quinta-feira, 3 de junho de 2010

Direto da Vila de Apeú

Dia 02 de junho de 2010 fiz importante descoberta: na Vila de Apeú, em Castanhal, algumas lojas e comércios não vendem sal na sexta-feira. Segundo me contou uma moradora, existe crença de que pegar em sal na sexta-feira é puxar coisa ruim para si, buscar má sorte com a qual não se deve brincar. Por isso muitas lojas nem vendem o condimento neste, o azar que bem pode significar um definitivo cerrar de portas – “O pior é quando você esquece disso e vai na vendinha comprar sal numa sexta-feira. O home diz que não tem, na maior cara de pau, e o sal tá lá, na prateleira”. Dito isso, não ri. E como poderia rir de algo que faz parte de minha história? Na casa enorme da antiga Avenida São Jerônimo, os ensinamentos da vovó Áldora iam pelo mesmo caminho de crendices e superstições: o copo cheio d’água, emborcado, servia para cessar a chuva; a vassoura atrás da porta afastava a visita indesejável que tardava a partir - o boneco de papel no refrigerador tinha a mesma função; pimenta nunca devia ser dada diretamente não mão de quem pedia – resultava em briga braba entre os dois comensais; ate hoje, onde quer que esteja, volto para desvirar qualquer sapato. Sapato virado para baixo significava a desgraça máxima – a morte da mãe. Posso estar deitado, embrulhado, os olhos já pesados de sono: se vejo um sapato virado desfaço tudo, desembrulho, desdeito e desdurmo. Então, como podia rir da crendice da mulher simples que, carona dada, me contava sobre o sal? Perco o sono mas não perco a mãe.

3 comentários:

Fátima Viana Turenko disse...

como zero? eu fiz um comentário e postei direitinho.
Jamais saberás o que disse.
beijos
Fátima

Anônimo disse...

eu fazia um monte destas coisas com minha irmã. Todos fazem, né?

Tanto disse...

Fátima, não me culpe e puna pelos erros do blogger. Por favor, refaz o comentário, por favor.

Anônimo das 15:41 - todos fazem, não é? É normal, faz parte da infância. Sabe o que seria legal? Você fazer um relato das tuas crendices.