São três as meninas bonitas no barco, morenas que podiam representar qualquer lenda amazônica que envolva mulheres bonitas.
Morenas de cabelos longos e negros, lisos, e no rosto a certeza do local onde
nasceram, herança genética que nunca poderão esconder.
São três as meninas bonitas no barco que não
viajam sozinhas: duas são acompanhadas por um estranho tio, figura que bem poderia representar qualquer estereotipo do submundo humano; a outra é seguida de perto
por uma tia-cão-de-guarda, senhora gorda e sebosa que fuma um cigarro atrás do
outro.
São três as meninas bonitas no barco que seguem
caladas, mas com os rostos cheios de esperança, sempre sentadas de forma obediente
ao lados dos seu tutores que bebem muito e fumam muito.
São duas as histórias que contam, tão repletas de
felicidades que dificilmente se pode acreditar.
É somente um o destino: o Suriname.
Duas vão visitar a mãe, enquanto a outra pretende
reencontrar um namorado. Quando se pede mais informações surge a explicação do
tempo passado que tudo apaga da memória, desculpa perfeita dos que querem
calar: a mãe se mudou quando elas tinha 12, 11 anos, então nada se lembram. O
namorado já esta fora desde 2010, então nem sabe como será o reencontro. A
vagueza das respostas, impregnadas de receio, é observada com discreta aprovação pelo
tio e tia que só faltam balançar a cabeça diante do que parece ser o bem
mandado.
São três as meninas bonitas no barco, todas muito
novas em seus 18 19 anos, meninas já em corpo de mulher que fazem virar cabeças
e despertam olhares cheios de inveja.
São três as meninas bonitas no barco que vão tirar
passaporte em Santarém. Depois de breve escala em Belém, partirão para uma vida
nova em Suriname, e me lembro dos rostos cheios de esperança, o Suriname
afamado por verter juventudes e vidas de mulheres jovens, quase sempre
brasileiras, local de muito garimpo e, por consequência, de muitos homens
solitários que desejam sempre mais e mais mulheres bonitas e jovens, igual às
três meninas bonitas e jovens que seguem
neste meu barco.
As sombras no Tapajós escondem muitas coisas que o Tapajós prefere não ver... |
Que sejam felizes! Que tenham sorte!
E que o mundo não seja demasiadamente cruel com
seus sonhos e esperanças.
Um comentário:
Hello. And Bye.
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