Em recente decisão, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará determinou que o cirurgião plástico Alexandre Calandrini (e dois integrantes de sua equipe – Arlen Jones Cardoso Tavares e Simone Valéria Bentes Chaves) irá enfrentar o Tribunal do Júri pela morte de Roberta Pires Teixeira de Miranda, 25 anos, em 2006.
Particularmente - e essa é MINHA opinião, não custa ser redundante - sou contra cirurgia estética por razões bem simples: tenho verdadeiro pavor de quase todos os procedimento médicos, desde a simples picada da injeção! O que dizer do procedimento cirúrgico que envolve anestesia, um mundarel de médicos e enfermeiras?
Por essa razão, medo, não optaria por este tipo de cirurgia e nem daria opinião favorável. Acho que cirurgia, qualquer que seja, é coisa bem séria e deve ser feita somente por motivos extremamente necessários.
Obviamente há a cirurgia plástica com motivo reparador, cirurgia que muitas vezes serve para curar ou amenizar traumas ou feridas que insistem em encarar. Há também aqueles procedimentos estéticos que, mesmo não "necessários", podem trazer enormes benefícios no que se refere à estima das pessoas, um lado psicológico que não pode ser ignorado. Mas cada caso é um caso, e ninguém melhor do que o médico para fazer tal julgamento.
Sobre tal assunto, encontrei um texto muitíssimo bom no Blog de Plástico, de Carlos André Meyer, médico, que fala com propriedade e franqueza sobre o assunto:
“Existe um ditado no meio médico que diz: ‘só tem complicações quem opera’. Fazendo uma analogia com o velho esporte bretão, é a versão médica do ‘só perde pênalti quem bate’. Ato cirúrgico e complicações são indissociáveis. Não há cirurgia, por mais simples que seja, com risco zero de complicação. Dentre as complicações possíveis, a mais temida, obviamente, é a morte. Infelizmente vivemos em uma época em que a Cirurgia Plástica é banalizada, sendo apresentada ao público, por médicos inescrupulosos, como simples procedimentos cosméticos. Isso faz com que pacientes desconheçam ou menosprezem os riscos envolvidos em uma Cirurgia Plástica. Não há Cirurgia Plástica sem risco. Naturalmente, os riscos são menores do que em outras áreas cirúrgicas da medicina, uma vez que os pacientes são saudáveis e, em sua maioria, jovens. Um trabalho da American Society of Plastic Surgeons estudou 400.000 Cirurgias Plásticas realizadas nos E.U.A no ano de 2004. Em 0,34% dos casos ocorreram complicações sérias e em 0,0019% óbito (1 a cada 51.549 cirurgias). O intuito deste post não é amedrontar ninguém, muito pelo contrário, afinal vivo das cirurgias que faço. Porém, todo paciente tem que ter a consciência que Cirurgia Plástica é coisa séria. Envolve riscos, por menores que sejam. Desta forma, a segurança nunca deve ser negligenciada. Por isso que não tenho medo de parecer um disco arranhado ao ficar repetindo a exaustão que se você deseja submeter-se a uma Cirurgia Plástica consulte-se com um Cirurgião Plástico, certifique-se que ele é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e exija que a cirurgia seja realizada em um centro cirúrgico de uma clínica ou hospital que ofereçam todas as condições necessárias para que o procedimento seja realizado com o máximo de segurança.”
Cada qual é livre para fazer o que bem entende - e isso não é ofensa. Não me submeteria a um procedimento cirúrgico e pediria aos meus que não fizessem. Mas se for necessário, ou se for grande a vontade de corrigir aquele defeito que tanto incomoda, sigam as dicas do Dr. Carlos Meyer, converse abertamente com seu médico e se cerque de todos os cuidados possíveis.
E lembre-se: o bom cirurgião plástico não é aquele que faz tudo o que desejado pelo paciente, sem questionamentos ou alertas. O bom cirurgião é aquele que opera os desejos do paciente, mas também tem coragem de dizer "não" quando necessário!
6 comentários:
P.s.: esse texto não é, e nem pretende, fazer qualquer espécie de crítica ao médico Alexandre Calandrine ou sua equipe (não o conheço, mas pelo que escuto é médico considerado competente e responsável). O fato de terem decidido julgá-lo na vara do Tribunal do Juri chamou minha atenção, pelo que resolvi escrever breves comentários sobre cirurgia plástica, tudo com base em minhas opiniões.
Roberta Miranda era uma jovem que sofria de obesidade morbida. Não só a vaidade, mas a saude, a fizeram recorrer a uma cirurgia bariatrica, a tal redução do estomago. Como isso, perdeu peso e sobrou peles flácidas. Dificilmente um paciente bariatrico não precisa de uma cirurgia plástica, que nem é considerada estetica e sim reparadora.
Ao procurar um renomado cirurgião, fez tudo que o medico, a quem ela depositou confiança, solicitou. Todos os exames de pré operatório a liberavam pra a cirurgia com uma condição: CORRIGIR A ANEMIA(tipica de quem faz uma cirurgia de estomago).
Alexandre Calandrini foi negligente, a fez acreditar que com bolsas de sangue ela faria a cirurgia sem problemas. E ela, mulher, portanto vaidosa, acreditou no medico que ela escolheu. Medico que estudou pra tal.
Na cirurgia ela sofreu paradas cardiacas e mesmo assim o procedimento foi continuado, e negligente, a equipe médica colocou uma bolsa de sangue ERRADA na paciente.
A abandonaram num hospital sem UTI(nem desfribilador tinha) disponivel, roubaram documentos que comprovariam a neglicengia deles.
Calandrini não foi um bom medico. Não disse não quando viu que a anemia dela estava alta, contra indicando qualquer procedimento cirurgico, pelo contrario, a fez acreditar que ela possivel. Ele era o médico, e ele não disse não!
Juri popular a erros médicos!
é tipo cabelereiro. Tem que ser PROFISSIONAL e honesto. Eu achei um assim. Digo "quero parecer selvagem" e ele corta. "quero ficar loira" e ele me chama de doida e se recusa, porque diz "só se tu quiseres que o teu cabelo fique fuá".
A gente precisa de um cirurgião que diga "vou fazer o teu nariz porque você temproblema de auto-estima mas não vou por mil ml de silicone pois você ficará com uma cifose grave".
Concordo.
Já juntei dinheiro pra fazer Lipo. E acabei gastando tudo em massagem. Também morro de medo de cirurgias, e nunca me exporia ao risco de uma ELETIVA estando bem de saúde.
Este é mais um ponto em que concordamos, Tanto. Mais um dos milhões outros Tantos ;-)
Bocó
Eu sofri a bariátrica. E virei magra. E minha vida mudou.
Para pior.
Fernando, só uma correção de ordem técnica: a decisão do TJE não foi no sentido de que os médicos sejam submetidos ao tribunal do júri, até porque o processo era apenas um conflito negativo de competência. Portanto, a decisão se limitou a resolver que os autos do inquérito deveriam ser distribuídos à vara do tribunal do júri. Só isso. Se o MP vai denunciar por homicídio doloso, é outra história. Vai, com certeza, porque é o MP. Mas precisamos lembrar que os réus podem ser impronunciados.
Enfim, júri popular para esses médicos, por enquanto, é apenas especulação e desejo. Não é uma realidade. Ao menos por enquanto.
Tanto, acho que nunca faria uma cirurgia estética. Estou satisfeito com quase tudo no meu corpo e minhas insatisfações não incomodam minha vida feliz com ele. Mas não posso deixar de reconhecer que muitas pessoas sofrem com certas peculiaridades de seus corpos, gerando baixa estima, sentimento de inferioridade etc. Certas ou erradas, sofredoras em razão do culto a um padrão estético só alcançável pelo Photoshop? Pode ser. Mas conheço alguns casos em que implantes de silicone nas mamas e cirurgias no nariz trouxeram resultados muito positivos na felicidade, auto-estima e saúde de mulheres e homens. Por isso, não faria cirurgia estética alguma, mas compreendo o poder positivo que o bom uso delas pode fazer para algumas pessoas.
Abrações,
Vlad.
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