quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Mercado

Belém, 26 de outubro de 2009

A sensação era de me sentir estrangeiro em minha própria terra e isso era terrível. Tudo era piorado pois o sentimento vinha como fruto amargo do descaso, por se ter virado as costas ao que é belo e precioso.

Me sentia um estrangeiro andando por entre as barracas do mercado que acordava, ainda abrindo os olhos preguiçosos assim como eu também fazia, às seis da manhã de um sábado quente de outubro. O sentimento não era pior pois andavam ao meu lado as pessoas que deveriam andar, daquelas que te fazem fortaleza quando te olham e te fazem saber que tudo está bem.

Tudo que passava por mim era meu, tinha absoluta certeza! Mas sem conseguir lembrar da última vez em que estive ali, andava por entre barracas e paneiros de frutas fingindo não me surpreender com o que era belo. E não me segurava quando quem fotografava se maravilhava com as cores das pimentas e das frutas empilhadas, e sem qualquer forma de cerimônia me papagaiava em seu ombro e fingia me maravilhar somente com fotos e enquadramentos. A verdade é que pela lente da máquina eu me permiti ao deslumbre, disfarçadamente.

Depois, chegando no velho Mercado de Ferro, quis olhar os peixes e suas mil escamas coloridas. E quis comprar quilos e mais quilos de peixes e aprender a cozinhá-los, e olhar suas bocas e seus olhos e saber que peixes eram aqueles e de onde vinham. Se meus Carlos e Maria estivessem ali, certamente pegariam em tudo e achariam tudo bonito, e diriam isso aos feirantes e seus fregueses, e me pediria para comprar um pouco de cada coisa que lhes fizesse boqueabrir. Mas eles não estavam lá para servir de escape, o pai que se junta aos filhos curiosos e acaba se entregando também às descobertas. E o desejo acabou sendo detido entre os sonhos de que voltaríamos ali e faríamos muitas compras e coisas gostosas delas.

Só posso dizer o óbvio: cresci sem estar lá e hoje tudo me é estranho!

E do passeio de sábado restaram muitas coisas boas: o toque de pele que me inunda, o gosto do mingau e o cheiro das coisas todas e fotos, muitas fotos!





E por tão belas imagens, agradeço ao bom amigo Wagner Mello.

13 comentários:

Anônimo disse...

Show de bola, parabéns pelo otimo texto ( again).

Já postei no meu flickr, depois olha lá
www.flickr.com/photos/wmello/

Fingistes bem, cheguei a achar que ias todo fds fazer feira lá rs.

Próximo: MOSQUEIRO

W

Robson Almeida disse...

Só me emputeço de ter ficado de fora!
Mas tudo bem....!!! Na próxima parada do trio: Sr. Polaroid, Sr. Teclado de 102 teclas e Sra. Limão Galego...ego..ego; eu me incluirei, tenham certeza!
Acontece, porém, que estou cá pelas bandas de Bragança - A Pérola do Caeté, labutando, a convite de um bom amigo.
Bragança é aquela coisa pra se conhecer, antes de morrer. Seja pela cidade pacata, de gente bonita e inteligente; seja pela cultura, com a Marujada, com o Arraial do Pavulagem; seja pelos barzinhos aqui existentes, a Beira do Rio Caeté; seja pela natureza, com os mangues repletos de caranguejos protegidos por lei - que se matares um apenas por maldade, corres o risco de passar algum tempo olhando o sol de uma forma listrada - e com a praia de Ajuruteua, com seus 100 Km de praia, com suas palafitas metros acima da areia, pra evitar o alagamento com a alta da maré, com seu vento constante e veloz, com sua comida deliciosa; e, pra finalizar, seja por mim, Prostituto da Vida, com sua exulberante beleza e altivez, seu sorriso maravilhoso e sua conversa idiota, mas que prende!
Então, meu caro Fernadel. Como toda essa porra de lenga-lenga, o que quero te dizer é que tu não irás porra nenhuma em Mosqueiro, primeiro. Virás, sim, já no próximo final de semana, pra cá, pras beiras do Caeté, guardar na máquina do Sr. Polaroid, tudo isso que lhe "falei" agora.
Mosqueiro, perto de tudo isso aqui, fica em segunda plano, tenha certeza!
Abraços, meu caro amigo zarolho, meu caro amigo careca e minha cara amiga das pernas torneadas e que tiram sorriso dos feirantes lá "de baixo".
Prostituto da Vida... distante, mas feliz!

Tanto disse...

Caro Prostituto da Vida,

Entenda que não sou o capitão da embarcação. O capitão é quem tira as fotos, aquele que escolhe o melhor enquadramento e vai andando, sem rumo, perseguindo a imagem perfeita. Nós somente seguimos e cuidamos para que não tombe nos percalços do caminho!

Mosqueiro era a opção preferida para o próximo passeio fotográfico pela facilidade e proximidade. Mas nada impede que escolhamos Bragança, agora que recebemos tão gentil e afetuoso convite.

Mas bem, a escolha cabe sempre ao fotógrafo, e se ele disser que prefere sua cidade, será ela nosso próximo destino.

Só quero uma cama segura, ou pelo menos a indicação de bom hotel (por bom hotel, entenda barato).

No mais, saudades mil de ti, muitas mesmo. Se teu filho estiver por Bragança, avisa, que levo Maria!

Robson Almeida disse...

Caro Sr. Fernadel,
Como bem sabes, o Sr. Polaroid não tem querer, quer dizer, pode até ter querer, mas quem manda nele somos nós, concordas?
Acontece que já penetrei nele a idéia, e ele aceitou bem a penetreção!
Diria, até, que já tornou essa penetração a prioridade na próxima embarcada.
Estou aqui lhe convidando gentilmente, porque o nosso amigo me pediu que lhe falasse, pois, ao contrário do que falas - e isso mostra que há uma certa falta de diálogo e ciência de quem manda realmente no barco -, ele diz que és tu, ohhhhhhh meu caro amigo, que comanda a nau.
De qualquer forma, indiferente à briga profissional de quem melhor se qualifica à comandar o "casco", convido realmente a trupe à vir à Bragança, no próximo final de semana. Hotel existe, legaiszinhos e baratos, nem esquenta. O roteiro já está mais do que matutado aqui no meu cocoruto, também não esquenta!
Só resta esquentar a muringa pra saber quem pagará o tanque de gasolina, já que são apenas 200 km, ou seja, 2 horas de viagem, em boa cadência, daí, pra cá...
Inté e aguardo a resposta pra já providenciar a reserva.
Prostituto da Vida, distante... mas feliz!

Tanto disse...

Questão não respondida: teu filho estará presente?

No mais, se Lua topr, estamos com um pé em Bragança!

Robson Almeida disse...

Olha só, deixa eu te falar...

O Mateus, provavelmente não irá querer ir, entendestes?

Ele já tá com quatorze anos, maior que eu, namorando a miss do colégio, já com as tais amizades dele e irá me dizer, tenho certeza, que não curte esses programas de velho... Aquela mesma coisa que nós usamos contra nossos pais quando estávamos na adolescência... hahahahahahahahahaha.

Mas irei convidar sim, meu caro amigo, pode deixar.

Agora, o careca já te falou que está tudo certo para os dias 21 e 22, agora, de novembro.

Eu já estarei, na segunda-feira, procurando um bom hotel e bem barato pra que todos fiquem bem agasalhados.

Por conhecer um pouco a região, fiz, também, um roteiro bem maneiro pra todos nós, que começará pelos campos de Traquateua, passará pela Pousada da Vitória, entrará pela ótima noite Bragantina e findará com a ida à Praia de Ajuruteua.

O que achastes?

Beijos nos dois

Anônimo disse...

O Prost quer q levemos a sua amada ( samantha? Sharlene? Savanah? só sei q parece nome de filme ...bem, aqueles...gente fina esse menina)quando formos..... sobra portanto mais uma vaga.

Já q o filho dele não estará, ele me falou no MSN, vais levar Marie?. Convide uma das primas "M"

Depois do dia 20 para mim estaria bom.

W

Luana Castro disse...

kkkkkkkkk Robson, muito obrigada pelas pernas torneadas kkkkkkkkkkkk.

Bom, eu topo ir para Bragança sim. Tenho maior vontade de conhecer. Aliás, uma das minhas tristezas é não conhecer muitas cidades do Pará. Muito feio isso!

Beijos.

Robson Almeida disse...

Fale Luana C., tudo lindo com vacuncê?

Olha só... o lance das pernas foi obra do fofoqueiro Wagner, que não sabe guardar um segredo e já me contou que o vendedor de limão ficou vesgo, coisa e tal´s... hahahahahaha

Mas olha, nem esquenta com isso de não conhecer cidades daqui do Pará. Isso é normal, considerando a imensidão geográfica e a dificuldade de locomoção até as tais cidades!

Quanto a Bragança, eu já conhecia e agora estou à mercê de vir morar aqui. Só que aqui é tudo belo e eu gosto. Mesmo porque a minha já adiantada idade, não me permite mais participar de furdunços pesados, tais quais os que faziam parte de minha mocidade... Não é, careca?

Já estou acertando os pontos finais da viagem de vocês pra cá e o Careca Anão vai repassando tudo, ok?

Tanto, beijão pra tu, carar de tatu

Inté

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkk

essa figura não muda. q bom

Mas a histório dos filhos adolescente x programas de "velho" ( fala por ti rapa ) foi de lascar...afff

Ok então... vamos conversando, quero por demais ir. E vamos, course. De cidades próximas a Bel conheço: Ananindeua e Mosqueiro, serve? Ah, passei um reveillon em Salinas , Robson tava junto kkkkkk ( mais ou menos )

W

... disse...

ao ler vc escrever assim, senti vontade de acordar cedo e levar a maitê pra passear no ver-o-peso!
vamos combinar um dia com os filhotes???

maravilhoso texto.
parabéns primo!

Tanto disse...

Então acordemos cedo, dia desses qualquer, e levemos os pequenos, todos, ao mercado. Muitas fotos! Vai ser muito bom!

Anônimo disse...

Visito há pouco tempo este blog e tenho me deliciado com os textos.

Este, sobre o Ver-o-Peso, em especial. Adoro o mercado e esta descrição me faz querer voltar várias e várias vzes. Infelizmente, estou morando por uns meses fora.

Enfim, acho bacana a parte sobre os teus filhos e sobre as pessoas que deveriam estar...realmente existem pessoas q so com o olhar nos dao força.

parabe'ns pelo texto e para o nosso ver-o-peso!