quarta opção e, até escolhê-la, perdemos um tempão. Chegamos na porta do restaurante quase 21h já desesperados. Tudo em vão... Uma fila enorme de gente e carro nos amedrontou e cogitamos a possibilidade de ir direto para algum motel. Pediríamos lá nosso jantar. Mas nem preciso dizer que todos os casais na mesma situação tiveram a mesma idéia – em todos os motéis que procuramos as filas eram gigantescas. Preferimos nem ficar por ali, parados no meio da rua, com medo de assalto. Acabamos jantando por volta de 23h20min em um restaurante de segunda categoria perto da Doca, único lugar que encontramos mesa vaga. A comida não nos agradou e não demoramos nem uma hora no local. De lá resolvemos ir direto para nossas casas, minha namorada brigando por não ter me informado e feito reservas. Resolvemos terminar o dia dos namorados outra hora.”

Vocês conseguem ver o romantismo do Dia dos Namorados nos relatos acima? Nem eu. Obviamente os relatos não são reais, foram inventados. Mas aposto que não ficam distantes da realidade encontrada por diversos casais de Belém, em menor ou maior grau, na noite do dia 12 de junho, Dia dos Namorados. E não sou contra o romantismo. Não senhor. Tive um Dia dos Namorados perfeito, com almoço romântico e muito chamego.