Maria estava ansiosa para conhecer a cidade. Oficialmente é minha quinta vez em Paris - sem contar os quase dois anos em que morei na França quando adolescente, período repleto de visitas nos finais de semana (o que em tese resultaria em incontáveis vezes). Isso significa que já tenho uma ânsia controlada pela cidade, um amor calmo e terno que me permite ir direto ao ponto e me livra, decerta forma, da empolgação. Com Maria é diferente: além de primeira vez na Europa (e ainda em Paris), é também a primeira vez dela no frio absurdo que faz aqui. Ela já passou pelo frio em São Paulo e no Rio, mas aqui é diferente... bem diferente. Então reforçamos as roupas e fomos encarar o zero grau que o termômetro insistia em marcar, amedrontador, nada disso capaz de demovê-la da empolgação. E com nove anos e uma breve carreira de estudante de inglês, minha menina parece um cidadã do mundo: fala um bom inglês comigo - que já começo a me constranger com alguns esquecimentos e falhas - pergunta sobre tudo e se diverte com os inúmeros cães que andam soltos e livres de seus donos. Aviso logo que os franceses são chatos com seus cachorros e alerto que só faça carinho em um se pedir antes ao proprietário. No fim, depois de uma bela pizza de quatro queijos - inclusive o brie, que ela adora - minha Maria acaba apaixonada, pelo longo e molhado Boulevard que começa na Bastilha, além da paixão pelas histórias que contos e pelas luzes e pelas árvores e pelas lojas e pelos sons e pelo frio... A noite acaba com café com leite (sempre) e chocolate quente no Café Clube, um bar-café mais do que decente que fica bem pertinho, com wi-fi grátis e o maravilhoso serviço do Alfredo, um senhor francês, destes aducados e elegantes, com que treinei meu enferrujado francês.
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