terça-feira, 26 de abril de 2011

Sinfonia na TransBrasiliana

Comecei me assustando com um ônibus moderníssimo, bem diferente dos veículos que geralmente fazem a rota Belém-Garrafão do Norte. Mas a felicidade pela viagem aparentemente mais confortável logo desapareceu quando várias telas se abriram do teto e, tal qual um avião, descobri que o ônibus novo estava equipado com um completo sistema de entretenimento. Levando em consideração o gosto musical quase massificado de motoristas e cobradores, certamente aquilo se revelaria uma desgraça, o que não demorei a comprovar.
A primeira obra audiovisual foi de um grupo chamado Limão com Mel, a gravação ao vivo do primeiro DVD deles: eram músicas que nunca ouvi, cantadas por pessoas que não sei quem são, tudo isso num local enorme, tal qual um estádio de futebol. Apesar do meu completo desconhecimento, parece que o grupo faz um sucesso danado. O ônibus inteiro começou a cantar músicas sobre amor, traição, paixão e Deus - e o cobrador, esperto, aproveitou para "manicar" uma menina novinha, com cara de colegial.
Depois colocaram um DVD do Belo, pedido exaltado da senhora que estava bem atrás de mim. O Belo eu já conheço (acho que todos conhecem), se não pela qualidade musical, pelas notícias das páginas policiais. De qualquer forma, surge novamente uma dúvida eterna - qual a razão de se chamar Belo um homem daqueles?
Por fim, como se não fosse o bastante após quase quatro horas na estrada, me arranjaram um DVD do Bonde do Forro. Nem vou fazer comentários sobre essa banda, misto de forro com sertanejo, uma das coisas mais toscas que já vi ou ouvi. Mas, novamente, o problema parecia ser só meu - todos conheciam as músicas e chamavam os cantores pelo nome, tal qual bons amigos. Realmente, aho que preciso me inteirar das coisas...
Já quase chegando em Garrafão, por sorte (Sangue de Jesus tem poder!!!), o aparelho de DVD travou e nada o fez funcionar novamente. A desgraça geral da nação TransBrasliana ficou estampada em lamentos e gemidos de dor, reclamações mil pelo fim da programação "maravilhosa". Mas o cobrador, sempre ele, logo descobriu uma solução: um dos vários CDs piratas que havia acabado de comprar. Juro que, nesta hora, gelei!!
O que poderia sair dali? Que outra pérola da Música Popular Brasileira poderia surgir daquele "case" preto? Para meu espanto, ele escolheu justaente um Cd do Ritchie, algo humanamente aceitável diante das escolhas anteriores. O problema foi ter repetido umas 10 vezes Transas, de modo que "quando se quer mais, gente diz 'bye-bye'" não sairá da minha cabeça pelas próximas horas.
Amanhã, na volta, colho outras observações para dividir com vocês. E me desejem sorte.

3 comentários:

Anônimo disse...

As histórias das viagens... coisas boas de ler!

Yúdice Andrade disse...

Desejo que tenhas a sorte de viajar num ônibus velho, da próxima vez, meu amigo.

Maick Costa disse...

Agora deves preferir os ônibus velhos, hein? Se ao menos eles vierem com um repertório melhor...