Quem foi esse inocente, mal nascido e logo falecido, que de tão rápida passagem nem recebeu nome? A família festejou e lamentou, tudo junto, sentimentos distantes e tão próximos encerrados em triste jazigo no Cemitério de Santa Izabel. Hoje há a pedra fria perdida no mar de tumbas, oceano de mármore branco a perder de vista. E antes? Talvez a espera dos pais, ansiosos por mais um filho que viria; ou os irmãos planejando brincadeiras mil com aquele que seria seu brinquedo. Por fim, tudo ficou resumido no enterrar, quem sabe em pequeno caixão branco, final de tarde chuvosa de Belém. Restou a todos a saudade de quem nem conheciam, certamente amado e esperado, a vida que seguiu e manteve seu rumo. Os pais podem ainda estar vivos pois não faz muito tempo. Os irmãos devem ter tido seus filhos e se lembram dele, o inocente inominado, quando indagados sobre quantos eles foram.
Os cemitério são verdadeiros livros a céu aberto, a vida e os costumes das sociedades expostos da forma mais crua e dolorosa. Mas também pode haver beleza reservada àqueles que buscam conhecimento - basta saber olha...
A foto é do Wagner Mello e foi tirada no dia 05 de julho de 2010, no cemitério de Santa Izabel, Belém.
2 comentários:
Uma lápide sem nome, que coisa triste.
Realmente é triste. Não ter vivido para passar por tudo da vida, para ter tido um nome seu e seus apelidos.
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