Eu e o Wagner Mello flagramos e fotografamos a ocupação por volta de 17 horas. Pudemos contar quase oito pessoas que usavam as sepulturas como cama - sem contar a capela principal, linda, que era usada como centro recreativo e outras coisas mais. Infelizmente a capela se torna inacessível, assim como o cemitério inteiro, os elementos que aterrorizam qualquer um que ouse andar por aquelas paragens sem a devida segurança. Pena de quem não pode ver as obras de arte ali expostas, museu a céu aberto. Mas pena mesmo sinto de quem teve um dos seus ali enterrados, imensa miséria de não poder visitá-los na última morada.
p.s.: Não posso negar que nós dois, ao descer do carro e perceber a estranha movimentação, ficamos com medo e receosos, o Wagner com a sua câmera nas mãos a servir de perfeita isca aos bandidos, os dois prontos para correr a qualquer risco. Mas nada aconteceu e as fotos sempre valem o risco.
4 comentários:
Minha opinião é que façamos pelos nossos, o que tiver que ser feito, quando eles estiverem em vida.
Mas entendo perfeitamente que, quando eles 'nos deixam', existe uma necessidade (talvez )simbolica de os colocarmos em um lugar belo, limpo e DIGNO de todo amor que sentimeos por eles.
Fiquei triste de ver essa cena da foto. Agora imagina como os familiares dos mortos desses tumulos não se sentem ao passar por lá e verem isso. Revoltante!
Que pena...
W
Tenho um projeto antiquíssimo de fotografar o Santa Izabel, que nunca executo justamente porque só me sentiria seguro se fosse em grupo. Pena que eu não soube desse programa de vocês, se não teria ido junto. Se forem repetir, avisem. Há uma estátua lá que preciso registrar.
Destaco, ainda, que a cultura brasileira confere extremo valor ao cadáver e seus despojos, bem como ao lugar onde se encontram recolhidos. Por mais que queiramos ser condescendentes com pessoas reduzidas à indigência, precisamos considerar, também, o sentimento de desrespeito que pode advir dessa ocupação.
No mais, um vivo buscar abrigo num cemitério já não é, por si só, um péssimo indício de como está nossa sociedade?
W, eu percebi toda a tua tensão no local. Tanto é que quase nem olhei para o cemitério, só fiquei de olho ao redor enquanto fotografavas - pronto para correr.
Yúdice, na verdade o nosso programa não foi planejado: procurávamos um túmulo e queríamos tirar fotos de vários outros lugares dentro do cemitério. Porém, descobrimos que é necessária uma autorização, e vou pedi-la hoje. Se quiseres ir, acho que vamos na próxima semana.
Te aviso.
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