quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Reserva necessária

Belém, 16 dezembro de 2009.

Na loja em que Maria procura seus presentes esbarro em pedaço do meu passado quieto há muito. Demoro a reconhecer o rosto e o sorriso à minha frente, o nome que esqueci em algum canto pouco freqüentado da memória, a voz dos conselhos e brincadeiras que é familiar mas não escuto a um faz anos.

É estranho ver que o tempo tritura minhas coisas tal qual rolo compressor que tudo esmaga, o esfarelar das lembranças sem nem pedir perdão, as pessoas que foram do viver cotidiano agora perdidas, os amigos casados e com filhos, quem moram longe mas vem em breves visitas.

Não lembro quando larguei essas mãos, mas sei que tenho a lembrança em algum canto, intacta, preservada como reserva necessária do que vivi.

3 comentários:

Anônimo disse...

É meu amigo...o tempo.

Já passei por experiências assim.

Já me descobri em situações de reencontros ( pessoas ou lugares )que me surpreenderam muito por conta da enxurrada de emoções do passado que, como vc diz no seu texto, estava preservada em algum canto da mente. Prensadas para dar lugar as que vivemos hoje.. que provavelmente no futuro serão como estas...

Mas tudo ficam lá, devidamente guardadas, esperando um resgate, mesmo que passageiro, um dia.

W

Luana Castro disse...

E com quem isso não acontece, não é mesmo? É muito triste quando percebemos o esquecimento de pessoas ou coisas que eram (ou muitas vezes são e só nos damos conta quando acontece) importantes na nossa vida!

Os acontecimentos que antes eram vivos, hoje não passam de lembranças quase esquecidas... Os detalhes já se foram há tempos!

Anônimo disse...

muito trsite o teu texto, mas é verdade as coisas são assim mesmo.