Para os paraenses, inverno significa chuva. E com esse mundo de água que tomba, os insetos conhecidos como carapanãs se reproduzem de forma alucinada e o número de nascimento chega a medições astronômicas.
É justamente esse ciclo - muita chuva - carapanãs - reprodução e nascimento - mais carapanãs - a face mais cruel do inverno paraenses. Segundo dados recentes do IBGE, cerca de 5.000 mil carapanãs são engolidos por dia, de forma involuntária, neste período que vai de dezembro até março (não foram computados dados referentes à preferência alimentar dos entrevistados). Nos outros meses, com menos chuvas, o número de engolimentos involuntários não passa de 500, em um claro sinal de que a chuva é fator predominante.
Os relatos de acidentes envolvendo bocas desavisadas e os infelizes mosquitos são tenebrosos e fortes. Dona Maria, 62 anos, moradora do Guamá, nos conta do dia em que quase morreu vitimada por um carapanã em sua goela:
- Eu estava assistindo Ti Ti Ti com meu neto mais novo, o Raj (ele nasceu na época daquela novela), quando resolvi bocejar e senti o bichinho se remexendo na minha boca. Ainda tentei cuspir, mas era tarde... Só deu tempo de sentir o carapanã descendo rumo ao estômago e passar mal. Pensei que ia ter dengue ou malária, fiz até exame de Aids, mas felizmente não tive nada. Nós todos ficamos muito traumatizados depois desse fato, tanto que meu neto Barruan (um pouco mais velho que o Raj) tem medo de abrir a boca até para falar. Espero que esse medo passe um dia...
Outro vitimado é o advogado Fernando Gurjão Sampaio, 32 anos, que nos faz seu relato:
- Eu estava na Fox Vídeo da Dr. Moraes batendo papo com um amigo, quando percebi que havia engolido um carapanã. Eu estava bem no meio de uma frase, falando sobre o Xanax, esse novo remédio para pânico e ansiedade, quando o bicho resolveu se matar em mergulho fatal rumo ao meu estômago. Imediatamente eu comecei a tossir, e só posso dizer que é estranho, muito estranho... Você sente as patinhas roçando na goela, aquele pedacinho de coisa nojenta tocar na sua garganta e descer... Praticamente vê sua vida passar diante dos olhos em um segundo. Se não fosse meu bom amigo ali, para me aparar e arranjar um copo de água, acho que não teria conseguido sair desta.
Apesar do drama para os paraenses, dados do DIEESE indicam que o engolimento involuntário de carapanãs movimenta a economia local e provoca o aumento na venda de bebidas em geral. Segundo Seu Joaquim, português, 58 anos, presidente da Associação de Padarias, Quitandas e Vendinhas de Bairro de Belém, a ASPAQUIVENBAIBEL, são frequentes os pedidos desesperados de água ou refrigerante usando o engolimento involuntário como desculpa:
- Oh Pá. Isso é um facto facilmente constactável. Basta que fiques a passar uns poucos minutos à beira do balcão, na bicha, para veres que não falo inverdades!
Nenhuma fonte da Prefeitura de Belém ou do Governo do Estado se manifestou sobre o grave assunto, mas é certo que poucos são os que ainda ousam abrir a boca, em longos bocejos, diante de tão perigoso inimigo.
2 comentários:
Égua tava precisando mesmo rir, obrigada! Mas é podre mesmo engolir um carapanã, ainda mais se for daqueles porrudos!
O Fernando Gurjão Sampaio engoliu um carapanã? O.o transmita meu sentimentos a ele! ahuahauhau belo texto! bjoss
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