terça-feira, 12 de abril de 2011

Sinceridade

Dentre todas as entrevistas ou relatos referentes ao ocorrido em Realengo, o do estudante Carlos Matheus Vilhena de Souza, de 13 anos, me chocou especialmente por razões diversas. Após ser atingido com dois tiros no braço, Carlos foi ao chão e permaneceu quieto, se fingindo de morto, como forma de escapar à desgraça que se abatia aos outros colegas. A entrevista ao Estado de São Paulo seguia seu curso 'normal', como outras, até que o menino nos dá uma demonstração incomum de sinceridade e realismo:

Estadão: Em qual sala você estava?
Carlos: Na sala da professora Patrícia. Ela se mandou na hora e deixou a gente sozinho.
Estadão: Você está chateado com a professora?
Carlos: Não. Foi uma reação normal. Ela saiu correndo. Se tivesse ficado, talvez também fosse atingida. É assim mesmo. Eu teria feito a mesma coisa. Não adianta ficar chateado.
Estadão: Você entendeu o que aconteceu?
Carlos: Nem tentei. Não tem nenhuma explicação.

A vocês as conclusões.

2 comentários:

Luana Leide disse...

O fato de esse post não ter recebido nenhum comentário só pode dizer uma coisa: ninguém quer entender.

Unknown disse...

Se existem Herois nesse mundo são eles, crianças simples, de familias humildes, que passaram por um enorme trauma, e tentam seguir a vida em diante. Realmente nao ha o que entender, quando escuto meu sobrinho contar os detalhes desse filme de terror ( sim, filme de terror), me lembro dos momentos de desespero, de familias que na dor mais profunda que um pai ou uma mae pode sentir, tentavam consolar uns aos outros.
Não ha o que entender...
Nao ha entendimento na dor
Nao ha entendimento no sofrimento
so ha dor...
a dor dos que perderam seus mais preciosos bens
a dor dos que acompanharam essas crianças mesmo sem conhece-las e chorar junto com seus pais
Nao ha o que entender na cabeça de uma pessoa que causa tanto sofrimento
Não ha o que entender na solidariedade que vemos entre os que sofrem essa dor...
apenas sentimos
dor pelos que se foram...
alivio aos que sobreviveram...
e esperança de que superem todo esse trauma.