sábado, 13 de abril de 2013

Confissões de um Ateu Budista

"Sei de poucas coisas com absoluta certeza. sei que nasci, que existo e que vou morrer. Pela maior parte, posso confiar na interpretação que meu cérebro dá às impressões chegadas até ele por intermédio dos senidos: isto é uma rosa, aquilo é um carro, ela é minha esposa. Não ponho em dúvida a realidade dos pensamentos, emoções e impulsos que me ocorrem em resposta a essas coisas. Sei que, se há fumaça na chaminé, há um fogo que a produziu. E guardo na memória uma miscelânea de fatos e números: Borobodur localiza-se em Java; a água ferve a cem graus centígrados (no nível do mar). No entanto, afora essas percepções, intuições, inferências e informações primárias, minha visão das coisas que realmente importam - significado, verdade, felicidade, bondade, beleza - são uma trama muito sutil de crenças e opiniões. Essa visão me permite encarar os problemas do cotidiano, mas não resistiria ao escrutínio de alguém que não a adotasse. Dependendo do quão crucial ela seja para minha integridade e credibilidade, estou pronto a defendê-la com mais vigor e paixão do que a qualquer outra. Vou ao sabor da vida, flutuando numa maré de crenças derivativas vigentes em minha cultura."

in Confissões de um Ateu Budista, Stephen Batchelor.

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