quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Confintea, por João Olegário Palácios

A história foi contada pelo João Olegário Palácios e mostra bem o que serám essa Confintea. Pedi para ele escrever que eu colocaria aqui no Domisteco. Assim, segue o texto do João:
Estava eu no aeroporto de Guarulhos/SP, retornando de um show histórico: AC/DC, banda de rock australiano das antigas, que não vinha ao Brasil desde 1996. Para aqueles que não a conhecem, foi a banda que se apresentou antes do Queen no inesquecível Rock in Rio de 1985. Mas deixemos o show de lado, pois, além de inenarrável a apresentação, este registro tenta seguir a linha do “Domisteco”, que penso tratar sobretudo dos momentos ímpares acontecidos nas entrelinhas do cotidiano. Dirigi-me ao portão 1, descendo as escadas. Assim que cheguei, deparei-me com vários africanos, de terno e gravata ou de batas típicas da África, multicoloridas. Falavam francês, inglês e dialetos incompreensíveis. Assim que passei pelos africanos, observei a presença de dois indianos de turbantes e bigodes espessos. Em seguida, passa um muçulmano todo vestido de branco, com um corão na mão. Mais tarde, chegam europeus, coreanos, mais africanos. Todos aguardando no portão 1, voo 3587, com destino a Belém, Pará. Subitamente, o sistema de som do aeroporto anuncia: “clientes do voo 3587, o embarque passará a ser realizado no portão 7”. Subo as escadas e sou seguido pela centena de gringos, alguns confusos. No portão 7, um africano francófono tenta perguntar a uma brasileira se aquele era o portão 7. Logo ele se tranquiliza, pois começa o embarque. Naquele momento, já estava muito desconfiado: será que estou mesmo embarcando para Belém? Normalmente, o voo vem um pouco vazio, apenas com paraenses e paulistas...
Embarco, sento em minha poltrona e o comissário me pergunta, igualmente desconfiado: “o senhor fala português?” Com a resposta positiva, esclarecem-me que somente pessoas que falam português podem sentar-se nas saídas de emergência (é norma da companhia). Logo após, o africano que estava na saídas de emergência se revolta, mas consigo lhe explicar da situação e ele se acalma. Senta-se naquela que era minha poltrona, ao lado de uma brasileira que também falava francês, e conversam. Ao meu lado, já na saída de emergência, um paulistano igualmente surpreso com a babel que se tornara o voo 3587, e tudo que desejávamos era saber qual a razão de tanto multiculturalismo. Percebo um senhor mandando um recado para sua mulher pelo celular, em espanhol. Puxo conversa em castelhano:


- Com licença, senhor. Este voo está muito estranho. Normalmente só há brasileiros. Por que há tantos estrangeiros? Há algum evento em Belém?
- Sim. Haverá uma conferência internacional de educação voltada para adultos em Belém, chamada CONFINTEA, que é a realizada pela UNESCO. Sou professor e vou participar.

Pelo sotaque, percebo que é argentino. Ele pergunta se sou de São Paulo, e respondo que sou de Belém. Começa o interrogatório: que fazer na cidade? Quais os pratos típicos, frutas? E a música? A Cerpinha é boa mesmo ou é só fama? Impressionante como é difícil lembrar das boas coisas da terra quando se quer falar bem dela para um gringo...

Fica o registro: de 01.12.2009 a 04.12.2009 será realizada a
CONFINTEA, conferência internacional de educação de adultos, no Hangar. Também haverá um grande encerramento no complexo Feliz Lusitânia na sexta-feira, com vários shows. Quem quiser saber mais sobre o evento acessa o link abaixo. Boa oportunidade para testar o seu inglês, o seu francês, o seu espanhol, o seu coreano, o seu malaio, o seu híndi, o seu oshiwambo, o seu tsonga...

Mais informações, aqui!

Um comentário:

Luana Castro disse...

Legal o texto... Agora já sei o que significa CONFINTEA! Eu também não iria acreditar que era o meu voo se estivesse no lugar do João!

Mas ainda não vi nenhum gringo pela cidade!!

Beijos.